Maranhão presidente. Por Josué Machado
MARANHÃO PRESIDENTE
por Josué Machado
Eis a grande piada pronta: pode ser que o inverossímil deputado Waldir Maranhão venha a assumir a presidência da República se …
Já se cogitou disto aqui, mas o tema é fascinante.
Na sombria hipótese de Miguel Temer, coração cansado, sucumbir de repente aos esforços excessivos no lar e no trabalho e recolher-se ao Paraíso, o memorável deputado Waldir Maranhão (PP-MA) assumirá o posto de presidente deste país sortudo.
É o primeiro na linha sucessória.
Tudo hipotético e remoto, mas Maranhão na presidência da República é o que prevê a lei na falta imediata de Temer, ainda que por dias, até que se eleja o novo e admirável presidente da Câmara, agora que o cataclísmico Cunha caminha para a Cucuia (*).
Pela hipótese algo sinistra de ver Maranhão na presidência, vale lembrar mais algumas das histórias que circulam no Congresso, na França e na Bahia sobre esse improvável cidadão que teve o sigilo bancário quebrado pelo STF.
Ele é um dos graciosos espécimes do Centrão da Câmara – aquele emaranhado amorfo composto por deputados inexpressivos saídos dos recantos mais sombrios da política nacional, sempre manipulados por raposões como o Cunha, que comandam o pedaço desde que Sarney cá aportou com as caravelas cabralinas.
MATEMÁTICA SEGURA
Maranhão ajuda o filho Thiago, então pequeno, na lição de aritmética. (Hoje Thiago é médico; trabalha em São Paulo, mas recebia como “funcionário fantasma” do Tribunal de Contas do Estado do Maranhão.)
Maranhão diz então ao filhote:
— Veja aqui, filho, fiz a soma cinco vezes para não ter dúvidas.
— Obrigado, papi, então está tudo conferido?
— Claro, filhote. Aqui estão os cinco resultados diferentes.
PONTUALIDADE
Maranhão ainda não aprendeu a ver as horas no celular e pergunta ao deputado Tiririca, com que cruza num corredor da Câmara:
— Tiri, ocê sabe que horas são?
— Sei — responde Tiririca sem olhar o relógio ou o celular.
— Obrigado, Tiri.
— De nada, Waldir.
E continuam andando em direções opostas.
SEGURANÇA A TODA PROVA
Ao sair de uma reunião social com um grupo de amigos em São Luís, no Edifício Marli Sarney da Rua Roseana Sarney do bairro José Sarney, Maranhão percebe que seu carro havia desaparecido. Madrugada alta, chama a polícia.
— Seu guarda, não encontro meu carro que estava aqui.
— Parece que foi roubado – diz o policial.
— Impossível! Eu tenho seguro contra roubo!
BATRÁQUIOS
Maranhão ajuda seu filho, então com nove anos, a pesquisar nos estudos de história natural.
— Papi, preciso dar um exemplo de batráquio.
Como estudou zoologia no curso de veterinária, Maranhão pensa um pouco e diz:
— Sapo.
— Beleza, papi. Pode me dar outro exemplo?
Maranhão pensa, pensa, pensa, pensa, pensa, pensa, pensa, pensa, pensa e diz, triunfante:
— Sapa!
AS ESTATÍSTICAS NÃO MENTEM
Em São Luiz, um repórter de São Paulo entrevista Waldir Maranhão, então reitor da Universidade Estadual. Ele quer alguns dados sobre saneamento e saúde no Estado de propriedade da família Sarney e pergunta:
— Dr. Maranhão, qual passou a ser o índice de mortalidade infantil no Estado?
A resposta de Maranhão:
— O mesmo de antes: uma morte por criança!
PROBLEMA SÉRIO
Em ensolarada tarde de quarta-feira em Brasília, Maranhão leva a mulher ao shopping porque aquele pessoal da Câmara fala demais. E um dia de folga não faz mal a ninguém. Ela vê um belo conjunto na vitrina de roupa feminina, mas, quando quer entrar, Waldir a detém:
— Melhor não, mô!
— Por que não, Waldinho?
— Olhe a placa: “Fala-se inglês”. E a gente não fala inglês.
ANALFABETISMO
O cachorro de Maranhão desapareceu. Como se tratava de bicho muito querido, Maranhão lamentou demais, e vivia se lamentando com Cunha, que naquele tempo ainda podia frequentar a Câmara.
—Por que você não põe anúncio num jornal? – pergunta Cunha.
— Não adianta. O Bob é muito inteligente e até conversa comigo, mas não sabe ler.
MILAGRE
Maranhão não gosta de contar, mas há três anos passou por uma cirurgia no cérebro feita por um especialista eminente. (Ainda se nota a cicatriz.)
Assim que acorda, Maranhão pergunta ao médico:
— Doutor, quando me recuperar será que posso tocar violão?
— Claro que sim.
— Ah, que bom! Porque antes da cirurgia eu não sabia tocar!
NERO EM SÃO LUÍS