Os desafios do Ensino Superior. Por Arnaldo Niskier
Desafios… Estamos hoje com cerca de 10 milhões de estudantes universitários, com a rede privada sendo responsável por 71% das matrículas. E a educação à distância reúne 46% das matrículas, o que é um avanço considerável.
Num plenário bastante interessado, o professor Paulo Alonso, reitor da Universidade Santa Úrsula, realizou palestra sobre a perspectiva de expansão do ensino superior brasileiro e a educação à distância. Foi no Conselho de Notáveis da CNC.
Na ocasião, afirmou-se que educação é investimento e não custo e que o desenvolvimento deve ser feito com justiça social. O orador criticou a descontinuidade administrativa do MEC: “Criado em 1930, o MEC até os dias atuais foi ocupado por 57 Ministros de Estado, observando se a média de apenas 1,6 ano de permanência no cargo. Se levarmos em conta que Gustavo Capanema ficou quase 11 anos no posto, pode-se imaginar a fragilidade do problema da permanência de Ministros.
Estamos hoje com cerca de 10 milhões de estudantes universitários, com a rede privada sendo responsável por 71% das matrículas. E a educação à distância reúne 46% das matrículas, o que é um avanço considerável.
É muito grande a capacidade da EAD de interiorizar as matrículas, propiciando a democratização regional indiscutível, mas aí surge o grave problema da qualidade dos serviços prestados. São cursos de baixo nível, a preços baixíssimos, presentes em mais de 3.200 municípios. Anda bem o Ministro Carlos Santana quando puxou o freio de mão de novos cursos, segurando especialmente a criação de cursos de Medicina. Pedagogia representou 40% dos pedidos, o que é bastante natural. As Engenharias ficaram com apenas 4,62% do total, assinalando-se altas taxas de evasão e desistência, com taxas muito baixas de conclusão. Isso prejudica o crescimento do país.
O Reitor Paulo Alonso defende a criação de um melhor sistema de avaliação, para oferecer uma educação superior com qualidade, o que naturalmente é o ideal de todos.
Os integrantes na EAD privada crescem de maneira bastante expressiva (quase o triplo de ingressantes no presencial). Por isso mesmo, todo cuidado com a qualidade é pouco – e isso deve ser considerado.
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Arnaldo Niskier – Imortal. Sétimo ocupante da Cadeira nº 18 da Academia Brasileira de Letras. Professor, escritor, filósofo, historiador e pedagogo. Licenciado em Matemática e Pedagogia pela UERJ. Professor aposentado da Universidade do Estado do Rio de Janeiro. Foi presidente da Academia Brasileira de Letras e secretário estadual de Ciência e Tecnologia e de Educação e Cultura do Rio de Janeiro. Presidente Emérito do CIEE/RJ.