A QUERIDA MAL AMADA

A querida mal-amada. Blog Mário Marinho

A QUERIDA MAL AMADA

 Até algum tempo atrás, ela era a queridinha do brasileiro.

O povo se desmanchava em amores. Homens, mulheres, crianças corriam e lotavam os estádios de qualquer parte do mundo para vê-la.

Aplausos e sorrisos saíam fáceis, aos borbotões.

Hoje, coitada da nossa Seleção Brasileira: nem recebe tantos aplausos, nem lota estádios, nem vence todos os adversários.

Ah!, foi-se o tempo de que ao falar do próximo jogo, o orgulhoso brasileiro discutia de quanto seria a vitória e quem fariam os gols da vitória absolutamente certa.

Final dos anos 90, assisti a uma conferência do então todo poderoso presidente da Fifa, João Havelange, obviamente sobre futebol.

Em determinado momento, afirmou com a voz forte que possuía e a certeza do que estava falando:

– A segunda-feira que eu entrar na padaria para tomar o cafezinho da manhã e não encontrar ninguém discutindo a rodada do domingo do futebol ou mesmo no escritório, no trabalho, é porque o futebol acabou.

Chegando ao local do trabalho, resolvi fazer uma pesquisa e fui perguntando aos companheiros o que eles haviam achado da vitória do Brasil, 4 a 0, sobre o Peru.

Ao chegar no décimo entrevistado dei minha “pesquisa” por encerrada.

Seis deles não assistiram ao jogo.

Motivos os mais diversos:

– A Seleção não me motiva.

– Tinha um compromisso.

– Nem sabia que a Seleção iria jogar.

– Fiquei assistindo a um filme.

E por aí foi.

Quando assumiu a Seleção no princípio deste ano, Dorival Jr. disse que considerava sua principal missão a recuperação do torcedor brasileiro que já não ligava muito para a Seleção.

Mas, pelo que se vê no momento, o sério e correto Dorival não tem conseguido muito êxito.

Há um problema técnico que vamos falar mais à frente.

Quem assistiu ao jogo do Brasil e Peru na última terça-feira, conferiu muitos espaços vazios no estádio Mané Garrincha, em Brasília.

Aqui, o motivo é gritante: os ingressos variaram de R$ 120,00, o mais barato, a R$ 600,00 o mais caro.

Em que planeta será que vive a pessoa que decide esse preço para os ingressos? Certamente, não é no Brasil, onde R$ 600,00 representam metade de um salário mínimo.

Ou seja, se o time, tecnicamente já não atrai, o preço exorbitante proíbe.

Esse é um problema mais fácil de resolver, pois, não me parece difícil encontrar uma pessoa de cabeça pensante e pés no chão. É só procurar.

Já dentro de campo, aí, as coisas se complicam.

Todos nós sabemos que essa nossa terra abençoada por Deus, vive uma já prolongada entressafra. Há tempos não aparece por aqui um grande jogador de futebol, um craque.

O último nesses 20 anos, foi Neymar que se notabilizou pelo excelente futebol, mas, depois virou sua atenção para outros ares: mulheres aos montes (eu não tenho nada contra mulheres, mas acho que existe uma medida certa), iate, carro, helicóptero, jatinho, mansão… e agora está no ramo imobiliário com a construção de um mega luxuosíssimo prédio em Santa Catarina. Negócio de R$ 400 milhões de reais.

E o tempo para o futebol? Nem pensar.

Mas, e o jogo?

O jogo de terça-feira teve um primeiro tempo absolutamente igual aos últimos jogos da Seleção. Fraco, fraquíssimo, uma leréia como se dizia lá no Parque Riachuelo, em BH.

Ao final do primeiro tempo, a Seleção tinha chutado duas bolas ao gol peruano.

Já os peruanos que procuravam um empate, não chutaram uma bola sequer, nem umazinha.

Dorival Jr. fez algumas modificações. Eu acredito que a principal delas deve ter sido a conversa de vestiário. Ficou evidente que o técnico cobrou atitude de seus comandados.

O time voltou com vontade, com muita vontade.

E os gols apareceram.

AH! dois gols de pênaltis… desdenhou um dos meus entrevistados naquela pesquisa.

Sim, gols de pênaltis, por que não? Aliás, cobrados e convertidos por Raphinha.

O pênalti mostra que o jogador chegou até à área. Conseguiu essa proeza.

Vimos jogadas criativas, tabelinhas, um ou dois lançamentos de um lado ao outro do campo. Jogada que há muito não se vê nesse hoje pobre futebol brasileiro.

Aliás, vimos um golaço de Andreas de voleio, bem ao estilo de Bebeto.

Ficou evidente, por exemplo, que Luiz Henrique, autor de um dos gols, deve ser o titular na ponta-direita.

Ficou evidente que Rodrygo está devendo muito na seleção.

Ficou evidente que Vini Jr não faz falta.

Eu gostaria que o Dorival desse mais chances ao Matheus Pereira, o camisa 10 do Cruzeiro.

Ele entrou só no meio do segundo tempo. Mas, mostrou desenvoltura, ao contrário de outros jogadores na estreia, não tremeu, não ficou nervoso. Merece mais tempo.

Sim, melhorou.

Mas, não se iluda, amigo. Ainda está muito longe de um time pronto para fazer bonito numa Copa do Mundo.

Veja os melhores momentos:

https://youtu.be/D_JRbbTv-yw?si=_xkN9BKKw6bfgNSD

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Mário Marinho – É jornalista. É mineiro. Especializado em jornalismo esportivo, foi FOTO SOFIA MARINHOdurante muitos anos Editor de Esportes do Jornal da Tarde. Entre outros locais, Marinho trabalhou também no Estadão, em revistas da Editora Abril, nas rádios e TVs Gazeta e Record, na TV Bandeirantes, na TV Cultura, além de participação em inúmeros livros e revistas do setor esportivo.

(DUAS VEZES POR SEMANA E SEMPRE QUE TIVER MAIS NOVIDADE OU COISA BOA DE COMENTAR)

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