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Universidades premiadas, sob ataque. Por Adilson R. Gonçalves

A qualidade das universidades não impede, portanto, que elas fiquem sob ataque, não apenas pelo fator financeiro. Assim, foi importante o alerta que professores de Universidades Federais fizeram em relação à falta de simetria entre as ações de direita e de esquerda no âmbito universitário…

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Rankings acadêmicos internacionais atualizados foram publicados e as melhores universidades brasileiras são novamente as instituições públicas. O destaque continua sendo a USP, que voltou a integrar o seleto grupo das 200 melhores universidades do mundo, segundo a THETimes Higher Education. Das 20 melhores desse ranking, 15 são públicas – incluindo a Unicamp, a Unesp, a UFRJ – e quatro são PUCs.

A manutenção da educação pública tem um valor orçamentário elevado e tal investimento é sempre tomado como alto custo e sujeito a contestações. Foi até proposta um tipo de “lei de responsabilidade educacional”, em que haveria parâmetros a serem verificados para o devido uso do recurso na educação. Uma excelente proposta, mas, tal qual a lei de responsabilidade fiscal que fica à mercê de quem quer que ela funcione – ou não –, a mesma cobrança na área da educação será ainda mais volátil e volúvel. Mesmo com a evidente barreira e até impossibilidade de vir a ser aprovada, a ideia deveria ser levada adiante, mesmo com congresso retrógrado e fisiologista que temos.

A qualidade das universidades não impede, portanto, que elas fiquem sob ataque, não apenas pelo fator financeiro. Assim, foi importante o alerta que professores de Universidades Federais fizeram em relação à falta de simetria entre as ações de direita e de esquerda no âmbito universitário, ao questionarem “quem são os inimigos da universidade brasileira?”, especialmente em função de supostas correntes ideológicas de pensamento. Além disso, sabemos que o inimigo mora dentro dos muros universitários, uma vez que houve inseminação do pensamento de extrema direita, que fez com que alguns docentes sejam contrários à própria natureza da universidade pública, gratuita, democrática, plural e inclusiva. A Unesp, por exemplo, a sétima melhor universidade brasileira segundo o THE, está em processo de consulta à comunidade para a escolha do Reitor e uma das chapas não se constrangeu em dizer que, mesmo que não tenha sido a preferida no pleito, aceitaria sem constrangimentos a nomeação pelo Governador.

A atual vice-Reitora, Profa. Dra. Maysa Furlan, junto com o Prof. Dr. César Martins, ficaram em primeiro lugar para os cargos de Reitora e Vice-Reitor, respectivamente. Há forte expectativa se o governador seguirá seus princípios ideológicos ou irá escolher a primeira mulher Reitora da Unesp.

Uma oportunidade para amenizar o ataque que os produtores do conhecimento sofrem.

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Perfil ambiental e político – Adilson Roberto Gonçalves –  pesquisador da  Universidade Estadual Paulista, Unesp, membro de várias instituições culturais do interior paulista.  Vive em Campinas.

 

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