Pesquisas e cenários eleitorais. Por Adilson Roberto Gonçalves

Pesquisas…colocar o inelegível e réu por crimes contra o Estado brasileiro Jair Bolsonaro no rol de possibilidades, como foi feito, é apenas útil para saber a possível transferência de votos a governadores ou membros de sua familícia

A pesquisa DataFolha mostra o óbvio atual: Lula venceria todos os adversários e em qualquer cenário, se a eleição fosse hoje. No entanto, a dispersão da direita/extrema direita em várias candidaturas (atuais governadores, na maioria) é um cenário pouco provável para 2026 e teremos de avaliar a consolidação em um ou dois nomes para saber o comportamento do eleitor mais próximo à situação real. Eleitor que vota na extrema direita por não conhecê-la, é preciso deixar claro. No mais, colocar o inelegível e réu por crimes contra o Estado brasileiro Jair Bolsonaro no rol de possibilidades, como foi feito, é apenas útil para saber a possível transferência de votos a governadores ou membros de sua familícia. Um dado a registrar é que Ciro Gomes, com toda sua idiossincrasia e ausente do debate nacional, ainda cativa cerca de 12% do eleitorado, que chega a 20%, caso Lula não concorra. Muita gente vê semelhança entre ambos, revelando que um dos principais problemas sociais do país é não termos consciência de classe e, muito menos, conhecimento histórico da formação de nosso povo.

Outras pesquisas de intenção de voto e de percepção do governo e dos candidatos resultam em análises interessantes, quase que independente do instituto que foi pago para realizá-las. A Genial/Quaest, por exemplo, divulgou vários dados ao longo das últimas semanas e, considerando que todos os que acham que Lula deve disputar a reeleição votarão nele, significa que pelo menos 15% dos que recomendam que o presidente encerre sua carreira política em 2026 também votam no petista. Essa é a conta de (44-35) / 62 x 100%, ou seja, quantos votam em Lula no segundo turno (44%) menos os que recomendam sua reeleição (35%) divido pelos que não recomendar que se candidate à reeleição (62%).

 É uma posição contrastante, significando que pelo menos um em cada seis desses eleitores não gostaria de ver Lula no pleito, mas votam nele, ou por falta de opção, ou pelo concorrente ser muito ruim. Mas esperemos as nuvens passarem que outros cenários se descortinarão em novas pesquisas.

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– Adilson Roberto Gonçalves –  pesquisador da  Universidade Estadual Paulista, Unesp, membro de várias instituições culturais do interior paulista.  Vive em Campinas.