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Ilustração: Benjamim Cafalli

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Ilustração: Benjamim Cafalli

     Ferramenta mal usada é desastre na certa

A atividade do jornalista não se resume a informar bem, deve lembrar-se de que, em tese, quem o lê ou escuta acredita que, por ser o vernáculo a sua ferramenta de trabalho, é perito em usá-lo.

Mas não é o que se tem visto de uns tempos para cá. O vernáculo cada vez mais agredido, palavras usadas sem necessidade; sem que sejam levadas em conta seu poder, o lamentável “possuir” no lugar de “ter”, por exemplo. Gente que, apesar de a reforma ortográfica viger desde janeiro de 2009, ainda não se deu conta do fato. Uma grande quantidade de tropeçantes no uso do hífen, seja por ignorância seja por dificuldade de raciocinar.

O “Mirando”, a seguir, tratará de item por item.

Começando pelo mais fácil: 90% dos escribas desconhecem as regras de como as siglas devem ser escritas. Organização das Nações Unidas, ONU, porque  tem três letras  e dá leitura direta. Conselho Administrativo de Desenvolvimento Econômico, Cade, mais de três letras e leitura direta. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, IBGE, quatro letras e não dá leitura direta. Fácil, não?

Noventa por cento também desconhecem um livrinho de nome Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa, o Volp. E alguns que o consultam não sabem a diferença entre um ortográfico e um léxico. No Volp consta salário-mínimo, que descreve quem é mal pago e não o parco salário.

Um dos grandes problemas que atrapalham os caras-pálidas é esta concordância. Acontece devido a dois fatos, desconhecimento da norma gramatical e falta de pensar. É só inverter a ordem das palavras e a concordância surge de modo claro: entre os problemas que atrapalham este é um.

Um exemplo da falta de pensar está no título de matéria publicada na “Folha de S.Paulo”com chamada na capa do UOL. No jornal impresso está “Dá para criar um país em uma garagem?”.  Perfeito.

No UOL e no site do jornal há o título com um repetitivo erro:

É possível criar um novo país a partir de uma garagem?

A pergunta óbvia: dá pra criar algo que seja velho, que já foi criado?

No texto há uma diferença fundamental que não foi “captada” pelos escribas:

“A ideia é que a tecnologia já permitiria hoje a criação de um país novo e descentralizado.”.

Um país novo é diferente de um novo país. Um “novo” é mais um país e um país novo é um sem os defeitos dos já existentes. Sutil, não?

Item cada vez mais atrapalhante é o hífen. Apesar de a reforma – aqui mais um problema, muitos não sabem diferenciar “de a” de “da” – viger desde janeiro de 2009 é grande o número dos desconhecentes das mudanças, das eliminações. Mas o pior erro está no hífen a que deram assento na Assembleia Geral da ONU. A turma não faz ideia do que seja geral precedido do problemático tracinho.

Um hífen também fora de propósito é o em Lava Jato, nome errado na origem. O certo é Lava a Jato. Vários jornais pioraram o erro e usam Lava-Jato. As companhias aéreas torcem para que abram vários postos…

O que dizer da mania do uso desnecessário – quase sempre errado, basta visitar aquele cada vez mais arrasado brogue – de pronomes demonstrativos? O que se vê de “nesse ano” ou “nesse” mês como referência ao ano e mês em curso é uma grandeza. Neste, nem pensar. E por que usar um demonstrativo no caso em que o dia está determinado por nome e número? Neste domingo – quando não nesse… – (6) haverá eleições. Será o leitor tão distraído que se for escrito “No domingo (6) haverá eleições” não irá votar?

Outro pronome maltratado é o próprio. “No acidente morreram 12 pessoas e outras 15 ficaram feridas”. Puxa, não foram as que morreram? Aliás, as “vítimas fatais” que muitos brilhantes escribas usam sem ter noção que fatal foi o acidente, que a vítima morreu, não matou ninguém? Mesmo que fosse o motorista causador do acidente e tenha morrido seria o motorista fatal…

Os pobres “no” e “com” foram abandonados em troca dos horrorosos junto a/à/ao e junto com. Por quê? Pra quê?

 Ninguém mais chega a um lugar, agora é em, no, na. Sentar-se à mesa, então, só por milagre, as cadeiras tornaram-se obsoletas.

Jornalista é um ser muito sofisticado, recusa-se a usar palavras simples. Perto e parente, never! Próximo e familiar, oras. Ninguém se casa, contrai núpcias (parece doença, não?)  Não fazem ideia de que palavras, mesmo que sinônimas, têm força diferente, devem ser usadas conforme o contexto. É o caso de possuir. Hoje em dia até escadas são proprietárias, possuem degraus…

Erros seguidos na grafia de nomes, seja por falta de acento seja por omissão ou troca de letras. No quesito “O Estado de S. Paulo” é mestre. Tem até um dicionário particular em que consta “câmpus”…

Por fim, o mais irritante e acachapante. Suspeitaram? Acertaram, o suspeito.

“Fulano foi filmado dando 112 facadas e 232 tiros em Beltrano. Foi preso em flagrante e disse aos policiais: “Matei sim e mataria de novo!”. O suspeito(!) foi levado à delegacia…

“Sicrano foi condenado a 150 anos de prisão porque teria…”. Trata-se de Tico e Teco na UTI em coma profundo.

