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Esse Oscar é nosso! Blog Mário Marinho
Pela primeira vez na história brasileira, o Oscar vem para o Brasil.
Fernanda Torres cansou de avisar: “Gente, não é futebol, não é Copa do Mundo, é um filme, só um filme.”
Mas o brasileiro abraçou essa causa, ficou até de madrugada esperando pelos resultados.
Resultado na mão, o brasileiro, em todo o Brasil e também lá fora, vibrou, chorou, sorriu, gritou tudo o que uma grande emoção emana.
A segunda-feira ainda amanheceu verde e amarela. No meio de tanto samba, maracatu, axé e outros ritmos alegres e coloridos, o folião encontrou espaços para comemorar e, ávido, também encontrou espaços nas emissoras de televisão para dar entrevistas, para saudar os vencedores.
Pela primeira vez na história brasileira, o Oscar vem para o Brasil.
Um filme que partiu de uma bela e bem escrita história. Marcelo Rubens Paiva viveu o drama narrado no filme, a perda do pai e, o que é pior, nunca uma explicação sobre o que aconteceu, o por que, onde…
Perguntas simples que mereciam respostas simples que nunca vieram.
A história bem escrita encontrou um time altamente profissional, comandado por Walter Salles que montou a equipe e dirigiu o filme.
As duas Fernandas, Torres e Montenegro, deram vida à tortuosa vida de Eunice Paiva, a mulher que não desistiu nunca.
Foi à luta. Advogada, defendeu causas que envolviam os menos favorecidos ou etnias perseguidas, como os índios.
Aí, deu-se o milagre da conjuminação dos astros. E a força do alinhamento dos astros produz uma força imensa, imbatível.
Juntaram: o livro bem escrito, um diretor criativo, sensível; o elenco de atores que pareciam estar, realmente, vivendo aquele momento e o resultado não poderia ser outro – a premiação de Melhor Filme Internacional.
Ah!, mas a Fernanda Torres não ganhou prêmio nenhum?
Fernanda, realmente, não ganhou o Oscar, mas ganhou o mundo.
A simpatia, seu sorriso cativante, a elegância e a firmeza com que desempenha o papel da brava Eunice Paiva, jogaram Fernanda nos braços do mundo.
Além de tudo que foi dito aqui sobre o filme, há um detalhe, que não é pequeno: o filme foi nas entranhas da ditadura que assolou o Brasil de 1964 a 1985.
Expôs o perigo que rondaram outros brasileiros que poderiam sumir, como sumiu Rubens Paiva, e nunca mais voltar.
E o filme não é panfletário.
Pelo contrário: é um filme leve, doce, fácil de assistir.
Para finalizar, vamos e venhamos: a Fernanda Torres merecia o Oscar.
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Mário Marinho – É jornalista. É mineiro. Especializado em jornalismo esportivo, foi durante muitos anos Editor de Esportes do Jornal da Tarde. Entre outros locais, Marinho trabalhou também no Estadão, em revistas da Editora Abril, nas rádios e TVs Gazeta e Record, na TV Bandeirantes, na TV Cultura, além de participação em inúmeros livros e revistas do setor esportivo.
(DUAS VEZES POR SEMANA E SEMPRE QUE TIVER MAIS NOVIDADE OU COISA BOA DE COMENTAR)
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