Uns patetas e trapalhões.

Os nossos patetas e trapalhões não são em nada divertidos como o trio e o quarteto de outrora que tanto nos alegravam. Embora possamos rir desses também, e alto, agora que conhecemos detalhes absurdos, o assunto seja bem sério, esse monte de gente ruim reunida para novamente abalar e golpear o país.  

patetas, golpe

São, como se pode dizer? – um grupo de patéticos, com farda e sem farda. Durante os anos que estes estiveram no governo os mais atentos já puderam acompanhar a rápida evolução de suas aspirações, e que agora se mostram como foram ainda muito mais perigosas e o risco que passamos de ter nova escuridão. Eram reuniões, falas no cercadinho, muitas ações e omissões, tramoias. Eles chegaram ao poder em 2018, mas ali já carregavam suas malas de mentiras, a fórmula da guerra digital, seus planos de melar votações. Penso que nisso a pandemia nos salvou, fez com que se atrasassem, e lhes deu muito trabalho, mau humor. Não tem como eximir o ex-presidente de nada. Tudo o cercava, acompanhava, precisava de seu aval.  Tudo tramado bem perto dele, nas salas e cargos com os quais abrigava e alimentava tanta gente ruim. Agora tem aparecido com cara de Recruta Zero diante do General Tainha, olhar assustado de quem se viu pego na botija, como se falava antigamente.

 Temos de nesse momento dar mesmo graças porque foram e são – e serão sempre – patéticos, atrapalhados, néscios, embrulhados. A coleção de adjetivos atravessa continentes para nomear essa turma que pensou – e até conseguiu em alguns momentos – abalar o país, além da nossa saúde mental e física. São criminosos travestidos de patriotas, com ideias e tentativas assassinas como os planos mais do que descobertos, impressos (eles escreveram, imprimiram cópias nas máquinas do Palácio do Planalto!). O chamaram, vejam só, de “Punhal Verde e Amarelo”; previa o uso de explosivos e venenos (não consigo parar de pensar nesse detalhe, como fariam, como se daria) para matar o presidente eleito, Lula, seu vice, Geraldo Alckmin e o ministro do STF Alexandre de Moraes, que chegaram a seguir bem de perto para capturá-lo – esse eles queriam matar pessoalmente, talvez torturar, tal é o ódio que lhes inspira. Tudo era para ser feito até o fim de dezembro de 2022. Não rolou. Flopou. E, se lembram, logo o “chefe” correu para uma temporada nos Estados Unidos, de onde acompanhou a balbúrdia feita dias depois da posse de Lula.

 Agora, essa semana, finalmente saiu a lista de 37 indiciados pela Polícia Federal no inquérito do 8 de janeiro de 2023, com aquelas invasões destruidoras, falas e atos anteriores, posteriores, e claro que os cinco detidos da operação que apontou o punhal dos patetas e trapalhões também estão nessa lista tenebrosa que esperamos seja levada adiante para a punição rigorosa. Embora, claramente, mesmo tão grande, nessa lista esteja faltando “uns” – vamos pegar nossas antigas lembranças e anotações e preencher os faltantes, suas boiadas, suas armas, seus coturnos, aqueles que passaram pela Saúde, os do Congresso Nacional, os que lideraram e incitaram tanta violência. A esperança é a última que morre e esses uns ainda deverão integrar o rol dos celerados que vêm sendo apontados.

Pode ser que agora até o STF pense melhor, reveja sentenças, libere e livre a cara daqueles muitos pobres coitados civis que estavam nas ruas de amarelinho. Entre eles, até bem velhinhos e velhinhas que viram ali um passatempo e se divertiram muito “fazendo amigos” nos acampamentos diante de quartéis, depois sem condições para fugir do país como muitos, e que já puxam cana brava, esquecidos, décadas de condenação nas costas. Talvez mereçam só puxões de orelha, ficar sem sobremesa, catar coquinhos.

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MARLI GONÇALVES – Jornalista, consultora de comunicação, editora do Chumbo Gordo, autora de Feminismo no Cotidiano,  Coleção Cotidiano, Editora Contexto. (Na Editora e na Amazon). Vive em São Paulo, Capital.

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