Sim, é Libertadores. Mas e o futebol? Coluna Mário Marinho
Sim, é Libertadores.
Mas, e o futebol?
Em todos os jogos da Libertadores, narradores, comentaristas, repórteres, técnicos e, principalmente, jogadores, gostam de ressaltar que Libertadores é diferente. É jogo pegado, repetem à exaustão.
Durante o jogo, a cada entrada violenta, o narrador sobe o tom da voz para pontificar: “Isso é Libertadores, amigo!”
Parece que em jogo da Libertadores tudo é permitido.
O futebol é deixado de lado e o que vale é a catimba; o que vale é a malandragem, a violência.
O jogo de ontem do Palmeiras foi exemplo disso.
O goleiro uruguaio leva séculos para recolocar a bola em jogo e o juiz assiste, complacente.
Certamente para ele, isso é Libertadores.
O mesmo goleiro abandona a sua área e parte pra cima do jogador do Palmeiras lá na lateral do campo numa quase agressão física. Levou cartão amarelo mas se revoltou porque, pra ele, isso é Libertadores.
Muito mais competitiva que a Libertadores, muito mais clássica, disputada, charmosa e assistida pelo mundo inteiro é a Champions League, reunindo os maiores jogadores do mundo.
Lá não vê esse tipo de atitude de jogadores e árbitros dentro de campo. Com isso, a torcida é também mais educada, disciplinada.
Ontem, no Alianz Parque, quando o técnico do Nacional foi expulso, foi necessário que o serviço de alto falantes do estádio fizesse um apelo aos torcedores para não jogar objetos no treinador.
É bom avisar, mas é bom lembrar que, para o torcedor, isso também é Libertadores.
Talvez seja hora de que a Conmebol, dona da competição, faça uma campanha lembrando a todos os envolvidos que a Libertadores é uma competição de futebol.
Caiu
Marcelo Oliveira
O sério técnico do Palmeiras, bicampeão brasileiro pelo Cruzeiro, foi demitido após a derrota para o Nacional em sua bela casa, 2 a 1.
Não é novidade que um técnico seja demitido.
Na verdade, os números não ajudam muito ao técnico: em nove meses, foram 53 partidas com 14 vitórias, 11 empates e 18 derrotas. Um aproveitamento de apenas 55% dos pontos disputados.
Diz sempre o filósofo Otacílio Pires de Camargo, o popular Cilinho, que para fazer omeletes são necessários ovos.
Será que Marcelo Oliveira teve os ovos necessários?
O presidente do Palmeiras, Paulo Nobre, abriu a carteira e saiu contratando jogadores com a alegria de um novo rico circulando pela Galeria Lafayette, em Paris.
Foram quase 40 contratações.
Mas dá para se perguntar: o Palmeiras tem mesmo um grande time? Um grande elenco?
Eu acho que não. Trata-se de um time razoável.
No futebol, como na vida, compras de balaiada costumam não resolver.
Lembro-me que na segunda metade dos anos 60, o banqueiro Eduardo Magalhães Pinto, filho de Magalhães Pinto, ex-governador de Minas Gerais, político influente e dono do então poderoso Banco Nacional, assumiu a presidência do Atlético.
Assim como o presidente do Palmeiras, pegou a carteira recheada e foi às compras.
Todo dia tinha jogador novo no Atlético, mas o time ia mal. E de mal a pior. Dispensa técnico, chega técnico novo, outro jogador e nada.
Segundo as más línguas, Eduardo Magalhães Pinto não entendia nada de futebol. Mas, com tanto dinheiro, que dava importância a esse detalhe?
Então, numa reunião de diretoria, bateu na mesa com a força do Banco Nacional e pediu esclarecimento.
– O que falta?, vociferou.
– Bem, presidente, falta entrosamento.
– Manda comprar, quanto que custa?
O jogo ganho
do Corinthians
Para alegria de todo corintiano, o time fez o primeiro gol antes dos 10 minutos de jogo, com o centroavante André.
Era tudo o que queriam os corintianos desta e de outra parte do mundo.
Um gol logo no começo para desestruturar o adversário.
E assim foi, tanto que André ainda perdeu duas chances de marcar e liquidar o jogo.
Mas veio o segundo tempo e André, que não fez os dois gols, deu início ao inferno astral alvinegro: foi expulso.
Claro que os corintianos reclamaram alegando que não houve maldade. Ou seja: ele foi bem intencionado na jogada. Mas, como se sabe, de boas intenções o inferno está cheio.
Ele foi imprudente na jogada e expulso com razão.
Pouco depois, Rodriguinho que já tinha cartão amarelo, faz falta desnecessária no meio do campo, levou o segundo amarelo – e a soma dos dois dá cartão vermelho.
Para completar, falhas do lateral Uendel e do zagueiro Felipe levam o Cerro a virar o jogo e chegar aos 3 a 2 (o segundo gol corintiano, já nos instantes finais, foi marcado de pênalti por Giovanni Augusto)
A derrota talvez não tivesse sido tão sentida, não fosse o fato de o Corinthians sair na frente, ter criado mais chances e mantido o dominado do adversário durante todo o primeiro tempo.
Clássico resultado de um jogo que estava ganho.
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Mario Marinho – É jornalista. Especializado em jornalismo esportivo foi durante muitos anos Editor de Esportes do Jornal da Tarde. Entre outros locais, Marinho trabalhou também no Estadão, em revistas da Editora Abril, nas rádios e TVs Gazeta e Record, na TV Bandeirantes, na TV Cultura, nas rádios 9 de Julho, Atual e Capital. Foi duas vezes presidente da Aceesp (Associação dos Cronistas Esportivos do Estado de São Paulo). Também é escritor. Tem publicados Velórios Inusitados e O Padre e a Partilha, além de participação em livros do setor esportivo
A COLUNA MÁRIO MARINHO É PUBLICADA TODAS AS SEGUNDAS E QUINTAS AQUI NO CHUMBO GORDO.
… e sempre que tiver alguma novidade
há alguns dias vi o resultado de uma pesquisa sobre o salário dos jogadores de futebol. Cerca de 80% dos jogadores ganhavam até R$ 1.000,00 por mês e apenas 4% ganhavam quatro mil reais ou mais. Mas, será que mereceriam ganhar mais? O nosso futebol é hoje uma vergonha. Não consigo mais assistir os jogos transmitidos pela televisão! Vi um pouco do jogo palmeiras x ferroviária e me perguntei: quem é o time grande? O Palmeiras levou um “baile”. Francamente gostava mais dos jogos de várzea que assistia no glicério quando criança, lá pelos idos dos anos quarenta! Parece que tudo mudou para pior neste país!