O que nos espera pós-2018? Pós-“revolução”?
Por Cesar Maia
A quem interessar pode, misturar, neste momento, fatos que nada tem a ver com a operação Lava-Jato com os relativos a ela e misturar nela –açodadamente- alhos com bugalhos. Isso só interessa a Lula, Dilma e ao PT. Imaginam que assim vão criar um enxame de gafanhotos…
Publicado originalmente em post de 30 de março de 2016, no Ex - Blog de Cesar Maia
1. A probabilidade que os atuais líderes políticos nacionais sobrevivam em 2018 é muito pequena, mesmo aqueles que não tenham sido envolvidos nas investigações, nas delações premiadas e no noticiário. Quase todos os dias a imprensa faz memória da operação Mãos Limpas na Itália e lembra que os grandes partidos foram varridos, assim como todas as principais lideranças.
2. É quase impossível pensar que os líderes políticos atuais entendam o risco e desde já comecem a preparar a renovação nas eleições de 2018. Na Itália houve esse descuido, vieram novos partidos e o país viveu um longo ciclo de 13 anos de populismo liderado por Berlusconi, encerrado com sua recente condenação.
3. As “revoluções” democratizadoras em Portugal, Espanha e Grécia mudaram completamente o quadro partidário dominante nesses países. Mas nesses casos, essas “revoluções” trouxeram em seu bojo a renovação das lideranças políticas e dos partidos, naturalmente.
4. A Operação Lava-Jato cumpre brilhantemente a sua missão constitucional. Não há resistência possível, pois 90% das pessoas querem ver as investigações culminarem com a punição dos responsáveis, como já vem acontecendo. Mas há os riscos de retardamento e confusão. Quem está dirigindo esse jogo é o PT, Lula e o governo Dilma, reforçados agora com o novo Ministro da Justiça. A intimidade com algumas empresas e políticos investigados pode estimular esse processo.
5. A palavra de ordem “não vai ter golpe” aponta nesta direção. A pressão para que o PSDB seja colocado sob suspeita, idem. O desarquivamento do PROER –parte integrante e fundamental do Plano Real- da mesma forma. Como dizem certos líderes do PT: se é para nos afogar vamos afundar juntos.
6. Estranho o diretor da Odebrecht (íntimo de Lula) Benedito Junior guardar essas planilhas em uma sala comercial sua ao alcance da Polícia Federal 7 meses após a prisão de seu presidente Marcelo Odebrecht e 4 meses após o jornalista Lauro Jardim informar que ele seria o próximo alvo. O Juiz Moro se deu conta disso: as planilhas com nomes de 300 políticos que deveria servir para investigações separando o joio do trigo, caíram facilmente nas mãos da imprensa que não tinha como não noticiar, produzindo especulações.
7. A respeito, diz o Juiz Moro em seu despacho: “…é provável a remessa ao STF. É prematura qualquer conclusão quanto à natureza deles, se ilícitos ou não, já que não se trata de apreensão no Setor de Operações Estruturadas da Odebrecht, através do qual eram realizados os pagamentos sub-reptícios (de propina, por exemplo aos agentes da Petrobrás), o referido Grupo Odebrecht realizou notoriamente, diversas doações eleitorais registradas nos últimos anos. Assim os pagamentos retratados nas planilhas do executivo Benedicto Barbosa podem retratar doações eleitorais lícitas ou mesmo pagamentos que não tenham sido realizados. O ideal seria antes aprofundar as apurações para remeter os processos apenas os indícios mais concretos de que esses pagamentos seriam também ilícitos.”
8. Em depoimento à Polícia Federal no último dia 24 de fevereiro, o presidente da Odebrecht Infraestrutura explicou que as doações da empreiteira nunca eram destinadas a políticos, mas sempre para os partidos “de modo a evitar pressões e constrangimentos de candidatos”.
9. A quem interessar pode, misturar, neste momento, fatos que nada tem a ver com a operação Lava-Jato com os relativos a ela e misturar nela –açodadamente- alhos com bugalhos. Isso só interessa a Lula, Dilma e ao PT. Imaginam que assim vão criar um enxame de gafanhotos e eles poderiam escapar. Ilusão treda. Bem, e também a Odebrecht às vésperas de seu desmonte, aliás já iniciado.
10. A pressa e o atabalhoamento deles (PT, Lula e Dilma) denunciaram a tática da confusão e dessa forma a Operação Lava-Jato poderá se precaver –como já o fez- e seguir em frente chegando a seus fins.
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• Cesar Maia, do DEM/RJ, ex-prefeito do Rio de Janeiro.
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