Muita bobagem dita; muita bobagem ouvida. Muita bobagem lida.
O Mirando de hoje (18) não é como os habituais – tanto é que foi publicado um no sábado (16), fato inédito, pois normalmente os fatos do fim de semana são publicados em um só na segunda-feira –, foi sendo escrito aos poucos, no sábado, acompanhado o que ia pelo Congresso, mas não pelos jornais e, sim, pelos telejornais. No domingo, por Congresso, jornais e TVs. Então, há textos no passado e no presente, não mudei os tempos verbais para que se desse melhor noção do andar da carruagem. Quanto ao futuro, seja o que os deuses quiserem.
Em um filme de 1939, de Frank Capra, diretor norte-americano, o ator James Stewart faz o papel de um rapaz ingênuo do interior convencido por políticos desonestos – que achavam que poderiam manipulá-lo – a se eleger senador para substituir um que morreu e que era peça-chave para aprovação de um projeto cheio de impropriedades. A intenção não vingou, ele era honesto, logo percebeu a sujeira que o cercava. Em uma cena memorável, fica horas discursando para que uma sessão do Congresso se encerre sem que o projeto seja votado. Lembrei-me do filme ao ver uma entrevista de um parlamentar do PT criticando a tática da oposição de abrir mão dos três minutos de que dispõe para discursar e, assim, permitir que a sessão de votação do impeachment comece na hora aprazada. Disse ele que é muito importante a discurseira para esclarecer a população. Hilário, se não fosse dramático, desde quando conversa vazia e sem lógica esclarece alguém? Fábio Pannunzio, da TV Bandeirantes, foi o único que eu tenha visto pintando o real quadro da ridícula discurseira de ambos os lados na Câmara. E, nos jornais, um artigo do sociólogo José de Souza Martins, no Aliás, O Estado de S. Paulo (17), pág. E1, trata devidamente da bobageira que se viu e ouviu.
Na hora da votação, a atuação foi pior ainda, lamentável, ridícula. Demagogos (uma característica marcante da direita e da esquerda) os da oposição e desonestos intelectuais (uma característica marcante da esquerda) os da situação. Um chegou a dizer que a eventual eleição de Temer seria uma fraude. Ele não será eleito, já o foi junto com Dilma, ele é vice, assumirá! Pena que jornais e TVs deixem passar detalhes como esses, se publicassem, o eleitor ficaria mais bem informado a respeito das nobres excelências.
Ancelmo Gois, em seu blog (18), sob os títulos Dia do Sim I, II, III e IV publica opiniões respeitáveis sobre o ridículo espetáculo apresentado na hora da votação.
E os deputados do Norte, hein? A maioria votou sim…
Uma coisa não entendi até agora: por que no impichamento de Collor não houve desrespeito aos votos que o elegeram e agora há, como dizem os situacionistas?
Não é um contrassenso deputados situacionistas dizerem antes dos votos “Em defesa dos pobres etc.” quando o desgoverno econômico redundou, até agora, em 10 milhões de desempregados e mais de 30% da população inadimplente?
Em uma coisa todos acertaram, não houve e não haveria golpe qualquer que fosse o resultado, tudo ocorreu de acordo com as leis.
Dilma pedindo voto de confiança e conversa é estranho. O PT dizendo que o partido pagou pelo vídeo com ela, que acabou não indo ao ar por medo de panelaço, e que as despesas serão declaradas, não quer dizer grande coisa, ainda mais no dia em os jornais publicam delação premiada de diretor da Andrade Gutierrez dizendo que a agremiação exigiu propina por obra na Venezuela.
No Estadão, opinião do cientista político Fernando Limongi: “Quem apoia o encurtamento do mandato da presidente sabe do que se livra, mas não tem ideia clara do que receberá em troca.”
Nas pág. A30 e A35 do Estadão (18) tem reportagens que tratam os acontecimentos de jeito diferente, “Na Rodoviária, os anônimos do futuro” e “O Fla-Flu no nhoque de domingo”. Interessantes. Também no jornal, leitura que valem a pena: “O impeachment desnudo” (pág A2) e “A ameaça petista” (pág. A3).
Tudo o que está sob o título “Index” na capa da Folha de S.Paulo (18) vale a pena ser lido, especialmente “Petista colheu o que plantou; clima era de vingança”. Também no jornal, pág. A20, uma coleção das besteiras faladas pelo parlamentares antes de votar. E, tal qual o Estadão, a Folha publica, nas págs. A28 e A29, reportagens feitas nas casas de várias famílias.
No GloboNews: “Aí a gente vê aí…”. Que lindo!
(CACALO KFOURI)
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