Os Grandes Técnicos do Futebol Brasileiro – Muricy Ramalho
Telê, valorizava a técnica e o jogo ofensivo. Muricy, a aplicação tática e sólidas defesas.
Luis Filipe Chateaubriand
Como jogador de futebol, Muricy Ramalho foi um excelente meia atacante, técnico e ofensivo.
Muitas vezes cotado para jogar na Seleção Brasileira, fez sucesso no São Paulo, no futebol mexicano e no América Carioca.
Como técnico de futebol, começou sua ascendente carreira no Puebla, do México, onde havia jogado e, depois, foi treinar as divisões de base do São Paulo, isso no início dos anos 1990.
Foi então que começou a aprender os métodos do Mestre Telê Santana, que também trabalhava no “Tricolor Paulista”, mas como técnico do time principal.
Na verdade, aprendeu com Telê mais austeridade e rigor, pois suas visões de futebol eram distintas.
Telê, valorizava a técnica e o jogo ofensivo.
Muricy, a aplicação tática e sólidas defesas.
No Náutico, em 2001, foi campeão pernambucano, título que o “Timbu” não conquistava há 11 anos.
Saiu do Náutico, mas voltou, sagrando bicampeão pernambucano, em 2002.
No Internacional, em 2003, conquistou o campeonato gaúcho, o título até então mais expressivo de sua carreira.
Em 2004, levou o modesto São Caetano ao seu único título, o de campeão paulista de 2004.
Em 2005, na volta ao Internacional, foi campeão gaúcho novamente e vice-campeão brasileiro.
Mas foi no São Paulo que viveu o auge da carreira, pois conquistou três títulos de campeão brasileiro consecutivos, em 2006, 2007 e 2008 – nas três ocasiões, um time sólido, bem estruturado, que dificilmente levava gols e os fazia na hora certa.
Em 2009, à frente do Palmeiras, era líder do Campeonato Brasileiro por ampla margem mas, mesmo assim, perdeu o título, o que culminou na sua demissão, em 2010.
Seguiu para o Fluminense e, estando lá, foi convidado para a Seleção Brasileira, mas o Fluminense não quis liberá-lo, e ele ficou no clube.
Curiosamente, a torcida do “Tricolor Carioca” deveria adorá-lo pelo fato, mas, ao contrário, o detesta desde sua saída.
No Fluminense, conquistou o seu quarto título brasileiro, o de 2010.
Em 2011, conquista, pelo Santos, a Copa Libertadores da América, seu título mais importante de todos.
Entre 2013 e 2015, teve sua terceira passagem pelo São Paulo, desta vez sem títulos.
Em 2016, Muricy foi ao Flamengo, mas teve que sair antes do meio do ano por problemas de saúde, se aposentando da função de treinador.
Seu estilo de jogo era montar equipes com defesa reforçada, muitas vezes com três zagueiros, atrair o oponente e liquidar o jogo em rápidos contra-ataques.
Gostava, também, de bolas alçadas na área, pelo alto.
O pragmatismo de seu futebol levou o analista de futebol Mauro Cezar Pereira a cunhar o título “muricybol”, mas o fato é que sua estratégia, um futebol cru, funcionava e seus clubes ganhavam títulos.
Um cidadão que é quatro vezes campeão brasileiro e campeão da Copa Libertadores da América não pode deixar de ser considerado um dos maiores técnicos da história do futebol brasileiro.
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– Luis Filipe Chateaubriand – Acompanha o futebol há 45 anos. Publicou uma dezena de livros sobre o calendário do futebol brasileiro, além de mais de uma centena de artigos sobre o assunto. Foi Consultor do Bom Senso Futebol Clube – movimento dos jogadores de futebol brasileiro que propôs modificações no calendário de nosso futebol. Foi membro do Grupo de Trabalho da Confederação Brasileira de Futebol (CBF) que visava promover modificações no calendário. Além de escrever sobre o calendário do futebol brasileiro, escreve sobre outros assuntos, de natureza mais lúdica, relacionados ao futebol. Também escreve sobre política. É Mestre em Administração Pública pela Fundação Getúlio Vargas.