Pepê, o nosso caramelo

Pepê - Arquivo pessoal

Pepê, o nosso caramelo. Por Teogenes Antônio Luz Carvalho de Moura

Pepê, o nosso caramelo
Pepê e Jano, fiel escudeiro – Arquivo pessoal

Pepê, nosso caramelo: “O amor tem seis quilos e quatro patas”

Houve uma época em que eu torcia o nariz para posts sobre pets em redes sociais. Achava brega, tosco, forçado.

Acho, agora, que muito pior seria privar o mundo da felicidade genuína e privilégio que é ser amigo desse cara aqui.

Amizade essa, inclusive, que não nos é exclusiva (e nem queremos que seja!).

Na verdade, Pepê tem vários humanos.

“Pepê, Peperisco, Peperôni, Pepalê…”

Os vários nomes mostram que todos querem ser um pouquinho humanos de Pepê também.

Desde que ele, eu e @ahannahzita nos tornamos uma família, Pepê já nos ensinou um bocado, do jeitinho dele.

Aprendi, por exemplo, que o que conta mesmo é quem nos tornamos durante a jornada, e não quem éramos quando começamos. Pode ser que nunca percamos completamente algumas cicatrizes de onde viemos, mas que é possível ressignificar os machucados do passado como solidariedade e entendimento para o futuro. Afinal, só quem já foi impedido de brincar um dia sabe o quão importante é seu brinquedinho de esquilo favorito para um amigo que chora.

Aprendi também que sabemos, sim, quem realmente nos quer bem. Quem merece nosso carinho, atenção, brincadeira e lambeijos. E que sabemos, também, quem talvez… seja melhor ignorar durante o passeio 🙂

Mais ainda — aprendi que devemos defender com unhas, dentes, e mordidinha nas canelas aqueles que são a nossa casa. Não estou falando de um lugar físico especificamente, claro. Onde estivermos os três — aí é a nossa casa.

Pode ser uma mesa de restaurante, um quarto numa casa grande, até mesmo uma cama ou colchão. Se alguém chegar perto e ameaçar, de qualquer forma, essa nossa pequena matilha, essa nossa pequena família, enfrentará a brabeza (fofa? Sim, mas brabeza ainda assim) de um leão gigantesco de seis quilos e quatro patas absolutamente resoluto em guardar aquilo que lhe é mais importante. Te cuida, Aslam, que Pepê Moura-Parnes tá na área.

Pepê me ensinou também sobre o que é ser corajoso. Não tem nada a ver com o ser o maior, o mais forte, ou o mais valente. É sobre gostar tanto de algo que colocamos o corpo e a alma para defender aquilo. É sobre latir com o rabo entre as pernas mesmo, sem ter vergonha de enfrentar o que parece muito superior a nós.

O que é a coragem, afinal, se não superar o próprio medo para proteger o que se ama?

E assim eu aprendo a ser corajoso também. Como Pepê. Ninguém jamais vai levantar um dedo sequer contra qualquer um de nós três e permanecer perto por muito tempo. Certas coisas são especiais demais para arriscarmos perder por falta de uma rosnadinha necessária, aqui ou ali, ainda que um ou outro ache ruim.

Digo ainda que se era Capitu que tinha olhos de cigana oblíqua e dissimulada, foi com Pepê que eu aprendi a não negociar com os olhos expressivos de um vira-lata terrorista. Sem nenhuma palavra, ele agarra a ingenuidade da pessoa pelos olhos e a convence que “é só mais um pedacinho de pão com requeijão, poxa vida” ou “mas olha a roupinha de Papai Noel dele, gente!”.

Que o diga Jano, seu mais fiel escudeiro. Outro vira-lata caramelo que merece um texto para si só, aliás. Basta uma olhada firme de Pepê, que Jano volta a se comportar como se nada tivesse acontecido.

Acho que o que eu mais aprendo, no final das contas, é que se ser um cachorro vira-lata caramelo é ser como Pepê, o meu único sonho nessa vida é que ele, também, me enxergue pelo menos um pouquinho como seu humano vira-lata caramelo. Por fim, por mais que todo humano ache que o seu cachorro é o mais especial, e que de alguma forma, todos estejam corretos, eu digo:

“Pepê, Pepeu, Peperisco, Peperôni, Pepalê…”

É o mais especial de todos.

E espero ser seu humano vira-lata caramelo por muitos e muitos anos.

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Teogenes Antônio Luz Carvalho de Moura  – Engenheiro da Computação e humanista.

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