O espantoso lucro dos bancos. Por Edmilson Siqueira
… Se desses prováveis 48 bilhões de reais de lucro dos dois bancos somados, fossem retirados dois terços e usados para empréstimos a pequenas empresas ou mesmo a empreendedores individuais, a taxas europeias, o Brasil teria mais 32 bilhões de reais investidos em desenvolvimentos vários que trariam, com certeza, grandes lucros a todos…
Nada contra uma empresa ter lucro, muito pelo contrário: sem lucro não há economia que avance, não há país que se sustente, não há regime democrático que perdure. Sem lucro não há progresso. A ausência de lucro é comportamento próprio de ditaduras de esquerda, que desprezam a economia e usam-na apenas como forma de manutenção do poder, mantendo a grande maioria da população num estado entre a miséria e a pobreza. Ou de empresas estatais, geralmente inúteis, que servem mais a propósitos políticos, como cabides de empregos e outros propósitos nada republicanos.
Essa pequena introdução é pra dizer que me espantou saber que os dois maiores bancos privados do Brasil tiveram lucros extraordinários em plena pandemia, enquanto a economia brasileira se arrasta em números negativos e carrega cerca de 13 milhões de desempregados.
Pois assim mesmo Bradesco e Itaú apresentaram números recordes no primeiro trimestre deste ano. O primeiro teve aumento de 74% em relação ao mesmo período do ano passado. E se alguém pensar que a base para esse número foi pequena provocando percentual tão alto, está enganado. O lucro foi de espantosos 6,51 bilhões de reais, o que significa que, nos três primeiros meses do ano passado, o lucro já chegou perto de 4 bilhões de reais, o que também é espantoso.
Já o Itaú foi mais “modesto”, lucrando “apenas” 63,6% a mais que no primeiro trimestre de 2020, alcançando nada menos que 6,3 bilhões de reais de lucro em três meses de 2021.
Apresentar lucros desses tamanhos que, projetados para o ano podem significar nada menos que cerca de 24 bilhões de reais cada um, o que será o dobro do faturamento total da Rede Globo, um dos maiores conglomerados de comunicação do mundo, é vergonhoso para um país como o Brasil, cujo governo precisou distribuir muito dinheiro público à população para que não houvesse mortes por falta de alimentação que seriam somadas às já trágicas mortes pela pandemia. Essa distribuição com o consequente endividamento vai comprometer o desenvolvimento mais ainda, o que é horrível para um país cujos últimos governos têm-se se pautado mais pela manutenção do poder do que pelo bem estar geral do povo.
A eficiência do modelo bancário é notória, obviamente. Mas se você olhar para as taxas cobradas tanto nos empréstimos pessoais, no cheque especial ou no cartão de crédito, começa a entender a razão de tão estratosféricos lucros. Sem contar as misérias que pagam aos investidores que aplicam seu rico dinheirinho numa das dezenas de opções de aplicação que são oferecidas aos clientes. Só para exemplificar: comprei um título de capitalização do Bradesco por mil reais. O resgate era no prazo de 24 meses. Durante esse tempo eu concorri a sorteios. Não ganhei nada. Fui resgatar depois de dois anos e recebi exatos mil e seis reais. Em dois anos, mil reais renderam 6 reais. Ou 0,3% ao ano…
… Ao cobrar taxas tão exorbitantes, vedando a grande parte da população o acesso a financiamentos, os bancos brasileiros se tornam cúmplices da manutenção de um status quo que privilegia poucos e mantém milhões numa situação precária financeiramente. Não contribuem, como poderiam, para o desenvolvimento do país e, muito menos do povo brasileiro.
As taxas cobradas nos vários tipos de empréstimos não têm paralelo no mundo civilizado. Enquanto empréstimos em países europeus são taxados com apenas um dígito ao ano, por aqui é normal que qualquer atraso ou parcelamento de dívida de cartão de crédito, seja contemplado com taxas de 3 dígitos, muitas vezes passando de 200% ao ano.
