
Collor na cadeia, muito bem. E os milhões? Por José Horta Manzano
…Fernando Collor de Mello, primeiro presidente eleito após a ditadura militar, marcou a história do Brasil de forma trágica ao ser também o primeiro a sofrer um impeachment. Driblou a Justiça por décadas; vê-se agora finalmente na hora do acerto de contas…
Fernando Collor de Mello, primeiro presidente eleito após a ditadura militar, marcou a história do Brasil de forma trágica ao ser também o primeiro a sofrer um impeachment. Driblou a Justiça por décadas; vê-se agora finalmente na hora do acerto de contas. Condenado em derradeira instância, foi encaminhado para a prisão. É passo importante para um país que tanto clama por responsabilização. Antes tarde do que nunca.
Mas se a prisão de um figurão mostra que, no fundo, ninguém está acima da lei, resta a pergunta que ecoa por ruas e redes: e o dinheiro desviado? Os milhões roubados de cofres públicos e privados, fruto de corrupção, favorecimentos e obscuras transações, serão recuperados? Ou a punição se resume apenas à perda da liberdade, deixando que o apenado saia da cadeia amanhã tão ilicitamente rico quanto entrou? Talvez a informação tenha me escapado, mas não encontrei no noticiário nenhuma menção a confiscação do dinheiro embolsado ilicitamente.
Prender corruptos é necessário, mas tão ou mais importante é assegurar a reparação do dano causado ao erário ou a outrem. O confisco de bens, a devolução de valores desviados e a indenização pelos prejuízos são passos que precisam caminhar junto com a responsabilização penal. Sem isso, a Justiça corre o risco de virar apenas um espetáculo, sem efetivo efeito reparador para a sociedade. Devolução e multa milionária têm de marchar pari passu com a prisão.
O brasileiro comum, que paga impostos diretos e indiretos, que enfrenta fila em hospitais públicos, que vê a educação sucateada, tem todo o direito de querer mais do que o encarceramento de figurões metidos a besta como esse cavalheiro: exige-se o ressarcimento. Não basta punir o corpo; é preciso recuperar e confiscar o patrimônio rapinado. Sem contar a imposição de multa milionária, correspondente ao valor embolsado.
Collor foi para a cadeia, ótimo. Mas que a Justiça vá além. Que também desfaça o que foi construído à custa da corrupção. Só assim poderemos, de fato, torcer o braço à ladroagem que nos circunda e construir uma democracia séria e respeitada.
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JOSÉ HORTA MANZANO – Escritor, analista e cronista. Mantém o blog Brasil de Longe. Analisa as coisas de nosso país em diversos ângulos, dependendo da inspiração do momento; pode tratar de política, línguas, história, música, geografia, atualidade e notícias do dia a dia. Colabora no caderno Opinião, do Correio Braziliense. Vive na Suíça, e há 45 anos mora no continente europeu. A comparação entre os fatos de lá e os daqui é uma de suas especialidades.
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Os milhões encontram-se nas diversas plantações de milho Brasil a fora. De grão em grão enobrecem o nosso Agronegócio, contribuem para a nossa balança comercial e alimentam pessoas e animais do nosso planeta. Quanto aos Milhões do Petrolão/Lava Jato são invisíveis para o contribuinte pagador de impostos, encarecem e desacreditam o nosso (?….) poder judiciário. Ou o judiciário deles, dos nossos políticos reincidentes em corrupção ? Se o judiciário fosse do cidadão brasileiro, os políticos não iriam com tanta sede aos cofres públicos em busca dos grãos dourados arrecadados do nosso pão de cada dia.