
Imagens que intrigam. Por José Horta Manzano
Certas imagens me intrigam. Por exemplo, a foto tirada diante do hospital brasiliense que atualmente abriga Jair Bolsonaro.
Certas imagens me intrigam. Por exemplo, a foto estampada acima, tirada diante do hospital brasiliense que atualmente abriga Jair Bolsonaro.
Quando saiu a notícia de que o antigo presidente estava passando por uma intervenção cirúrgica complicada e de alto risco, muita gente deve ter se recolhido e pedido uma graça a seu santo de devoção. Muitos pediram proteção para o doente. Pode até ser que outros tenham formulado pedido diferente.
É normal e universal que um indivíduo se recolha para conectar-se com suas entidades protetoras. Em princípios, isso se faz em momentos íntimos, num ambiente caseiro e calmo. É nesse ponto que a foto me intriga.
Supõe-se que o retratado seja um apoiador de Bolsonaro em posição de oração. Se eu encontrasse o cidadão, ia fazer-lhe diversas perguntas. São caraminholas que não me saem da cabeça.
-
- Por que razão preferiu prostrar-se em local público, à luz do dia, à vista de todos?
-
- Qual o motivo de ter desfraldado nossa bandeira nacional, posicionada como se fosse altar?
-
- Numa oração em que o fiel pede graças ao Altíssimo, a palma das mãos dever estar voltada para cima, simbolizando a espera das bênçãos que descem a este vale de lágrimas. Já o cidadão da foto voltou a palma das mãos para o hospital onde jaz o antigo presidente, numa postura que pode fazer escorregar as graças. Por que motivo voltou as mãos para o edifício? Acredita que, em vez de descer do céu, as bênçãos sejam emitidas pelo próprio ídolo recém-operado?
Quem entendeu o propósito do peregrino da foto, que me desculpe. Eu não entendi. Quando uma situação me parece fora dos eixos, gosto de tentar esclarecer.
_______________________
JOSÉ HORTA MANZANO – Escritor, analista e cronista. Mantém o blog Brasil de Longe. Analisa as coisas de nosso país em diversos ângulos, dependendo da inspiração do momento; pode tratar de política, línguas, história, música, geografia, atualidade e notícias do dia a dia. Colabora no caderno Opinião, do Correio Braziliense. Vive na Suíça, e há 45 anos mora no continente europeu. A comparação entre os fatos de lá e os daqui é uma de suas especialidades.
_____________________________________________________________
A fé de cada um é de cada um. Por que tanto incômodo? Aponte o que está fora da Lei no ato do rapaz.
Assim como “a fé de cada um é de cada um”, a opinião de cada outro é de cada outro. Lé com lé, cré com cré.
O distinto leitor deve desarmar-se e jogar fora as quatro pedras que traz no bolso. Agora vai-me fazer o favor de apontar onde leu, no meu texto, a palavra “lei” ou a expressão “fora da lei”.
Isso feito, voltaremos a conversar com urbanidade.