Biografias. Por Adilson Roberto Gonçalves
Biografias…concordo com muitos que estão a rotular de “ideia de jerico” a proposta de uma estátua de Senor Abravanel no Rio de Janeiro. Nem lá, nem em qualquer outro lugar, uma vez que deveríamos cuidar de outros personagens muito mais significativos e benéficos de nossa história cultural…
O fato de Silvio Santos ter sido importante para a história da TV brasileira não quer dizer que tenha sido uma boa pessoa. Seu sucesso se deveu principalmente à traição da boa fé de uma parcela mais necessitada da população e aos acordos com governos da ditadura militar. Assim, concordo com muitos que estão a rotular de “ideia de jerico” a proposta de uma estátua de Senor Abravanel no Rio de Janeiro. Nem lá, nem em qualquer outro lugar, uma vez que deveríamos cuidar de outros personagens muito mais significativos e benéficos de nossa história cultural.
Vivemos muitos apagamentos históricos, especialmente de pessoas negras, de mulheres e dos que lutaram verdadeiramente por um país mais honesto e justo socialmente. Um desses apagados ou distorcidos da História voltou recentemente à discussão. João Cândido Felisberto, o “Almirante Negro”. Há alguma informação sobre ele e que está compilada na Wikipedia (https://pt.wikipedia.org/wiki/João_Cândido), com uma biografia mais detalhada, mas que poderia ser modernizada para sabermos um pouco mais daqueles que realmente fizeram nossa História, ainda que, no caso do Almirante Negro, ele ter sido adepto do Integralismo. O que também é necessário para entendermos as guinadas à direita que a sociedade costuma dar de tempos em tempos.
Ruy Castro teria interesse em biografar João Cândido Felisberto, Silvio Santos ou Delfim Netto? Segundo um dos princípios do excelente articulista e exímio biógrafo, o principal requisito eles já possuem: estão mortos. Para o mal e para o pior, foram personagens icônicos de nossa história política e cultural. Por enquanto, contentamo-nos com obituários e análises gerais dos que faleceram há pouco, mas fica a vontade de obras de fôlego para finalmente descobrir o que realmente eles foram. Aliás, por onde anda Paulo Maluf?
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– Adilson Roberto Gonçalves – pesquisador da Universidade Estadual Paulista, Unesp, membro de várias instituições culturais do interior paulista. Vive em Campinas.