20 Dias em Mariupol e outros em Gaza.
20 Dias em Mariupol e outros em Gaza
Por Paulo Renato Coelho Netto
Neste exato momento, um soldado ucraniano atira em um soldado russo. Neste exato momento, um soldado russo faz pontaria para matar um soldado ucraniano.
Neste exato momento, muitos nem se lembram que soldados russos e ucranianos se matam diariamente há praticamente dois anos.
O conflito começou em fevereiro de 2022, tomou conta dos principais noticiários mundiais durante alguns meses e praticamente deixou de ser notícia.
Ainda assim, neste exato momento, russos e ucranianos continuam se matando diariamente. A maioria jovens, meninos com pouco mais de 18 anos.
Nossa civilização tende a diminuir de estatura à medida que o individualismo aumenta.
Enquanto for bom para um, por que pensar no outro? Ainda mais se o outro estiver do outro lado do mundo, do outro lado do vidro do carro e, principalmente, do outro lado do muro de casa.
Basicamente, não aprendemos nada com a pandemia mundial de Covi-19. O que acontece em qualquer lugar do planeta tem potencial para afetar a todos.
Nesta segunda-feira, 7 de outubro de 2024, fará um ano que Israel devolve aos militantes do Hamas a mesma atrocidade que o Hamas fez com os civis israelenses. As mortes dos palestinos, no entanto, revelam que o troco custou caro.
No dia 7 de outubro de 2023, o Hamas executou 1.200 israelenses e sequestrou aproximadamente 250 pessoas, incluindo estrangeiros. A maioria civis.
Desde então, a resposta militar de Israel já fez mais de 40 mil mortos na Faixa de Gaza, entre civis, mulheres, idosos e mais de 14 mil crianças, de acordo com o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef).
Além da Faixa de Gaza, soldados de Israel combatem agora também no Líbano.
Na guerra a primeira vítima é a verdade. A frase é de autoria desconhecida.
“20 Dias em Mariupol”, do diretor ucraniano Mstyslav Chernov, mostra os horrores causados pelos invasores russos na cidade nas primeiras semanas do conflito.
No início deste ano, o documentário ganhou o primeiro Oscar da Ucrânia. Foi feito por Mstyslav Chernov, colegas cinegrafistas e jornalistas ucranianos que ficaram sitiados em Mariupol durante a invasão.
Considerando que a verdade é a primeira vítima da guerra, a atrocidade pode ser o primeiro monstro a nascer.
O documentário mostra a morte de civis pelo exército de Vladimir Putin. Há cenas que lembram o holocausto, como corpos sepultados em valas coletivas.
Revela de que forma Mariupol foi sitiada, o corte de água, de energia elétrica, da comunicação, o saque de comida nos supermercados e remédios pela população em pânico, a frustração dos médicos e profissionais de saúde impedidos de trabalhar nos hospitais sucateados.
Tudo isso acontece também na Faixa de Gaza há um ano e a temperatura só aumenta no Oriente Médio, como podemos ver.
De acordo com o Índice Global de Paz, em 2024 o planeta contabiliza 56 combates, o maior número desde 1945, quando terminou a Segunda Guerra Mundial. Os países envolvidos disputam territórios, o controle de reservas de petróleo, gás natural e minérios para a indústria.
O documentário “20 Dias em Mariupol” pode ser visto na Netflix.
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Instagram: @paulorenatocoelhonetto
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Paulo Renato Coelho Netto – é jornalista, pós-graduado em Marketing. Tem reportagens publicadas nas Revistas Piauí, Época e Veja digital; nos sites UOL/Piauí/Folha de S.Paulo, O GLOBO, CLAUDIA/Abril, Observatório da Imprensa e VICE Brasil. Foi repórter nos jornais Gazeta Mercantil e Diário do Grande ABC. É autor de sete livros, entre os quais biografias e “2020 O Ano Que Não Existiu – A Pandemia de verde e amarelo”. Vive em Campo Grande.
Diferença básica entre os combatentes: russos e Hamas são agressores; ucranianos e israelenses só estão se defendendo.
E por que omite o imperialismo corânico? Esse mesmo que despreza direitos humanos, direitos das mulheres, direitos dos homos. Se for verificar, a maior parte dos conflitos citados é no mundo muçulmano. Se matam entre si. Mamma Mia.