Redes também revelam dramas pessoais

Redes também revelam dramas pessoais. Por Rui Martins

Redes e dramas pessoais…Vanessa gravou o podcast como experiência pessoal, embora utilizasse o mesmo pseudônimo do marido, Tito, utilizado no livro. Isso permitiu uma rápida identificação do nome real do marido, André Conti, um dos proprietários da Editora Todavia…

Redes também revelam dramas pessoais

Vamos fazer uma pausa e esquecer Trump, Gaza, as fake news bolsonaristas, os imigrantes expulsos e dedurados nos Estados Unidos, para registrar haver também dramas pessoais no mundo dos influenciadores pessoais, compartilhados com seus seguidores pelo YouTube, em busca de uma confidência ou de uma terapia.

O Canal Meteoro existe há sete anos e é o mais importante dos canais de esquerda nas redes sociais com um milhão e setecentos e cinquenta mil inscritos. Sua evolução tem sido rápida, começou como canal de cultura para se transformar num canal de informações e discussões políticas. Seus criadores e animadores, Álvaro Borba e Ana Lesnovski, no começo pouco apareciam mas se tornaram populares nas redes sociais.

Por isso, todos se inquietaram quando, de repente, o Canal parecia ter saído do ar. A surpresa veio com um quadro de aviso, no qual se lia:

“O Meteoro nasceu da união entre Álvaro e Ana, e cresceu enquanto construíamos nossa relação, desenvolvendo-se em torno de nossa parceria na vida e no trabalho. Por gratidão e respeito ao público que conquistamos nos últimos sete anos, informamos que estamos nos separando. O Meteoro e a TV Cringe continuam. Algumas transformações de ordem prática serão necessárias; por isso, ficaremos com o Plantão fora do ar entre 13 e 25 de novembro, enquanto nos reconfiguramos. Voltamos em seguida de casa nova, mas com o mesmo compromisso de sempre com um jornalismo sensível, sério, feito em equipe e com amor. Agradecemos o respeito à privacidade e também o apoio da audiência, com o qual Meteoro sempre contou em todos os momentos”.

Pouco antes da crise no Meteoro, Álvaro Borba tinha aceitado um debate com Arthur do Val, ex-deputado estadual por São Paulo, do Canal Mamãe Falei, no qual, segundo as críticas, foi derrotado, mais do que isso, massacrado.  Álvaro também teria sido criticado por ter utilizado a IA para fazer algumas capas do seu canal.

Depois de ter sumido do Meteoro, Álvaro ressurgiu num outro canal, Arvro, partindo do zero inscrito, no qual num tom um tanto lamuriento (que irritou influenciadores e mesmo influenciadoras da direita e extrema, adoradores da imagem do homem macho e viril).

Para Álvaro, ele perdeu o casamento com Ana na esteira dessas críticas. E, no seu primeiro vídeo depois da crise, mostra seu lado humano de quem acredita no “amor romântico, felizes para sempre e monogamia. Quando eu me proponho viver a vida com alguém, eu não faço isso pensando se acaba, quando acaba, eu  faço isso na expectativa sincera de que seja pra sempre. E um momento como esse é doloroso, o que me resta é assumir a fragilidade. Se foi um erro, esse eu assumo com orgulho por acreditar no amor”

E, na sequência, conta ter vendido a casa, na qual ia montar os estúdios do Meteoro, ficando sem ter onde morar mas sem dívida para pagar. E se queixa de ter regredido na saúde com a crise e voltado a fumar. Se propõe a um processo de reabilitação física e emocional e talvez espiritual.  E voltar a produzir, mas sem concorrer com Meteoro,  humildemente admitindo não estar no seu melhor. Atualmente, Álvaro parece ter recuperado sua boa forma, tem viajado e seu canal Arvro já tem mais de cem mil inscritos.

O drama emocional da jornalista-escritora Vanessa Barbara

A Rádio Novelo é a maior produtora brasileira de podcasts ligados a temas jornalísticos, tendo como principais valores a preocupação com a inclusão e com a liderança feminina, enquanto toda sua estrutura está baseada numa equipe com diversidade racial e de gênero. A equipe, liderada pela linguista e intérprete Branca Vianna Moreira Salle, foi definida numa reportagem da revista Veja como “a fantástica fábrica de podcasts”.

O alcance e a penetração dos podcasts da Rádio Novelo é enorme e seus áudios acabam sendo comentados pela mídia e nos grandes canais YouTube. Assim, o podcast CPF na Nota, de Vanessa Bárbara, viralizou nos principais canais da inteligência paulistana e  meios literários, sendo propagado no boca a boca e tema de debate no UOL, Folha e no canal Meteoro.

Antes de gravar o  podcast, Vanessa tinha publicado, em 2015, um romance ficção Operação Impensável, pela editora Intrínseca, no qual contava a história de um casal, Tito e Lia, cujas relações se deterioraram depois de cinco anos de casamento. Embora premiado como Prêmio Paraná de Literatura, o relato pessoal da escritora não tinha provocado reações por nele terem sido utilizados nomes fictícios.

Entretanto, Vanessa gravou o podcast como experiência pessoal, embora utilizasse o mesmo pseudônimo do marido, Tito, utilizado no livro. Isso permitiu uma rápida identificação do nome real do marido, André Conti, um dos proprietários da Editora Todavia. Por tabela, logo foram descobertos os nomes dos quinze amigos do marido, integrantes do grupo no qual eram revelados os gostos sexuais das esposas e os das amantes nas aventuras extraconjugais.

A descoberta da traição do marido veio da nota fiscal do hotel, onde ele passara com a amante, enviada para o CPF. Diante da viralização atual do podcast, o editor André Conti assumiu e se penitenciou “manipulei e coagi minha ex-esposa de forma machista e misógina”.

O jornalista Henry Bugalho publicou no seu canal YouTube “detalhes sórdidos da elite literária brasileira” revelando alguns dos nomes do grupo de quinze de André Conti.


Henry Bugalho
https://www.youtube.com/watch?v=psnM3LM1PcI


  • Rui Martins também está em versão sonora no Youtube, em seu canal –

https://www.youtube.com/@rpertins

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Rui Martins – Direto da Suiça – é jornalista, escritor, ex-CBN e ex-Estadão, exilado durante a ditadura. Criador do primeiro movimento internacional dos emigrantes, Brasileirinhos Apátridas, que levou à recuperação da nacionalidade brasileira nata dos filhos dos emigrantes com a Emenda Constitucional 54/07. Escreveu Dinheiro sujo da corrupção, sobre as contas suíças de Maluf, e o primeiro livro sobre Roberto Carlos, A rebelião romântica da Jovem Guarda, em 1966. Foi colaborador do Pasquim. Estudou no IRFED, l’Institut International de Recherche et de Formation Éducation et Développement, fez mestrado no Institut Français de Presse, em Paris, e Direito na USP. Vive na Suíça, correspondente do Expresso de Lisboa, Correio do Brasil e RFI

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