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Verdades e mentiras que levam ao golpe. Por Adilson Roberto Gonçalves

… A armação do golpe entre novembro de 2022 e janeiro de 2023 foi profunda, revelando um dos lados nefastos do fascismo. Não apenas o guarda da esquina foi instado a agir segundo ditames de criminosos populistas disseminadores de mentiras…

Atos no DF e nas capitais celebram resistência aos atos golpistas de 2023

A armação do golpe entre novembro de 2022 e janeiro de 2023 foi profunda, revelando um dos lados nefastos do fascismo. Não apenas o guarda da esquina foi instado a agir segundo ditames de criminosos populistas disseminadores de mentiras, como também o fez a alta cúpula da Polícia Federal, a Polícia Militar do Distrito Federal, junto de políticos de alto calibre. Estão protegidos, mas, por mais que investiguem, ainda não chegaram aos milhares de agitadores que ficaram espalhados pelas portas de quartéis do Brasil afora. Em minha cidade foi vergonhosa e explícita a turba mobilizada à frente do complexo do Exército, com fotos postadas nas redes sociais e um deboche total dos poderes instituídos. Estão livres de qualquer ameaça e continuam usando suas posições para disseminar o extremismo de direita. E usando a estratégia da mentira como sua verdade absoluta.

Por isso é significativa a cassação de Carla Zambelli pelo TRE-SP, não apenas como ato isolado, mas por representar todo um conjunto de disseminação de desinformação. Espero que o TSE faça agora com Zambelli o que não fez com Jair Bolsonaro em 2018, punindo a mentira como deve ser. Aquela omissão, permitindo o disparo em massa de fake news, foi a grande responsável pela eleição do ex-capitão criminoso e trouxe anos tenebrosos e tristes. Confirmar a cassação de Zambelli agora será justiça e redenção.

A ação deve ser rápida, haja vista o que estão arquitetando em favor da impunidade dos criminosos. Começa por parte da mídia, que a título de ser “imparcial” (ficção no jornalismo) precisa dar vozes a todos os lados, mesmo para aqueles que querem nos tirar a voz. Um exemplo foi a entrevista da Folha de S. Paulo com o representante-mor e porta-voz da extrema direita no Brasil, que, mais uma vez, revelou o golpe engendrado nas falácias do discurso, quando a trama somente não foi levada a cabo por algumas dissidências de última hora. Que a História trate de colocar Ives Gandra Martins no seu devido lugar junto a Goebbels e congêneres.

Assim, são perfeitos todos os argumentos contra a impunidade defendida pelo presidente da Câmara dos Deputados, pois não se transige em hipótese alguma com o golpismo. Hugo Motta precisa prestar contas dos votos da extrema direita, cujo objetivo maior é salvar Jair Bolsonaro da condenação e da inelegibilidade. Daí o relativismo do que aconteceu no 8 de Janeiro em sua fala, usando a suposta “velhinha inocente” como mantra para distorcer os fatos. Vamos ver até onde vai o jogo duplo para justificar os votos que obteve para se eleger presidente da Câmara dos Deputados. Precisa dar o recibo aos da extrema direita dizendo que o 8 de Janeiro foi “apenas” uma baderna, mas já começa a falar pianinho ao STF para evitar represálias. Parece que a função exige especialidade química: ser liso feito sabão ou quiabo. Mas o país é maior do que interesses paroquiais, partidários e ideológicos.

Sem anistia para os golpistas!

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Perfil ambiental e político – Adilson Roberto Gonçalves –  pesquisador da  Universidade Estadual Paulista, Unesp, membro de várias instituições culturais do interior paulista.  Vive em Campinas.

 

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