Na história recente do mundo, muitos países cresceram e se tornaram grandes potências com inestimável auxílio dos agentes financeiros. O financiamento do desenvolvimento de um país capitalista passa necessariamente pelos grandes bancos, bem como a sustentação ou promoção de pequenos sonhos têm abrigo nos bancos menores.
Ao cobrar taxas tão exorbitantes, vedando a grande parte da população o acesso a financiamentos, os bancos brasileiros se tornam cúmplices da manutenção de um status quo que privilegia poucos e mantém milhões numa situação precária financeiramente. Não contribuem, como poderiam, para o desenvolvimento do país e, muito menos do povo brasileiro.
E a desculpa de que pagam muitos impostos a governos gananciosos que não os devolvem em obras e benefícios sociais ao país como deveriam, não está errada, mas não justifica tamanho lucro.
Uma empresa que vive de emprestar dinheiro e cobrar juros do tomador, ao apresentar um lucro desse tamanho, não pode ter qualquer desculpa para cobrar os juros que cobra.
Se desses prováveis 48 bilhões de reais de lucro dos dois bancos somados, fossem retirados dois terços e usados para empréstimos a pequenas empresas ou mesmo a empreendedores individuais, a taxas europeias, o Brasil teria mais 32 bilhões de reais investidos em desenvolvimentos vários que trariam, com certeza, grandes lucros a todos. Inclusive aos bancos. Afinal, lucrar dois bilhões de reais a cada trimestre já seria quantia suficiente para orgulhar qualquer empresa e sua direção.
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Edmilson Siqueira– é jornalista
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São duas caixas pretíssimas que NENHUM jornalista investigativo tem culhão pra vasculhar: uma é o setor bancário e a outra é o sistema judiciário, de fio a pavio (dos cartórios ao supremo).
Eu fui dos primeiros a denunciar isso, aqui mesmo no Chumbo Gordo… Vejam meus artigos:
ABAIXO A DITADURA!… DOS BANCOS. POR ANTONIO SILVIO LEFÈVRE
https://www.chumbogordo.com.br/16156-abaixo-ditadura-dos-bancos-por-antonio-silvio-lefevre/
GOLPE BAIXO DOS CARTÕES DE CRÉDITO. POR ANTONIO SILVIO LEFÈVRE
https://www.chumbogordo.com.br/12732-golpe-baixo-dos-cartoes-de-credito-por/
MAIS DO QUE DESPETIZAR O PAÍS, É PRECISO DESBANCARIZAR! POR ANTONIO SILVIO LEFÈVRE
https://www.chumbogordo.com.br/22904-mais-do-que-despetizar-o-pais-e-preciso-desbancarizar-por-antonio-silvio-lefevre/
PARABÉNS Edmilson! PARABÉNS Antonio Silvio! Vocês são vozes isoladas mas esse coro há de se avolumar… Continuem a tocar nessa “chaga putrefata” de vez em quando até que o “rebanho” que paga a conta final comece a ver a luz e REAJA!
Obrigado aos dois!
Nos saudosos (ironia) tempos de Dilma Rousseff – que Deus a tenha! – o Banco do Brasil, SEM A MINHA AUTORIZAÇÃO, aplicou o saldo da minha CONTA CORRENTE em um fundo qualquer. Quanto percebi, fui ao banco imediatamente e desfiz a operação. Vou mostrar abaixo o resultado. Não se espantem com os números ínfimos, que apenas atestam meu estado de miséria absoluta (tanto intelectual quanto materialmente):
R$ 3.600,00 aplicados durante 03 dias renderam R$ 0,71. Desse último valor, R$ 0,02 foram para o “leão” (aquele). R$ 0,63 foram para o IOF. Para o dono do dinheiro (este imbecil que vos fala) foram R$ 0,06.
E ainda fiquei um bom tempo com medo de ficar na “malha fina” do IR por não ter declarado esse valor. Não fiquei! Mas nem por isso me considero um sujeito de sorte…