O lado alegre. Por Josué Machado

O LADO ALEGRE

Por Josué Machado

A avaliação de professor de ética sobre abusos cometidos por padres levanta uma dúvida cruel

Está em exibição por aí, agora na TV, o filme “Spotlight—Segredos Revelados”, ganhador do Oscar de melhor filme de 2016. Falar dele talvez apague por um pouco a lembrança do desfile de escândalos políticos que fazem mal à saúde. Nossa e do país.

Ele retrata os bastidores da cobertura de um grupo de jornalistas do “The Boston Globe” sobre como a igreja acobertou durante anos centenas de crimes de padres pedófilos na região de Boston.

Um caso crítico de abusos e, no entanto, apenas uma amostra do que ocorre na igreja em todo o mundo desde sempre, como mostra o filme, e a História comprova.

O papa Francisco, entretanto, parece ter tido a coragem de enfrentar o problema para tentar corrigi-lo. Ou, pelo menos, minorá-lo.

Considerando a disposição do papa de acabar com a tolerância da igreja a abusadores, um professor de ética e filosofia referiu-se em artigo “ao lado triste dos abusos”.

“Lado triste” pressupõe um LADO ALEGRE. Qual será o lado alegre em casos como esses? O prazer dos incontinentes e pedófilos, talvez?

De todo modo, o caso e a investigação são bem anteriores a Francisco, como mostra o filme. E o cardeal Bernard Law, arcebispo de Boston de 1984 a 2002, renunciou ao cargo pela acusação de indiferença diante dos abusos criminosos e reincidentes – de que tinha conhecimento — apontados na investigação.

… Dizem, mas não provam, que José de Alencar, provocado sobre se o pai, com tantos filhos, havia por isso e para isso abandonado a batina, tirado a batina, respondia que não. E, com legítimo humor cearense, à moda de Chico Anísio, explicava…

Foi “punido” pelo então papa João Paulo II, com o cargo de arcipreste da Igreja de Santa Maria Maggiore, em Roma, sem a perda de suas prerrogativas de cardeal. Quer dizer, caiu gloriosamente para o alto, graças ao bom Deus.

Sobre padres no desvio, alegrias e prazeres, uma curiosidade doméstica: o autor romântico cearense José de Alencar (1829-1877)  foi um dos oito filhos – sim, um dos oito filhos — do padre e senador José Martiniano Pereira de Alencar (1794-1860), pelo jeito um alegre reincidente.

O romancista José de Alencar terá sido o verdadeiro lado alegre – e extremamente produtivo — das estripulias sexuais do papai exuberante, embora de batina.

Dizem, mas não provam, que José de Alencar, provocado sobre se o pai, com tantos filhos, havia por isso e para isso abandonado a batina, tirado a batina, respondia que não. E, com legítimo humor cearense, à moda de Chico Anísio, explicava que papai apenas levantava a batina às vezes. Apenas quando necessário.

E como foi necessário…

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JOSUE 2Josué Rodrigues Silva Machado, jornalista, autor de “Manual da Falta de Estilo”, Best Seller, SP, 1995; e “Língua sem Vergonha”, Civilização Brasileira, RJ, 2011, livros de avaliação crítica e análise bem-humorada de textos torturados de jornais, revistas, TV, rádio e publicidade.

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