Crime nosso de cada dia. Por José Horta Manzano
Crime …Tinha de ser preso em flagrante de tentativa de homicídio. Com dolo, evidentemente. Quanto aos outros, que assistiram à cena como quem assiste a um filme de mocinho e bandido, têm de ser denunciados como cúmplices da mesma tentativa de assassínio…
Treze PMs foram “afastados”, diz a notícia, assim que veio a público o episódio do homem arremessado do alto da ponte que cruza um córrego na periferia de São Paulo. Segundo o comandante da PM, foi um “erro emocional”.
Afastados? – pergunto eu. Dos outros doze PMs, não sei, mas aquele que agarrou o infeliz pelas pernas e o precipitou no vazio merecia mais, muito mais que “afastamento”. Tinha de ser preso em flagrante de tentativa de homicídio. Com dolo, evidentemente.
Quanto aos outros, que assistiram à cena como quem assiste a um filme de mocinho e bandido, têm de ser denunciados como cúmplices da mesma tentativa de assassínio. Independentemente do resultado do processo criminal que virá, todos eles têm de perder o emprego, com proibição de exercer função pública por dez anos.
Esse seria o desfecho que me parece ideal para esse tipo de ocorrência. Não estamos no Irã nem na Rússia, e nossa polícia não pode ser homizio de cangaceiros. Certas coisas não se fazem nem mesmo com suspeitos de bandidagem – há limites que nâo podem ser ultrapassados e que valem para todos.
Por infelicidade, o caminho pelo qual nosso país enveredou, já faz alguns anos, de confronto, incivilidade e extremismo, acrescentou fortes pitadas de violência ao comportamento nacional. O acarajé da baiana e até o insosso (mas adorável) cuscuz paulista ganharam forte picância que não é do agrado de todos.
Crime!…um cidadão foi executado por outros celerados com 11 tiros desferidos pelas costas “em legítima defesa”.
Na sequência, mais uma criança foi atingida na cabeça por bala perdida…
No mesmo dia em que o celerado (imbuído da força policial) atirou um cidadão por cima de uma mureta, um cidadão foi executado por outros celerados com 11 tiros desferidos pelas costas “em legítima defesa”. Na sequência, mais uma criança foi atingida na cabeça por bala perdida.
Crime e violência, no Brasil, sempre houve. Sempre sonhamos com o progresso e o avanço da educação e da tecnologia. Hoje, com as rodas relinchando, nosso carro de boi avança, em baixa velocidade, para esse objetivo. O aumento da violência e da criminalidade não estava no programa. Por que razão, então, está aí e aumenta a galope?
Quem souber, é favor candidatar-se a algum cargo importante. Terá meu voto.
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JOSÉ HORTA MANZANO – Escritor, analista e cronista. Mantém o blog Brasil de Longe. Analisa as coisas de nosso país em diversos ângulos, dependendo da inspiração do momento; pode tratar de política, línguas, história, música, geografia, atualidade e notícias do dia a dia. Colabora no caderno Opinião, do Correio Braziliense. Vive na Suíça, e há 45 anos mora no continente europeu. A comparação entre os fatos de lá e os daqui é uma de suas especialidades.
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