a fonte da juventude

A fonte da juventude. Por José Horta Manzano

…A busca da eterna juventude está em pauta desde o alvorecer da humanidade. Cada civilização acrescentou um tijolo na construção do conjunto de lendas que ilustram esse sonho…

a fonte da juventude

Outro dia, estava lendo a incrível história de um magnata americano, homem de meia idade, que enfiou na cabeça a ideia de permanecer jovem para sempre. Diz ele que despende milhões todo ano – ele pode, ora – com medicamentos, práticas de cultura física, ingestão de moléculas experimentais. Tem-se submetido a protocolos agressivos de tratamentos antienvelhecimento (em português: “anti-aging”). A troca de plasma intergeracional com o filho de 18 anos faz parte da bateria de procedimentos.

A busca da eterna juventude está em pauta desde o alvorecer da humanidade. Cada civilização acrescentou um tijolo na construção do conjunto de lendas que ilustram esse sonho.

Muitas expedições de conquistadores ibéricos sofreram triste desencanto ao não conseguir localizar, depois de anos de busca em terras americanas, o almejado Eldorado, lugar fantástico todo feito de ouro, onde não se envelhecia.

A fonte da juventude é tema recorrente em lendas europeias. O pacto com o diabo para obter a juventude eterna é ideia que, volta e meia, também reaparece, em poemas, romances e como tema de ópera.

De maneira subjacente, a conservação da juventude é tema latente de uma lenda como a da Bela Adormecida, que narra a história de uma jovem que, após um século de letargia, desperta garbosa e sorridente, com a mesma idade que tinha ao adormecer.

Sem querer ser desmancha-prazeres, devo dizer aos que acreditam na eterna juventude que estão iludidos. Se isso fosse possível, já estaríamos sabendo, sobretudo agora que as redes sociais liberaram geral e que cada um pode cuspir veneno como bem lhe aprouver.

“Limitar o consumo de café a um único período do dia reduz o risco de morte

 diz a manchete jornalística reproduzida na entrada deste artigo.

A afirmação é falsa, é pura fake news. Nem o papa, com seus bilhões de fiéis; nem o Musk, com seus bilhões de dólares; nem Trump, com seus bilhões de mentiras; nenhum deles tem poder de reduzir o risco de morte de quem quer que seja. Os seres humanos, como todos os seres vivos, hão de morrer um dia. Mais cedo ou mais tarde, não tem como escapar. É um risco que não há como reduzir. É uma certeza.

Portanto, tome café quando quiser e não acredite nessa balela de redução do risco de morte. A indesejada das gentes virá um dia, armada com sua foice, e nos levará a todos, um por um.

Viva o café, produto que sustentou nossa economia durante pelo menos dois séculos! Ele faz parte de nossa cultura e de nossa constituição física.

café

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JOSÉ HORTA MANZANO – Escritor, analista e cronista. Mantém o blog Brasil de Longe. Analisa as coisas de nosso país em diversos ângulos,  dependendo da inspiração do momento; pode tratar de política, línguas, história, música, geografia, atualidade e notícias do dia a dia. Colabora no caderno Opinião, do Correio Braziliense. Vive na Suíça, e há 45 anos mora no continente europeu. A comparação entre os fatos de lá e os daqui é uma de suas especialidades.

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