Os pequenos também chegam. Coluna Mário Marinho
Os pequenos também chegam
Não é comum time chamado pequeno chegar à decisão de campeonatos.
Este ano de 2016 teremos no futebol paulista uma final entre Audax, de Osasco, e o poderoso Santos que um dia foi de Pelé.
As razões são óbvias: o time pequeno não consegue armar equipes poderosas, nem mesmo infraestruturas totalmente profissionais.
A grande maioria deles, quando entra numa competição, faz um planejamento para não ser rebaixado. É comum que o Departamento de Futebol se reúna com a Comissão Técnica e faça uma fria análise dos jogos que vão ganhar, dos que sabem que vão perder e onde podem beliscar alguns pontinhos extras.
Afastado o perigo do rebaixamento, o que vier é lucro.
Fiz o levantamento de alguns dos principais campeonatos estaduais brasileiros, tomando como ponto de partida o ano de 1930, quando o profissionalismo ainda não havia sido instituído oficialmente, o que aconteceu em 1933, mas já era praticado.
Em São Paulo, por exemplo, o primeiro time pequeno a ser campeão paulista, pós 1930, foi a Internacional, de Limeira, que venceu o Palmeiras numa final no Morumbi, em 1986
Vejam outros que também foram campeões:
1990 – Bragantino (Bragança Paulista), venceu o Novorizontino na final
2002 – Ituano (Itu), vice União São João de Araras.
2004 – São Caetano (São Caetano do Sul), vice Paulista de Jundiaí.
2014 – Ituano (Itu), vice: Santos
No Rio de Janeiro, também apenas três levantaram o caneco. Veja:
1931 – América Football Club (Rio de Janeiro)
1960 – América Football Club (Rio de Janeiro)
1966 – Bangu, com o Flamengo de vice.
Em Minas Gerais, também apenas três foram campeões.
1932 – Villa Nova (cidade de Nova Lima)
1937 – Siderúrgica (Sabará)
1951 – Villa Nova (Nova Lima)
1964 – Siderúrgica (Sabará). Apesar do título, o Siderúrgica foi extinto quatro anos depois.
2005 – Ipatinga (Ipatinga)
No estado de Pernambuco, também, apenas três
1936 – Tramways Sport Club (Recife)
1937 – Tramways Sport Club (Recife) – Time do Recife fundado em 1934 e finado em 1941
1944 – América Futebol Clube (Recife)
A exceção à regra é o Rio Grande do Sul onde houve uma variedade de times que se sagraram campeões além da dupla Grenal.
1935 – Grêmio Atlético Farroupilha (Pelotas). Fundado em 1916 e atualmente na terceira Divisão
1936 – Sport Club Rio Grande (Rio Grande). Fundado em 19 de julho de 1900 – Atualmente na 2ª Divisão
1937 – Grêmio Foot-ball Santanense (Santana do Livramento). Fundado 11 de junho de 1913 Licenciou-se do futebol em 2003
1938 – Guarany Futebol Clube (Bagé)
1939 – Football Club Riograndense (Rio Grande). Licenciado
1954 – Sport Club Renner (Porto Alegre) O clube fechou seu departamento de futebol no ano de 1957, mesmo assim manteve por quarenta e quatro anos a marca de ser o único campeão estadual neste período, além de Grêmio e Internacional (o Juventude seria o responsável pelo fim dessa história de mais de quatro décadas ao ser campeão estadual em 1998).
1998 – Esporte Clube Juventude (Caxias do Sul)
2000 – Sociedade Esportiva e Recreativa Caxias do Sul (Caxias do Sul)
O estado da Bahia também teve número razoável de campeões.
1932 – Sport Club Ypiranga (Salvador). Hoje na 2ª Divisão
1935 – Sport Club Botafogo (Salvador)
1938 – Sport Club Botafogo (Salvador)
1939 – Sport Club Ypiranga (Salvador
1941 – Galícia Esporte Clube (Salvador)
1942 – Galícia Esporte Clube (Salvador)
1943 – Galícia Esporte Clube (Salvador)
1946 – Associação Desportiva Guarany (Salvador). Extinto
1951 – Sport Club Ypiranga (Salvador)
1966 – Associação Desportiva Leônico (Salvador). Hoje na 2ª Divisão
1968 – Galícia Esporte Clube (Salvador)
Mas este não é um fenômeno apenas brasileiro.
Na Espanha, Nos últimos 10 anos, os título foram divididos entre Barcelona e Real Madri, com exceção de 2014 quando o campeão oi o Atlético de Madri.
Na Inglaterra, Chelsea e Manchester United dividiram todos os títulos nacionais nos últimos 10 anos.
Na Itália, Juventus e Internazionale conquistaram todos os títulos dos últimos 10 anos, com exceção da temporada 201-11 vencida pelo Milan.
No Campeonato Brasileiro, desde 1971, somente o Guarani, na época um time médio conseguiu entrar no seleto grupo dos grandes e se tornou campeão em 1978.
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Mario Marinho – É jornalista. Especializado em jornalismo esportivo foi durante muitos anos Editor de Esportes do Jornal da Tarde. Entre outros locais, Marinho trabalhou também no Estadão, em revistas da Editora Abril, nas rádios e TVs Gazeta e Record, na TV Bandeirantes, na TV Cultura, nas rádios 9 de Julho, Atual e Capital. Foi duas vezes presidente da Aceesp (Associação dos Cronistas Esportivos do Estado de São Paulo). Também é escritor. Tem publicados Velórios Inusitados e O Padre e a Partilha, além de participação em livros do setor esportivo
A COLUNA MÁRIO MARINHO É PUBLICADA TODAS AS SEGUNDAS E QUINTAS AQUI NO CHUMBO GORDO.
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