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A Bíblia nem sempre está certa. Blog Mário Marinho
Está sacramentada na Bíblia não escrita do futebol a frase usada e repetidamente como um axioma: “Empate fora de casa é vitória”.
Não, amigo: nem sempre.
A prova cabal e indestrutível está no empate de ontem à noite, em Caracas, 1 a 1, contra o fragilíssimo time da Universidade Central.
Assim como derruba essa verdade que nem sempre é verdadeira, o empate consagra outro artigo da Bíblia do Futebol: “É preciso sempre respeitar o adversário”.
E o Timão não teve o menor respeito ontem. Nem com o adversário nem com seus torcedores.
O domínio do jogo foi total e absoluto do Corinthians.
Dentro de seu gol, o goleiro Hugo Souza foi solitário espectador de como o Timão saía jogando com tranquilidade e facilidade.
Seu meio-campo envolveu totalmente o adversário.
As jogadas eram criadas com extrema facilidade, quase sempre sem a interferência do adversário que jogava como se fosse o time B em um treino coletivo.
Além do gol marcado, o Timão perdeu, pelo menos, duas grandes chances com Memphis e com Garro, dois de seus melhores atacantes.
Mas, sentindo a fraqueza do adversário, os jogadores caprichavam nas finalizações, como que à procura do Gol Puskas. Tanto capricho propiciava o aparecimento de uma ponta de bota salvadora dos venezuelanos.
Em tempo de máximas, esqueceram-se de uma delas criada pelo artilheiro Dario: “Não existe gol feio. Existe gol perdido”.
Mas a BF consagra outra verdade que se repete sem fim nos jogos: “Quem não faz, toma.”
E assim, o Universidade Central conseguiu seu gol de empate, marcado contra pelo zagueiro João Pedro.
Aí, a água bateu na bunda e os corintianos viram que precisam jogar futebol e não apenas se exibir.
Mas, já era tarde.
Assim, aquilo que parecia jogo tranquilo para goleada, acabou no empate com sabor de jiló.
O jogo de volta será na quarta-feira, na Neo Química.
Vai ser fácil, exclama o apaixonado corintiano esfregando as mãos.
Calma, muita calma.
Há ainda um aforismo que se enquadra perfeitamente na questão:
“Não se pode contar com o ovo antes de a galinha botar”.
Assista aos melhores momentos:
https://youtu.be/ypYB32T72D8?si=c1zgM9p9HCj2l-ao
A questão
dos gramados
Um grupo de jogadores formado por Neymar, Thiago Silva, Bruno Henrique, Philippe Coutinho, Lucas, Alan Patrick, Gabigol e outros declararam guerra ao gramado sintético.
Argumentam esses jogadores que o gramado sintético facilita contusões, algumas graves.
É claro que os donos de estádios com gramados sintéticos, Palmeiras à frente, saiu em defesa de seus domínios.
É discussão pra mais de um metro, talvez quilômetros.
Os gramados brasileiros são, de um modo geral, muito malcuidados. A começar pelo Maracanã, outrora venerado como templo brasileiro do Futebol (com F maiúsculo).
Não sei se existe na CBF um departamento voltado para os cuidados dos gramados.
Se ele existe, não parece funcionar; se não existe, está na hora de criar.
Quanto ao gramado, acredito que a CBF deve, sim, ouvir os jogadores, assim também como os Clubes.
Com o diálogo pode se chegar a uma conclusão que agrade os dois lados e que não seja ditatorial como “Eu não quero o gramado natural. E pronto”. Ou “Eu quero o gramado natural. E pronto”.
Qual é o melhor tipo de gramado?
Bem, eu não sou especialista nesse assunto, mas, se tivesse que tomar uma decisão, me valeria dos exemplos mundiais.
Quais são os campeonatos europeus com jogos disputados em gramado sintético?
Inglaterra, não. Espanha, não. França, não. Itália, não. Alemão, não?
E por aí vai.
Na Holanda, o campeonato de 2026-27, será disputado em gramados naturais.
São exemplos fortes.
Ah!, e a Copa do Mundo? Até hoje sempre disputada em gramados naturais.
Exemplo bastante forte.
Veja os gols da quarta-feira:
https://youtu.be/6yC55HWdWgA?si=QAVLjEF1S4J8wBFu
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Mário Marinho – É jornalista. É mineiro. Especializado em jornalismo esportivo, foi durante muitos anos Editor de Esportes do Jornal da Tarde. Entre outros locais, Marinho trabalhou também no Estadão, em revistas da Editora Abril, nas rádios e TVs Gazeta e Record, na TV Bandeirantes, na TV Cultura, além de participação em inúmeros livros e revistas do setor esportivo.
(DUAS VEZES POR SEMANA E SEMPRE QUE TIVER MAIS NOVIDADE OU COISA BOA DE COMENTAR)
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