PAISAGEM

Aproveite a paisagem. Por Paulo Renato Coelho Netto

…A viagem é curta, breve e merece ser intensa. Demande por seu lugar na janela. Aproveite a paisagem…

Aproveite a paisagem

A viagem é curta, breve e merece ser intensa. Demande por seu lugar na janela. Aproveite a paisagem.

Planeja-se tanto, adia-se tanto e quando se vê já fomos e voltamos ao local de origem.

Se o trem estiver lotado, faça como os indianos. Suba no teto e junte-se aos que preferem o vento no rosto à acomodação sufocante dos vagões abarrotados.

Acene sorrindo para os que adorariam embarcar integralmente na vida mas adiaram a aventura por algum motivo.

É única e intransferível a trajetória de cada um, assim como a escolha para onde ir, com quem ou prosseguir sozinho.

Leve os olhos para passear. Eles vão te mostrar a diferença entre periquitos e maritacas, rios e riachos, montanhas e campinas, cataratas e cachoeiras, quartzos e diamantes, restingas e florestas, entre o cão amigo e a raposa ardilosa.

Cuide da sua bagagem. Leve apenas o necessário. Descarte o supérfluo. Alivie o peso da mochila. As costas não foram feitas para carregar pesos extras. Veja como são tristes e lentos os camelos que levam o mundo nas corcovas.

Na paisagem podem surgir baobás, sequoias e castanheiras. Nenhuma é melhor que a outra. São apenas diferentes.

Desvie se encontrar pedras no caminho. Mesmo que seja uma rocha enorme, quanto mais longe estiver, menor vai aparecer no retrovisor. Lá na frente ela some e perderá a importância para nunca mais.

Aproveite a paisagem.

Divirta-se. Não se leve tão à sério. Ria de você mesmo. Seja o melhor passageiro da sua própria viagem.

Resista à estranheza ao caminhante como um touro de rodeio à humilhação pública. A xenofobia é apenas mais uma doença neste mundo cheio de enfermidades.

A aventura é só sua. Nada aplaca a solidão humana.

Aproveite como puder. Dance na praia ao pôr do sol como se estivesse em Woodstock.

Quem segue seu caminho não perde tempo no circo dos sádicos.

Somos nômades e ciganos.

Pegue carona se precisar. Aceite ou peça ajuda. Você pode se admirar com a solidariedade que existe nas estradas.

Evite desembarcar antes do destino. Alguém pode estar te esperando para uma festa de arromba com apenas três ou quatro pessoas, um mergulho para espantar o calor e memórias a serem compartilhadas.

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Instagram: @paulorenatocoelhonetto

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paulo rena

Paulo Renato Coelho Netto –  é jornalista, pós-graduado em Marketing. Tem reportagens publicadas nas Revistas Piauí, Época e Veja digital; nos sites UOL/Piauí/Folha de S.Paulo, O GLOBO, CLAUDIA/Abril, Observatório da Imprensa e VICE Brasil. Foi repórter nos jornais Gazeta Mercantil e Diário do Grande ABC. É autor de sete livros, entre os quais biografias e “2020 O Ano Que Não Existiu – A Pandemia de verde e amarelo”. Vive em Campo Grande.

 

capa - livro Paulo Renato

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