Saindo pela porta da frente. Coluna Mário Marinho
Saindo pela porta da frente
Coluna Mário Marinho
Assim como o homem é um animal político, o torcedor do futebol é um bicho volúvel.
Se o técnico de seu time consegue meia dúzia de vitórias, é elevado aos céus. Mas conhecerá o inferno em apenas duas derrotas logo à frente.
O seu ídolo em campo, a quem ele já carregou e que lhe deu muitos títulos passa a ser inimigo ao trocar de time por melhores condições profissionais.
Essa bipolaridade constrói a grande paixão chamada futebol.
Lembro-me que, em 1968, o Corinthians contratou Aymoré Moreira que chegou ao Parque São Jorge sob imenso foguetório e muita festa. Fazia 14 anos que o Corinthians não conseguia o título de campeão paulista. Aymoré era a esperança.
Sábio, o técnico sacou a frase:
“Chego muito feliz, mas não trago no bolso nenhum milagre”.
Vinte jogos depois estava demitido.
O exemplo serve também para jogadores aplaudidos, reverenciados e depois xingados, vaiados ameaçados ou até mesmo agredidos fisicamente.
Daí, o que aconteceu com Tite neste domingo sai totalmente fora do roteiro usual.
A empatia do técnico gaúcho com os torcedores do Timão não tem precedente.
Tite não foi campeão de tudo. Teve até o vexame de ver seu time eliminado da Libertadores pelo obscuro porém inesquecível Tolima.
Mas deu a volta por cima.
Dirigiu o Corinthians de 2010 a 2013 e de 2015 até agora, junho de 2016. Foram 325 jogos, número que lhe coloca em segundo lugar de técnico que mais dirigiu o Corinthians, perdendo só para Oswaldo Brandão.
Foi campeão brasileiro (2011, 2015); Libertadores (2012); Mundial de Clubes da Fifa (2012); Recopa Sul-Americana (2013); Campeonato Paulista (2013).
Chegou a ser apelidado de Empatite graças a uma série que parecia interminável de empates. Mas, continuou merecendo a confiança do torcedor.
Tudo isso explica as cenas de emoção de torcedores e do Tite em sua despedida neste domingo na vitória corintiana, 3 a 1, sobre o Botafogo carioca.
Eis os melhores momentos do jogo:
https://youtu.be/4vfajdOalhE
Belo jogo
no Mané Garrincha
Volta e meia ouço exaltações sem fim à Euro Copa que está sendo disputada na França. E também aos inúmeros jogos de campeonatos europeus que as televisões nos trazem quase todos os dias.
Isso, sim, que é futebol. Não essas peladas que vemos aqui no Brasil! Exclamam torcedores maravilhados com o que vem de fora.
Na verdade, existem, sim, jogos espetaculares não só nos campeonato nacionais, como jogos da Champions League e agora da Euro Copa.
Mas Flamengo e São Paulo fizeram um jogo que até merecia um palco europeu.
Foi jogo de muita emoção; ataques que se revezaram de um lado e de outro; goleiros fazendo defesas difíceis; poucas faltas e nenhuma cena de violência – dentro ou fora do campo.
Nos últimos minutos, o São Paulo sofreu para manter o empate em 2 a 2. O Flamengo foi todo ataque e até teve um pênalti a seu favor desperdiçado por Alan Patrick que, apesar do erro, fez uma boa partida.
Se o São Paulo não resistisse à pressão do Mengão, o culpado estava ali, na cara de todos: o atacante argentino Caleri, autor dos dois gols do Tricolor, que foi expulso infantilmente ao receber dois cartões amarelos.
O Flamengo soube explorar o fato de ter um jogador a mais e quase chegou à vitória.
É difícil entender cabeça de jogador.
Veja os melhores momentos:
https://youtu.be/uCWuHrm8C3Y
O Rei,
Sempre Rei.
Ostentando o bom humor de sempre e uma visível dificuldade em se locomover, Pelé recebeu a comenda da Ordem Olímpica do Comitê Olímpico Internacional na semana passada.
Na época em que nos encantou com seu futebol, jogadores profissionais não podiam participar da Olimpíada. Por isso, Pelé nunca teve a chance de disputar Jogos Olímpicos. Por isso, também, quem sabe?, o Brasil nunca ganhou uma medalha de ouro no futebol olímpico.
Homenagem das mais justas ao Rei.
Por falar em Rei, no último dia 15 completaram-se 41 anos que Pelé fez sua estreia no Cosmos dos Estados Unidos.
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Mario Marinho – É jornalista. Especializado em jornalismo esportivo foi durante muitos anos Editor de Esportes do Jornal da Tarde. Entre outros locais, Marinho trabalhou também no Estadão, em revistas da Editora Abril, nas rádios e TVs Gazeta e Record, na TV Bandeirantes, na TV Cultura, nas rádios 9 de Julho, Atual e Capital. Foi duas vezes presidente da Aceesp (Associação dos Cronistas Esportivos do Estado de São Paulo). Também é escritor. Tem publicados Velórios Inusitados e O Padre e a Partilha, além de participação em livros do setor esportivo
Marinho,
nunca, como agora, estive tão cético no que diz respeito à seleção brasileira, mas até acompanhei alguns noticiários da imprensa sudestina acerca da nomeação do técnico Tite.
Os comentaristas da SportTV (ou ESPN? – não sei ao certo) debateram há pouco a posição que ele havia tomado contra a supostamente corruta (ou corrupta) direção da CBF – isso há cerca de seis meses – e a compararam com a aceitação que fez do convite para ser treinador da seleção no lugar de Dunga.
Não houve veredito (ou veredicto), mas eu, cidadão e torcedor – fiquei incrível (na forma em que manuseava a língua uma senhora que nos ajudava aqui em casa) com mais essa.
Você acha que só Deus salva?
Perdoe qualquer heresia…
Um abraço.
Toinho Portela