Nem sempre a pressa é inimiga da perfeição. Por Maria Helena RR de Sousa
Nem sempre a pressa é inimiga da perfeição
Por Maria Helena RR de Sousa
…Ela só começou a perder parte do apoio da Imprensa por ser uma pessoa estranhíssima: mal-humorada, dura, antipática e cheia de não me toques. Mas foi o desenrolar da campanha eleitoral que fez com que ela perdesse o apoio popular que Lula lhe deixou de herança…
Artigo publicado originalmente no Blog de Ricardo Noblat, 3 de junho de 2016
Como escrevo para este Blog há quase 11 anos, imagino que alguns leitores já me conheçam e saibam o quanto sou apaixonada pela Imprensa. Um dia sem ler o jornal é impensável. Ler pelo menos um jornal e ler todo o Blog do Noblat, inclusive o Twitter do Blog, são, para mim, a melhor maneira de começar o dia.
Mas ando meio aborrecida com a nossa Imprensa. Explico: nossos jornalistas trataram Lula a pão de ló durante seus dois mandatos, com muita paciência e aceitando, de bom grado, as explicações furadíssimas que ele dava para as trapalhadas que pouco a pouco começavam a aparecer por conta do processo do Mensalão.
O mesmo fizeram no primeiro mandato de dona Dilma. Ela só começou a perder parte do apoio da Imprensa por ser uma pessoa estranhíssima: mal-humorada, dura, antipática e cheia de não me toques. Mas foi o desenrolar da campanha eleitoral que fez com que ela perdesse o apoio popular que Lula lhe deixou de herança. Herança que ela desbaratou e que resultou na perda da simpatia de parte da Imprensa.
… Chegam a criticar seu português impecável, saudosos, com certeza, do dilmês que tanto mal fez aos nossos ouvidos. Mas dão espaço à presidente afastada, que é tão sem noção que sentindo a ausência do “presidenta”, disse o seguinte: “Acredito que a terminação ‘a’ tem grande importância para a primeira mulher presidenta da República…
Pensando nesse passado recente, fico intrigada com a impaciência da Imprensa com o governo de Michel Temer. Vamos ser justos? O vice-presidente montou seu ministério em condições adversas, tendo que correr contra o tempo. E como sabia que ia precisar do Congresso, foi ali que buscou a maioria de seus ministros. Ora, que culpa tem ele do Congresso ser um dos maiores celeiros da Lava-Jato?
Pois bem, não há um dia sem que se leia uma notinha, ou um artigo criticando Michel Temer. Por dá cá aquela palha, implicam com ele, como se fosse possível ao presidente interino pegar um país em estado crítico e em menos de um mês transformá-lo numa potência econômica! Muito já fez ele escolhendo uma equipe econômica ultra competente e para a Petrobras um presidente que merece o cargo.
Chegam a criticar seu português impecável, saudosos, com certeza, do dilmês que tanto mal fez aos nossos ouvidos. Mas dão espaço à presidente afastada, que é tão sem noção que sentindo a ausência do “presidenta”, disse o seguinte: “Acredito que a terminação ‘a’ tem grande importância para a primeira mulher presidenta da República. É lamentável que um governo sem voto e provisório tente apagar 54 milhões e meio de votos, retirando uma letra tão bonita, a primeira, do alfabeto. É sem noção!”. Ela sempre se esquece de dois detalhes: Temer dividiu os votos com ela; os votos que receberam já eram!
Repito aqui o presidente Michel Temer: pela enésima vez digo da minha admiração pela Operação Lava Jato, assim como pelo Ministério Público e pela nossa Polícia Federal. Devemos muito ao que estão fazendo pelo Brasil, sequer sabemos exatamente quanto, sabemos apenas que é muito.
Mas tenho dois pedidos a fazer: que a Operação Lava-Jato se apresse em nos revelar o máximo que puder para que o Brasil ande para o futuro e não retorne ao passado. Sobretudo que publiquem, para que nós brasileiros possamos ler, toda a novela do caso da compra da refinaria de Pasadena. Temos pressa em saber tudo que for apurado e temos pressa em ver que a impunidade perde sua força no Brasil.
O outro pedido é ao Governo Temer: vocês não acham que deveria haver uma regulamentação para os benefícios que a presidente afastada deve receber? Como, por exemplo, quantos assessores e funcionários ela pode ter no Alvorada; avião da FAB apenas para ir a Porto Alegre, uma vez por mês; um carro com motorista e segurança; equipe de enfermagem para sua mãe, uma senhora de 92 anos; e plano de saúde para a presidente e sua mãe como dependente. E pouquíssimo mais.
Nós somos um país rico que está muito pobre. Estamos apertando o cinto até o ponto em que nossa saúde ficará prejudicada. Não podemos sustentar os luxos da afastada. Isso, sim, seria sem noção!
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* Maria Helena Rubinato Rodrigues de Sousa* – Professora e tradutora. Vive no Rio de Janeiro. Escreve semanalmente para o Blog do Noblat desde agosto de 2005. Colabora para diversos sites e blogs com seus artigos sobre todos os temas e conhecimentos de Arte, Cultura e História. Ainda por cima é filha do grande Adoniran Barbosa.
https://www.facebook.com/mhrrs e @mariahrrdesousa
Maria Helena, é desse seu tipo de inteligência crítica que o nosso Brasil, e a imprensa, precisam. Obrigada e continue escrevendo como se não houvesse amanhã………..Beijão. Fernanda.
agradeço em nome de nossa querida colunista! Beijo< Marli Gonçalves