É isso aí: somos meros coadjuvantes. Coluna Mário Marinho
É isso aí: somos meros coadjuvantes
Coluna Mário Marinho
Está certo: o gol foi com a mão. Vergonhosamente com a mão e validado por um juiz incompetente, vacilante e medroso.
Mas o que determinou a eliminação do Brasil não foi esse gol: foi o péssimo futebol que estamos apresentando desde os fatídicos 7 a 1 para a Alemanha na Copa de 2014.
Aquele era o momento de uma profunda pensata sobre o futuro do nosso futebol.
Mas o que fez a CBF?
Mandou nosso futebol ao passado derrotado ao entregá-lo a um Dunga que já havia fracassado na Copa de 2010.
Ser técnico da Seleção Brasileira é ocupar um dos postos mais altos do Brasil, de maior visibilidade, de maior exigência.
Obviamente, deveria ser ocupado por pessoa de mérito, de larga folha de serviços prestados e não a quem jamais havia sido um técnico de futebol.
Cometeu-se um erro em 2010 e um crime de lesa pátria em 2014.
Os resultados vieram rápidos: perdemos a Copa América de 2015. E a explicação de Dunga aos repórteres reflete bem o espírito Dunga de viver. Disse ele aos repórteres:
– Vocês nunca deram importância à Copa América. Agora estão cobrando o quê?
O futebol brasileiro tem hoje apenas um craque: Neymar. Mas não é preciso de um Neymar para se classificar num grupo da Copa América tendo pela frente Equador, Peru e Haiti e com a possibilidade de se classificarem duas seleções.
A verdade é que nesses dois anos o técnico Dunga não conseguiu formar um time.
Repito: temos apenas um craque. Mas temos bons jogadores. Uma defesa razoável, um meio campo bem razoável e atacantes como Gabigol, Philipe Coutinho e até William, desde que lhe tirem a cola que tem no pé a segurar indefinidamente a bola.
É verdade que ontem Dunga até escalou um time razoável. Fez um bom primeiro tempo, mas faltaram chutes a gol.
Lamentavelmente, Philipe Coutinho que vinha sendo o grande destaque da Seleção sumiu em campo. Lucas Limas, de excelente futebol no Santos, simplesmente desapareceu. Gabigol correu de um lado para outro, apresentou-se como opção mas a bola não chegava até ele.
… Não atribuo à Copa América um peso que ela não tem. Mas ser eliminado dessa competição, dessa forma, é vergonhoso.
É bem possível que se esse time já tivesse sido treinado a história seria outra. Talvez não tivéssemos ficado no ridículo 0 a 0 contra o Equador.
Não se pode, porém, colocar toda a culpa nas costas do técnico. Só uns 85-90%.
Nossos jogadores parecem estar sempre numa zona de conforto da qual não abrem mão. Não parecem sentir uma derrota mesmo que seja vexatória.
Não atribuo à Copa América um peso que ela não tem. Mas ser eliminado dessa competição, dessa forma, é vergonhoso.
Mas, quanto aos jogadores que agora voltam para suas mansões europeias eu não os eximo de culpa, mas volto à carga contra o técnico.
Um bom comandante tem que saber tirar o melhor proveito possível de seus soldados, mesmo que eles não sejam gênios.
Se o comandante não consegue fazer isso, não é um bom comandante.
E seu exército estará sempre fadado às derrotas.
Veja o gol de mão.
https://youtu.be/zoecRIB3GEQ
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Mario Marinho – É jornalista. Especializado em jornalismo esportivo foi durante muitos anos Editor de Esportes do Jornal da Tarde. Entre outros locais, Marinho trabalhou também no Estadão, em revistas da Editora Abril, nas rádios e TVs Gazeta e Record, na TV Bandeirantes, na TV Cultura, nas rádios 9 de Julho, Atual e Capital. Foi duas vezes presidente da Aceesp (Associação dos Cronistas Esportivos do Estado de São Paulo). Também é escritor. Tem publicados Velórios Inusitados e O Padre e a Partilha, além de participação em livros do setor esportivo
MMarinho. Só técnco competente não ganha jogo e um bom plantel sem orientação técnica competente também não. Há de existir sintonia e vontade de competir entre as partes. Apenas ser mais um, aparecer na mídia sem nada desembolsar, não leva a absolutamente nada. Paulo Machado de Carvalho disse que a escolha, em primeiro lugar, tem que se de HOMENS. E foi assim que ganhamos nossos primeiros títulos mundiais. Depois, ainda aproveitando o respaldo, ganhamos outros, com menos brilho. Passamos a exportar jogadores adquiridos a preço de ouro e salários aviltantes para o nosso padrão. A identidade com as nossas cores foram sendo perdidas e a garotada de hoje não sabe escalar o nosso time, se é que o temos. Cada dia é uma. Soma-se tudo ísso e o resultado não podia ser outro. Ao invéz de exportarmos o “nosso” futebol, temos procurado imitar os acertos dos outros.
Perdemos o bonde da história.
Rescaldo, e não respaldo.