Melancólica despedida. Coluna Mário Marinho
Melancólica despedida
Coluna Mário Marinho
O povo argentino não se encanta muito com o futebol de Messi.
Para eles, ídolo e gênio foi o Maradona.
Chegam até à heresia de dizer que Maradona foi melhor que Pelé.
Mas, é provável que até mesmo os argentinos tenham ficado tocados pela tristeza que o Messi mostrou após perder mais um título na final. Mais uma vez a Copa América é do Chile.
Com a conquista, a ‘Roja’ entra no seleto grupo de bicampeãs da competição, já que, até hoje, apenas Uruguai, Argentina e Brasil conseguiram títulos seguidos.
A vitória chilena tem todos os méritos possíveis.
Após o jogo, batido e abatido, Messi deu entrevistas dizendo que não jogará mais pela Seleção. Lamentou os últimos títulos perdidos em finais. Foram quatro finais: Copa América 2007, 2015, 2016 e mais a Copa do Mundo de 2014 perdida para a Alemanha no Maracanã.
A Seleção argentina está há 23 anos sem conquistar um título expressivo com seu futebol profissional.
Não há dúvida quanto à qualidade do futebol do Messi. É um craque. Mas, não é melhor que Maradona.
No meu modo de ver, se fosse uma competição de Fórmula 1, Pelé seria o vencedor; Maradona chegaria em segundo lugar com duas voltas e menos; Messi o terceiro, com mais duas voltas.
Maradona também não teve uma despedida em grande estilo. Foi caindo pelas tabelas, se envolvendo com drogas e, de repente, acabou.
Pelé cumpriu o que sempre prometeu: parou numa boa.
Veja a decisão de pênaltis da Copa América com entusiasmada narração argentina.
PRESTENÇÃO
Vamos conferir se Você está mesmo ligado em regras de futebol. No vídeo abaixo, o juiz marca pênalti. Um jogador ajeita a bola.
O juiz autoriza. O pênalti é cobrado, a bola entra, mas o juiz manda repetir. Por quê?
Veja a resposta no fim da coluna.
Mais um jogaço
na Eurocopa
Itália e Espanha fizeram um belo jogo nesta tarde de segunda-feira, no Estade de France, na cidade de Saint Denis, nas cercanias de Paris. Com todos os méritos a Itália venceu, 2 a 0, mostrando a força de seu futebol.
A Espanha mostrou o seu futebol de toque de bola, mas sem objetividade, sem muita animação, sem muita inspiração. Toquinhos de lado e mais toquinhos. A Seleção tenta jogar como o Barcelona, mas sem a inspiração e sem a qualidade do time de Neymar, Messi e Suárez.
Ao terminar o primeiro tempo, a Espanha tinha mais tempo de posse de bola e perdia por 1 a 0. Ao terminar o segundo tempo, a Espanha continuava com mais pose de bola e perdeu por 2 a 0.
Mas foi um jogo bem disputado.
No primeiro tempo, o goleiro espanhol, De Gea, fez defesas espetaculares. No segundo tempo, foi a vez de Buffon mostrar sua plena forma e colocar lenha na fogueira das dicussões: qual o melhor goleiro: Zoff ou Buffon?
Prestenção na resposta.
Veja de novo o lance:
Ele aconteceu em outubro de 1987, jogo entre o Eintracht Frankfurt e o Colônia, pelo campeonato alemão. O pênalti, a favor dos visitantes, foi marcado aos oito minutos.
Pierre Littbarski, um dos grandes e históricos atacantes do futebol alemão, ajeitou a bola, se colocou para cobrar. Mas quem correu para chutar a bola foi o capitão do time Stefan Engels, que converteu.
Mas o juiz mandou voltar porque a regra do pênalti, Regra 14, manda que o cobrador seja devidamente identificado. No caso do vídeo acima, Littbarski e Engels tentaram confundir o goleiro. Como a bola entrou, o juiz agiu certo e mandou que o pênalti fosse cobrado novamente. Se a bola tivesse saído, o juiz não mandaria voltar a cobrança para não beneficiar o infrator.
Na nova cobrança, Engels correu para a bola e chutou para fora. Quis dar uma de esperto e se ferrou.
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Mario Marinho – É jornalista. Especializado em jornalismo esportivo foi durante muitos anos Editor de Esportes do Jornal da Tarde. Entre outros locais, Marinho trabalhou também no Estadão, em revistas da Editora Abril, nas rádios e TVs Gazeta e Record, na TV Bandeirantes, na TV Cultura, nas rádios 9 de Julho, Atual e Capital. Foi duas vezes presidente da Aceesp (Associação dos Cronistas Esportivos do Estado de São Paulo). Também é escritor. Tem publicados Velórios Inusitados e O Padre e a Partilha, além de participação em livros do setor esportivo
Este tombo do Messi é outro lance que ninguém vai esquecer — inclusive por causa da postura dele, mais que de joelhos. E no fundo, aí é que fica a baleza da bola, né? Quem manda mesmo é o Sr. Imprevisto.