Polarização política na ceia de Natal. Por Meraldo Zisman
Polarização…Lamentavelmente, no meio disso tudo, o espírito natalino se apaga. No entanto, sejamos francos: boa parte das discussões na ceia não tem nada a ver com política, certo?
A ceia de Natal, que deveria ser de paz e união, está virando um jogo de “quem tem razão”. O tio começa dizendo “na minha época era melhor”. O sobrinho que não desgruda do celular e rebate com um meme sobre política. E o peru? Esse pobrezinho é ignorado enquanto a discussão está quente demais. As opiniões políticas estão virando parte da nossa identidade. Discordar de alguém não é apenas ter uma opinião diferente, é como dizer que a sobremesa da tia não é boa — é pessoal e dá briga! Com todo mundo no Natal, essa mistura de ideologias, farofa e passas vai explodir.
As redes sociais também não ajudam. Elas jogam gasolina na fogueira, fazendo a gente acreditar que quem pensa diferente só pode ser do “time inimigo”. Chegando à ceia, traz os debates das redes e muita “certeza”. O grupo familiar no WhatsApp tem conhecimento adequado sobre isso. Lamentavelmente, no meio disso tudo, o espírito natalino se apaga. No entanto, sejamos francos: boa parte das discussões na ceia não tem nada a ver com política, certo? É aquela mágoa do primo que não lava a louça ou da tia que esqueceu de chamar você para o aniversário dela. A política só vira a desculpa para liberar tudo isso. E, como se não bastasse, ainda tem o vinho que, depois de algumas taças, dá coragem para todo mundo falar o que não devia. Resultado? O pavê vira pancadaria ou pancadaria.
Mas fique calmo, nem tudo está perdido! O Natal ainda pode ser salvo com humor e jogo de cintura. Você poderia dizer que a única coisa que realmente importa hoje é quem vai servir o vinho? Ou que “hoje só se discute quem vai levar os restos do crescimento para casa”. Isso é melhor do que falar muito e ainda dar boas risadas. Se o clima estiver aquecido, mude de assunto! Converse sobre viagens, filmes ou até mesmo sobre a receita do pudim que nunca dá certo, mas sempre fica saboroso. Lembre-se de que às vezes é melhor ficar calado. Respire fundo, pegue mais uma colher de panetone (com ou sem frutas, sem briga) e deixe o tempo fazer sua mágica.
No final das contas, o Natal não é sobre quem vence o debate, mas sobre quem está ao seu lado compartilhan do um pedaço de rabanada. Então, mesmo que a mesa esteja dividida, sempre há espaço para a reconciliação. E se tudo der errado, bem… tem sempre o ano que vem para tentar de novo. O peru sempre estará lá, se a gente deixar.
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Meraldo Zisman – Médico, psicoterapeuta. É um dos maiores e pioneiros neonatologistas brasileiros. Consultante Honorário da Universidade de Oxford (Grã-Bretanha). Vive no Recife (PE). Imortal, pela Academia Recifense de Letras, da Cadeira de número 20, cujo patrono é o escritor Alvaro Ferraz.
Relançou – “Nordeste Pigmeu”. Pela Amazon: paradoxum.org/nordestepigmeu
Texto Maravilhoso e realista.. condizente com o atual momento! perfeito
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