Um show de horrores. Coluna Mário Marinho

UM SHOW DE HORRORES

Postei-me frente à televisão nesse domingo no mesmo sofá onde costumo repimpar-me quando não vou ao futebol.

Sabia que teria na tela à minha frente um espetáculo que pode até mesmo parecer um jogo de futebol: Você se prepara, se ajeita e não sabe se durante os 90 minutos vai assistir a um bom ou mau espetáculo.

Mas, é bem diferente de um jogo de futebol.

Primeiro, pela duração: iria ultrapassar e muito os 90 minutos.

Segundo, pela importância: aqueles senhores de ternos de duvidosa elegância iriam decidir se o processo de impeachment com a presidente Dilma seria instaurado ou não. Um passo muito importante na vida da nossa combalida Pátria.

Eu já sabia que nenhum dos deputados iria se contentar em dizer “sim” ou “não”. Nenhum deles deixaria escapar aqueles fugazes minutos de visibilidade que a tv iria proporcionar. Tudo bem, pensei. É pela Democracia.

E tome declarações de votos as mais estapafúrdias.

– Por meus filhos José e Antônio, por minha mulher Marilice…

– Por minha vovozinha que amanhã completa 83 anos…

Comecei a tomar nota de algumas frases, mas depois me encheu o saco. Hoje, volto a elas e vejo algumas até publicadas na Folha:

– Pela paz de Jerusalém, eu voto sim

– Com todo coração, voto sim

– Por Você, mamãe, meu voto é sim

– Pelo amor de meus 115294 eleitores…

– Porque se o agricultor não planta, ninguém janta

– Pelos milhares de brasileiros que vivem hoje nas drogas…

– Se 342 votos eu tivesse, 341 votos eu daria…

– Pelo meu neto Pedro que nasceu há dez dias…

– Pelos médicos, pelos maçons do Brasil…

– Estou constrangido de participar dessa farsa conduzida por um ladrão…

– Por todos os corretores de seguro…

-Pelo fim da vagabundização remunerada…

Tão constrangedor quanto esse discursos nada edificantes, foram os papagaios de pirata que se colocaram junto ao microfone usado pelos votantes.

Foram seis horas de votação e eles ali firmes, em pé. Teve um que me lembrou um colega da faculdade de direto. Falei com a Vera, Primeira Dama desta coluna, apontando o tal papagaio:

– Olha lá, é a cara do Gilberto Fortunado!

– Até que parece mesmo, mas o Gilberto há uns 30 anos mais ou menos, ponderou a Primeira Dama.

Pois o “Gilberto” ficou ali do começo ao fim. Hoje, lendo a cobertura da sessão, a Vera me informou:

– Sabe o Gilberto? Pois ele nem votou. Ele é suplente e ficou ali o tempo todo! Vai gostar de aparecer…

Um outro dava tchauzinho  para as câmeras…

E tem mais esta. O prefeito da cidade mineira de Montes Claros, Ruy Muniz (PSB) foi preso preventivamente nesta segunda-feira pela Polícia Federal. Na sessão de domingo, a mulher dele, Raquel Muniz, elogiou a atuação dele como prefeito . “O trabalho dele prova que o Brasil tem jeito”, afirmou euforia.

De acordo com a Polícia Federal, o prefeito é acusado de inviabilizar o atendimento da saúde nos hospitais da rede pública para favorecer um hospital privado que pertence a familiares dele.

Claro que a deplorável atuação de tão maus atores não tira a importância da sessão de votação. Nem coloca em dúvida o seu resultado.

Tchau, Querida!

O São Paulo

voltou ao normal

Na semana passada, perguntei onde estava aquele São Paulo que liquidou o argentino River, 2 a 1, pela Libertadores, com um time ousado, bravo, lutador e muito competente.

Onde estava?, perguntei.

Bom esse time sumiu novamente. E o São Paulo a que a torcida já está acostuma voltou a campo na noite de domingo e perdeu para o Audax, em Osasco. Perdeu, não: foi massacrado, 4 a 1, fora o baile.

Era o mesmo time, o mesmo técnico. Não dá para entender, mas um time que mostra essa instabilidade, talvez precise de um técnico melhor.

Campeonato

Mineiro

GIVANILDOO
Givanildo: faça uma linha de quatro zagueiros e, à frente dela, uma linha de cinco; na frente, um atacante bem veloz…

O meu América de tradições e glórias mil sapecou 2 a 0 no Cruzeiro, lá no Independência onde, na minha infância e começo de juventude, eu assisti a tantos jogos do Coelho.

Agora, vamos enfrentar o Cruzeiro novamente, só que no Mineirão.

Um conselho ao experiente técnico Givanildo: faça uma linha de quatro zagueiros e, à frente dela, uma linha de cinco; na frente, um atacante bem veloz. Se feche, Givanildo, deixe a cruzeirada louca e faça o gol da vitória no contra-ataque.

 

______________________________________________________________________

FOTO SOFIA MARINHO
MARIO MARINHO

Mario Marinho É jornalista. Especializado em jornalismo esportivo foi durante muitos anos Editor de Esportes do Jornal da Tarde. Entre outros locais, Marinho trabalhou também no Estadão, em revistas da Editora Abril, nas rádios e TVs Gazeta e Record, na TV Bandeirantes, na TV Cultura, nas rádios 9 de Julho, Atual e Capital. Foi duas vezes presidente da Aceesp (Associação dos Cronistas Esportivos do Estado de São Paulo). Também é escritor. Tem publicados Velórios Inusitados e O Padre e a Partilha, além de participação em  livros do setor esportivo

A COLUNA MÁRIO MARINHO É PUBLICADA TODAS AS SEGUNDAS E QUINTAS AQUI NO CHUMBO GORDO.

_____________________________________

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Assine a nossa newsletter