…Meninos, aposto que tem uma porção de focos do bicho por lá: nas praças, nos restos de lixo, nas poças da chuva de ontem, nos prédios abandonados, nos jardins, vasos, restos de construção…
Bem que eu tinha desconfiado… Não devia ter comprado aquele vasinho de dinheiro-em-penca. Mas como eu ia imaginar que uma planta tão singela pudesse causar essa colossal crise na saúde pública do país?
Ao ter a confirmação de que – sim! – estamos perdendo a guerra contra o zunidor listrado, não hesitei. Fui ao terraço, pedi perdão à plantinha que cultivei com tanta esperança, enrolei a dita cuja em jornal para que nunca mais infectasse ninguém, muito menos o gari; e lá se foi ela. O pratinho, eu lavei com creolina, martelei até virar quase pó, embrulhei em mais jornal e mandei para o lixo.
Meu terraço ficou mais triste, mas fazer o que? “O país espera que cada um cumpra o seu dever”, não é?
Deprimida, resolvi dar uma volta. Sabe o que? Vou até a Biblioteca Municipal; é animador ver tanta gente lendo, pesquisando, zapeando (no sentido não eletrônico do termo). Aproveito e pego um livro que estou querendo ler. Se for muito bom, aí eu compro um para mim.
Chego toda lampeira (aguenta essa, geração Y) e…pasme! A biblioteca está fechada – em pleno dia útil (nesse caso não foi) e no horário comercial. A explicação: em uma das manifestações pelo passe livre – ou outra, nesse caso não faz diferença – os ativistas, muito ativos, quebraram vidros e portas da instituição. Agora a Biblioteca Municipal está fechada para reforma. Deve reabrir depois do carnaval.
Não vou negar que me deu um certo desconforto. Com o incêndio no Museu da Língua Portuguesa e a reforma (?) do Museu do Ipiranga, ficamos provisoriamente mais pobres. Agora, também a biblioteca.
E imagino que essas questões não devam ser prioridade de nenhum governo municipal, estadual ou federal a essa altura da falta de verba geral, com perdão da rima pobre.
Para não perder a viagem, resolvi passear pelo centro. O dia estava bonito – céu cheio de nuvens brancas, como em Springfield, a cidade dos Simpsons.
Meninos, aposto que tem uma porção de focos do bicho por lá: nas praças, nos restos de lixo, nas poças da chuva de ontem, nos prédios abandonados, nos jardins, vasos, restos de construção.
Fui andando e me lembrando do Atlas, não o geográfico, mas aquele que carrega o mundo nas costas. Tudo muito pesado, difícil.
Na altura do viaduto no final da Brigadeiro, um alento: tinha uma turma olhando para o alto dos galhos de uma árvore, todo mundo com celular na mão. Não é que tinha um tucano e um picapau aboletados em meio à folhagem?
Voltei para casa sem planta, sem livro, mas com boas lembranças do passeio.