Em qual bolha você vive? Por Paulo Renato Coelho Netto
Bolha para viver … O que vemos hoje em dia são pessoas que procuram bolhas para entrar e viver. Ao encontrar seus pares, é como se abdicassem da capacidade de criar um pensamento singular sobre o meio em que vivem para se acomodar e se moldar ao grupo escolhido.
As sociedades se dividiram em castas quando o primeiro homem mais forte da humanidade dominou o primeiro homem mais fraco da humanidade.
Deixamos as cavernas, nos lascamos na época da pedra lascada, criamos fogo para fazer churrasco de tigre-dente-de-sabre e tudo que passasse pela frente com cara de carne.
O que escapa a compreensão é que milhões se colocaram em castas no único lugar onde é possível ser totalmente livre durante toda a existência humana: o pensamento.
Condenado à prisão perpétua por um crime que afirmava não ter cometido, a história de Papillon é um exemplo de que a mente é livre e nada tem o poder de aprisioná-la.
Papillon foi enviado da França para cumprir pena na Guiana Francesa e viveu o diabo na Ilha do Diabo. Foi submetido a trabalhos forçados e torturado diversas vezes pelas reiteradas tentativas de fugas.
Mesmo sob torturas psicológicas nas solitárias, manteve-se vivo com a convicção de que, ainda ali, sob aquelas condições desumanas, era um homem livre em pensamento.
Nunca desistiu de voltar a ser totalmente livre, corpo e mente.
O que vemos hoje em dia são pessoas que procuram bolhas para entrar e viver.
Ao encontrar seus pares, é como se abdicassem da capacidade de criar um pensamento singular sobre o meio em que vivem para se acomodar e se moldar ao grupo escolhido.
É um novo tipo de gente que prefere ser apenas mais uma linha no dedo no lugar da impressão digital completa que atesta a identidade única.
O indivíduo coletivizado, alheio à própria existência, que desconhece a si mesmo.
Acéfalo de tal forma que não consegue ver o mundo a não ser pelos olhos dos outros, ouvir por ouvidos de terceiros e falar com a boca que não é mais sua.
Cada um na sua bolhinha, compartilhando o espaço com milhões de outros iguais.
Ervilhas em latas de ervilhas.
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Paulo Renato Coelho Netto – é jornalista, pós-graduado em Marketing. Tem reportagens publicadas nas Revistas Piauí, Época e Veja digital; nos sites UOL/Piauí/Folha de S.Paulo, O GLOBO, CLAUDIA/Abril, Observatório da Imprensa e VICE Brasil. Foi repórter nos jornais Gazeta Mercantil e Diário do Grande ABC. É autor de sete livros, entre os quais biografias e “2020 O Ano Que Não Existiu – A Pandemia de verde e amarelo”. Vive em Campo Grande.
Colocar-se em castas onde pode ser livre é, por certo, o grande erro da humanidade. Diferentemente de Papillon – muito bem observado – voltamos a povoar o espaço da maioria do Mito da Caverna, de Platão, onde todos preferiam a escuridão que cega e aprisiona, à luz. É a regra quase universal do comportamento moderno. Uma tremenda idiotice. Raramente leio um texto tão permeado de realidade. Parabéns Paulo Renato!
Grato pela leitura Sueli Benazi, amiga de décadas, de copo e de cruz.
Colocar-se em castas onde pode ser livre é, por certo, o grande erro da humanidade. Diferentemente de Papillon – muito bem observado – voltamos a povoar o espaço da maioria do Mito da Caverna, de Platão, onde todos preferiam a escuridão que cega e aprisiona, à luz. Raramente leio um texto tão permeado de realidade. Parabéns Paulo Renato!
Colocar-se em castas onde pode ser livre é, por certo, o grande erro da humanidade. Diferentemente de Papillon – muito bem observado – voltamos a povoar o espaço da maioria do Mito da Caverna, de Platão, onde todos preferiam a escuridão que cega e aprisiona, à luz. Parabéns!