Natal

Natal: um convite à reflexão. Por Meraldo Zisman

Há algo de ancestral no Natal, como se uma chama antiga se reacendesse em nossos corações, convidando-nos a despir as máscaras do dia a dia e a reconectar com o essencial: a fé, o afeto e a capacidade de sorrir diante das imperfeições da vida.

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O Natal chega com suas luzes vibrantes e com o ritmo desacelerado dos dias. A vida se veste de festividade, mas é no silêncio dos lares que o verdadeiro espírito natalino encontra espaço para florescer. É um tempo em que os olhos brilham com a promessa de renovação e os corações se abrem à esperança, buscando um alento em meio à rotina.

A pausa na rotina se manifesta entre as refeições compartilhadas e as risadas que ecoam pela casa. No Natal convidamo-nos a um momento de descanso e introspecção. As ausências, sentidas com mais intensidade, ressoam como ecos de memórias queridas, enquanto as presenças se fortalecem em abraços calorosos. Pequenos gestos de carinho se revelam como sementes plantadas que germinam prometendo um futuro mais gentil.

O aroma do bolo assando e o farfalhar do papel de presente nos transportam de volta à infância, despertando lembranças adormecidas de simplicidade e encantamento. Há algo de ancestral no Natal, como se uma chama antiga se reacendesse em nossos corações, convidando-nos a despir as máscaras do dia a dia e a reconectar com o essencial: a fé, o afeto e a capacidade de sorrir diante das imperfeições da vida. Contudo, o Natal também pode decorrer em silêncio. Para aqueles que sentem o peso da solidão, ele chega de mansinho, trazendo consigo uma melancolia que não pede licença. Mas mesmo nessa quietude reside uma beleza singular.

O Natal acolhe tanto aqueles que celebram com alegria contagiante quanto aqueles que cultivam em silêncio a esperança, no íntimo do seu ser. A simplicidade dos gestos genuínos supera qualquer grandiosidade material e a gener osidade se manifesta em um olhar sincero, em uma pergunta que vem do coração: Como você está se sentindo, de  verdade? Em meio às luzes e aos presentes, essa é a questão que nos convida a refletir e a reconhecer nossas emoções, sem máscaras ou disfarces.

Por vezes, o Natal se veste de uma teatralidade superficial. As luzes piscam, os presentes são trocados em uma dinâmica quase automática e a mesa se apresenta farta como nunca naquele ano. Mas, por trás dessa fachada festiva, o coração anseia por algo mais profundo: um reencontro autêntico, um afeto sincero, um instante de pura conexão humana. Não é o que está embaixo da árvore que verdadeiramente importa, mas o que cultivamos em silêncio dentro de nós. O Natal, em sua essência, é um convite: um chamado para renascermos, para rirmos de nossos erros com leveza e para olharmos uns para os outros com mais compaixão e generosidade. Ele nos inspira a encontrar luz mesmo nos momentos de escuridão, a apreciar a beleza contida no imperfeito e a nos tornarmos um pouco mais humanos, mesmo que por um breve instante.

Quando as luzes se apagarem e os sinos silenciarem, que permaneça acesa a chama da esperança, a convicção de que podemos construir um mundo mais pacífico e tolerante que nos garanta a certeza de que vale a pena viver cada novo dia.

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Meraldo Zisman Médico, psicoterapeuta. É um dos maiores e pioneiros neonatologistas brasileiros. Consultante Honorário da Universidade de Oxford (Grã-Bretanha). Vive no Recife (PE). Imortal, pela Academia Recifense de Letras, da Cadeira de número 20, cujo patrono é o escritor Alvaro Ferraz.

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