IA e o Efeito Werther no Setembro Amarelo. Por Meraldo Zisman
INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL E O EFEITO WERTHER NO SETEMBRO AMARELO.
Informações falsas sobre suicídio são divulgadas nas redes sociais. Um disso é o exemplo do tal Efeito Werther, fenômeno que descreve o aumento de suicídios após a ampla divulgação de um caso.
Em tempos de conexão digital imediata, o impacto das redes sociais e da inteligência artificial na prevenção ao suicídio tornou-se uma questão crucial, especialmente durante o Setembro Amarelo. As redes sociais, que podem ser uma poderosa ferramenta de conscientização, muitas vezes expõem indivíduos vulneráveis a conteúdos prejudiciais. Da mesma forma, a inteligência artificial, quando aplicada corretamente, pode identificar sinais de alerta e permitir intervenções preventivas. No entanto, se mal utilizada, pode agravar o problema, promovendo conteúdos que exacerbam a fragilidade emocional.
Informações falsas sobre suicídio são divulgadas nas redes sociais. Um disso é o exemplo do tal Efeito Werther, fenômeno que descreve o aumento de suicídios após a ampla divulgação de um caso. O termo tem origem no romance Os Sofrimentos do Jovem Werther, de Johann Wolfgang von Goethe, publicado em 1871, em que o jovem protagonista comete suicídio. Após a publicação do livro, muitos jovens imitaram o ato, levando à proibição da obra em alguns países. Atualmente, o Efeito Werther é uma preocupação no ambiente digital, onde a difusão de detalhes sobre suicídios pode desencadear comportamentos imitativos, especialmente entre jovens e pessoas emocionalmente vulneráveis.
Quando o suicídio é tratado com sensacionalismo ou detalhes, é considerado normal, como uma solução para problemas temporários. A circulação rápida dessas informações nas redes sociais amplifica o impacto do Efeito Werther, agravando a situação. Além disso, a inteligência artificial, já utilizada para monitorar comportamentos online, pode detectar sinais de risco e direcionar pessoas para serviços de apoio, como o CVV (Centro de Valorização da Vida) sendo uma organização brasileira sem fins lucrativos que oferece apoio emocional e prevenção ao suicídio. fundada em 1962. Contudo, se os algoritmos privilegiam o engajamento em vez do bem-estar dos usuários, essas tecnologias podem acabar promovendo conteúdos sensacionalistas, aumentando o sofrimento de pessoas vulneráveis.
Uma prevenção ao suicídio no ambiente digital exige mais do que o uso da tecnologia; demanda uma responsabilidade sobre as plataformas dos usuários. Os influenciadores e os meios de comunicação devem tratar o tema com responsabilidade, evitando a propagação inadvertida do Efeito Werther e promovendo mensagens de apoio e conscientização.
Neste Setembro Amarelo, a conscientização sobre o suicídio vai além de um mês dedicado ao tema. A luta pela vida, intensificada pelas redes sociais e pela inteligência artificial, requer uma abordagem ética e contínua. Apenas com a união de esforços humanos e tecnológicos será possível transformar o ambiente digital em um espaço seguro e acolhedor, em vez de um local onde o sofrimento é amplificado e replicado.
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Meraldo Zisman – Médico, psicoterapeuta. É um dos primeiros neonatologistas brasileiros. Consultante Honorário da Universidade de Oxford (Grã-Bretanha). Vive no Recife (PE). Imortal, pela Academia Recifense de Letras, da Cadeira de número 20, cujo patrono é o escritor Alvaro Ferraz.
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