Chega, tenho certeza de que já está comprido o suficiente.

 Tava na cara

 Precisa ser muito ingênuo para imaginar que os ataques de Israel no Líbano não resultariam em apoio irrestrito dos EUA e revide do Irã. Sem fazer juízo de valor, há vários contrastes no epísódio. A hipocrisia dos que dizem querer a paz – querem mesmo é pás para enterrar mortos –, a conhecida e inegável eficiência militar de Israel de um lado e a total ineficácia do conselho de segurança da onu, assim mesmo, na caixa que merece, e dos ataques do Irã.

 Duas considerações: por mais que se repila os abomináveis crimes cometidos por Israel não há por que desejar que o Irã tenha êxito; ambos vão ajudar que Trump/Tramp seja eleito.

 Será o fim do mundo civilizado.

 Mais, não nos esqueçamos de que o Hezbollah nasceu como reação a um massacre cometido por um governo libanês – o mundo árabe é indecifrável – com apoio do Exército israelense em Sabra e Shatila, no Sul do Líbano, em 1982. Milicianos “cristãos” e os soldados israelenses assassinaram, estima-se, quase dois mil opositores do também “cristão presidente eleito do Líbano, Bachir Gemayel. Quando interessa, diferenças religiosas somem.

Netanyanhu é apoiado pelo que há de pior em Israel, quanto mais crimes comete mais se fortalace o apoio dos abjetos radicais religiosos defensores do “Bem” no Kenesset. Ficando no Poder, não irá pra cadeia.

 No SP1

Repórter tratando das eleições municipais: “Marta Suplicy, ex-prefeita, tem projetos “aos” quais é muito conhecida em São Paulo”. Em seguida, falou da lista dos candidatos “melhores” posicionados…

Barrabas, “Ténica, corta o microfone dela!”. Pelos quais e mais bem, falante.

No Estudio i

Do acadêmico Merval Pereira: “Em São Paulo a situação de Bolsonaro é muito preocupada(!)”. Uau, preocupada com o quê, cara-pálida? Não dá pra dizer nem preocupante, pois quanto pior melhor pros paulistanos. Serve complicada?

No Jornal Hoje

A correspondente nos EUA disse que Lula criticou a ONU por não conseguir com que os beligerantes sentem-se “em” uma mesa. Melhor não, ela quebraria. Já “a” uma mesa…

 Pra fechar com chave de ouropel

No GloboNews em Pauta: “No debate haverá dois debatedores homens e duas debatedoras mulheres”. Genial!

Dia complicado

Muitas tarefas, pouca leitura, pouca apontação. Dois dias sem ler o “Estadãozinho”…

(CACALO KFOURI)

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Copiadas da Folha

milicosExército tenta esconder bônus de R$ 50 milhões e lista de servidores beneficiados

A Força tentou manter sob sigilo a lista dos beneficiados. “Embora a remuneração seja uma informação pública, a associação de nomes a gratificações ligadas a avaliações de desempenho pode implicar na(XXX) exposição de dados pessoais de caráter sensível”, disse o Exército.

(XXX) Epa. opa, não é só na obediência à Constituição que tropeçam… Atenção, continência, calcanhares batidos, “pode implicar a exposição”. Pronto, à  vontade!

Dikembe Mutombo,  do Hall da Fama do basquete, morre aos 58

(…). Fora da quadra, ele dedicou seu(?) coração e (?) alma para ajudar os outros”, disse o comissário da NBA, Adam Silver, em comunicado.

(?) O traduzente foi bloqueado! E sua alma, cara-pálida.

A personalidade extrovertida de Mutombo –  com sua celebração característica de acenar o(!!!) dedo

(!!!) Cara-pálida, pelamordedeus! Acenar com o dedo ou aceno de dedo como está mais abaixo.  Se preferir, pode ser acionar o dedo…

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 Copiadas do Blog do Ancelmo

 legenda
jefe: Ancelmo Gois
miss Caixa/mistake/miss Crase: Fernanda Pontes
errador/mister Crase/mister Caixa: Nelson Lima Neto
Por que continuar lendo o blog se tem tanto erro e dá tanto trabalho? É que, apesar da decadência do texto, continua sendo uma boa fonte de informações. E, afinal,  qual seria o sentido de fazer o “Mirando” sem alvo? Pra mode de agilizar a publicação das barbaridades e gastar menos tempo, foram criados grupos por cara-pálida. Neles estarão somente as frases com os erros. É evidente que muitos dos erros que aparecem nos títulos, mas não nos textos, são cometidos por quem publica as notas. De qualquer forma, a responsabilidade é dos autores, devem fiscalizar o produto final, no Jornalismo não deve e não pode valer o triste “caiu na rede, é peixe”.
Como parece que é norma, determinação, no blog escrever errado os nomes de livros, filmes, peças teatrais, novelas, programas de TV e eventos, baixando-lhes as caixas, os erros não serão mais apontados, é chover no molhado. Apareceu um nome? Tá errado!
Lembrete: o “Mirando” desistiu de apontar o emprego errado de pronomes demonstrativos.
Cantinho del jefe
Cantinho do errador/Mister Crase e Caixa
Cantinho da mistake/miss Caixa/miss Crase

 Não deu tempo para a prazerosa leitura, terei delirium tremens…

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