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O valor de uma vida humana. Por Meraldo Zisman

O Talmude, alicerce espiritual e ético do judaísmo, ensina: “Quem salva uma vida salva toda a humanidade”…

Talmude

A discrepância numérica entre os prisioneiros palestinos libertados e os poucos israelenses resgatados nas trocas vai além de uma análise estratégica; ela revela uma filosofia de vida que coloca o valor de cada ser humano no centro de sua existência. Na tradição judaica, cada vida é vista como um universo em si. O Talmude, alicerce espiritual e ético do judaísmo, ensina: “Quem salva uma vida salva toda a humanidade”. Essa frase não é apenas uma metáfora; ela carrega a essência de uma ética que considera a vida humana como sagrada, insubstituível e portadora de um valor infinito. Em Israel, essa visão transcende o campo estético para se tornar um princípio nacional. Cada cidadão, seja soldado ou civil, é percebido como um elo vital em uma corrente que une a sociedade. Não se trata de números, mas de vidas reais, com histórias, famílias e um potencial único. É por isso que Israel, mesmo sob risco e críticas, não mede esforços para resgatar um único refém, mesmo que isso signifique libertar centenas de prisioneiros. Essa postura reflete uma verdade fundamental: em sua cultura e história, a vida humana não pode ser reduzida a uma simples estatística ou moeda de troca. Esse compromisso, no entanto, traz consigo dilemas morais profundos. Até onde uma nação deve ir para salvar uma vida quando isso pode comprometer a segurança de outras?

 Em contrapartida, grupos militantes palestinos muitas vezes utilizam reféns como ferramentas estratégicas, explorando essa valorização singular da vida. Mas, para Israel, a salvação de um único indivíduo permanece um imperativo moral, mesmo diante de pressões e consequências políticas. O valor atribuído a cada vida humana em Israel também reflete uma memória coletiva marcada pela tragédia e pela resiliência. A lembrança do Holocausto reforça o compromisso de que nenhuma vida será ignorada ou descartada. Cada resgate, cada troca, é uma reafirmação de que, mesmo em meio ao conflito, a dignidade e a si ngularidade de cada pessoa são prioridades inegociáveis.

A sobrevivência de Israel não se resume a sua força militar ou às alianças políticas, mas também à sua capacidade de preservar o valor intrínseco de cada ser humano. Essa abordagem, porém, exige mais do que tradição. Ela demanda reflexão, adaptação e um compromisso contínuo em equilibrar segurança e humanidade.

Assim, o valor de uma vida humana se torna a pedra angular de uma filosofia que transcende fronteiras e inspira um chamado universal: reconhecer que cada pessoa, com suas particularidades, sonhos e fragilidades, é um universo que merece respeito, proteção e amor. Afinal, preservar uma vida não é a penas um ato de compaixão; é um testemunho daquilo que há de mais nobre na humanidade.

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Meraldo Zisman Médico, psicoterapeuta. É um dos maiores e pioneiros neonatologistas brasileiros. Consultante Honorário da Universidade de Oxford (Grã-Bretanha). Vive no Recife (PE). Imortal, pela Academia Recifense de Letras, da Cadeira de número 20, cujo patrono é o escritor Alvaro Ferraz.

Relançou – “Nordeste Pigmeu”. Pela Amazon: paradoxum.org/nordestepigmeu

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