O apitaço e o golaço. Coluna Mário Marinho
O apitaço e o golaço
A torcida do São Paulo está de bronca com o Michel Bastos e resolveu externar essa bronca em forma de apito na vitória do Tricolor contra o Novorizontino, 2 a 0, no Pacaembu.
É uma minoria. Mas, minoria bem mixuruca. Eu diria um pixuleco de torcedores.
O torcedor, sempre defendi, tem seu sagrado direito de protesto, assim como tem também o direito e o dever de aplaudir.
Mas a campanha de uma torcida uniformizada contra o Michel Bastos não tem sentido.
Primeiro, trata-se de um grande jogador; segundo, todo o São Paulo anda mal das pernas e o culpado não é o Michel Bastos; terceiro, ele reclamou de salários atrasados – e todo trabalhador tem esse direito.
No jogo desta quarta-feira, Michel Bastos mostrou muita força de caráter ao não se deixar abalar pelos apitos.
A cada momento que ele pegava na bola, a turma soprava o apito.
E quando ele pegou a bola pela ponta esquerda e partiu com ela dominada, os apitos soaram. Sem dar importância, ele continuou com a bola e tocou para Rogério que sofreu o pênalti.
O jogo estava 0 a 0.
Michel não teve dúvidas: pegou a bola e disse vou bater.
Os apitos soaram.
Fazendo-se de surdo, Michel Bastos correu para a bola e bateu como manda o figurino: bola para um lado, goleiro para o outro.
Em meio aos apitos, chamou seus companheiros para comemorar o gol abraçados aos reservas, para mostrar que o time não está dividido.
O jogo continuou, os apitos continuaram e Michel Bastos continuou a jogar bem.
Uma boa resposta.
Veja os melhores momentos:
https://youtu.be/8kH-Bxh9Zbg
O golaço
de André
André foi revelado pelo Santos em 2009, quando tinha apenas 19 anos. Ficou pouco mais de um ano no time Santista, disputou 61 jogos e marcou 21 gols. Marca nada desprezível.
Mas, começou a ter outra marca no Santos nada elogiável: a balada.
Saiu do Santos, foi para o Dínamo de Kiev, onde ficou pouco tempo e foi transferido para o Atlético Mineiro.
No Galo, ficou quatro anos, disputou 81 e marcou 32 gols, outra marca nada desprezível.
Mas, foi lá em Minas que ganhou o apelido de baladeiro. Coincidiu com o final de sua carreira no Galo.
Em meio à sua temporada no Galo Mineiro, passou pelo Santos, Vasco da Gama e Sport. Sempre de passagem.
Chegou ao Corinthians quando não ostenta um grande momento em sua carreira.
Mas o golaço que fez no abusado time do São Bento mostra que bom cozinheiro nunca esquece a medida do sal.
Aos 25 anos de idade, André tem a melhor oportunidade da carreira desde que deixou o Santos e o Galo para fazer peregrinação por outros times.
Se voltar a ser o André artilheiro, tem o mundo pela frente. Já o baladeiro… sei não.
Muito abusado o time do São Bento. Não tomou conhecimento do Timão e partiu para cima, colocando Tite e seus comandados em perigo.
Abriu o marcador e só permitiu o empate aos 43 minutos do segundo tempo.
O São Bento vai dar trabalho.
Veja os melhores lances:
https://youtu.be/t6EREUxISeU
Pobre
futebol rico
Todo garoto sonha em ser jogador de futebol. Seus pais, tios, avós sonham junto dele. Sonham com a fama e os milhões que virão.
Mas a realidade do futebol brasileiro não é bem assim.
Recente pesquisa da CBF mostra que mais de 80% dos jogadores ganham, no máximo, até R$ 1 mil.
De acordo com a pesquisa, feita pela Diretoria de Registro e Transferência da CBF, o Brasil tem 28.203 jogadores sob contrato no futebol, sendo 83 estrangeiros. Desses, 23.238 atletas recebem até R$ 1 mil.
Ainda segundo o relatório, apenas um jogador ganha mais de R$ 500 mil. A CBF não revela nomes.
O país tem, sempre de acordo com a pesquisa, 776 times profissionais, 435 amadores e 27 formadores.
Em 2015, 1.212 jogadores se transferiram do Brasil para o exterior, enquanto 648 chegaram ao país.
Veja números da pesquisa abaixo
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Salários dos jogadores
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Até R$ 1.000,00: 23.238 (82,40%)
R$ 1.000,01 até R$ 5.000,00: 3.859 (13,68%)
R$ 5.000,01 até R$ 10.000,00: 381 (1,35%)
R$ 10.000,01 até R$ 50.000,00: 499 (1,77%)
R$ 50.000,01 até R$ 100.000,00: 112 (0,40%)
R$ 100.000,01 até R$ 200.000,00 78 (0,28%)
R$ 200.000,01 até R$ 500.000,00: 35 (0,12%)
Acima de R$ 500.000,01: 1 (0,00%)
Como a pesquisa da CBF foi feita com base nos salários de 2015, esse único acima dos R$ 500 mil mensais pode ser o Pato que ganhava cerca de R$ 800 mil no São Paulo (que dividia a conta com o Corinthians).
Mas, no ano passado outros jogadores ultrapassavam o teto dos 500 mil: D’Alessandro, do Internacional; Diego Cavalieri e Fred, do Fluminense; Guerrero, do Flamengo são alguns deles. Vágner Love, no Corinthians, ganhava exatos R$ 500 mil.
Não são salários ruins…
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Mario Marinho – É jornalista. Especializado em jornalismo esportivo foi durante muitos anos Editor de Esportes do Jornal da Tarde. Entre outros locais, Marinho trabalhou também no Estadão, em revistas da Editora Abril, nas rádios e TVs Gazeta e Record, na TV Bandeirantes, na TV Cultura, nas rádios 9 de Julho, Atual e Capital. Foi duas vezes presidente da Aceesp (Associação dos Cronistas Esportivos do Estado de São Paulo). Também é escritor. Tem publicados Velórios Inusitados e O Padre e a Partilha, além de participação em livros do setor esportivo
A COLUNA MÁRIO MARINHO É PUBLICADA TODAS AS SEGUNDAS E QUINTAS AQUI NO CHUMBO GORDO.
… e sempre que tiver alguma novidade