Marcos Freire e sua eterna lição de fazer política. Por João Zisman
Marcos Freire, opositor ferrenho do regime militar e defensor incansável da abertura democrática no Brasil, personificava o equilíbrio entre firmeza e serenidade. Mesmo diante de um ambiente profundamente autoritário, jamais sucumbiu ao ódio…
“Sem ódio e sem medo”. Estas quatro palavras, simples, porém poderosas, marcaram uma era na política pernambucana e nacional, carregadas de significados que transcenderam seu tempo e ainda ecoam nas necessidades políticas do Brasil contemporâneo. Foi com este lema que Marcos Freire, um dos maiores líderes políticos de Pernambuco, enfrentou de cabeça erguida o autoritarismo e as injustiças sociais de seu tempo, e sua memória serve de inspiração em um cenário político cada vez mais polarizado.
Marcos Freire, opositor ferrenho do regime militar e defensor incansável da abertura democrática no Brasil, personificava o equilíbrio entre firmeza e serenidade. Mesmo diante de um ambiente profundamente autoritário, jamais sucumbiu ao ódio, mantendo-se altivo e indignado com as mazelas nacionais. Era um político de posições firmes e contundentes, mas que sempre se manteve comprometido com o respeito ao dissenso, um princípio fundamental da democracia.
Freire foi um defensor ardoroso da anistia ampla, geral e irrestrita, posicionando-se contra propostas de anistia parcial, como a do senador Dinarte Mariz. Sua luta culminou na decretação da anistia irrestrita em 1979, pelo então presidente João Figueiredo, um marco importante na trajetória rumo à redemocratização do país. Seu trabalho e legado continuam a ser um exemplo de coragem e sensatez.
Hoje, em um cenário político marcado por discursos e narrativas incendiárias, a falta de lideranças que, como Marcos Freire, aliem destemor e serenidade, é notável. Precisamos de vozes que, sem abrir mão da firmeza, promovam a paz e o respeito mútuo, distantes do ódio que corrói o tecido social. O slogan “Sem ódio e sem medo” permanece uma lição valiosa, não só para Pernambuco, mas para toda a nação, lembrando-nos que é possível lutar por um Brasil melhor com coragem, mas sempre com humanidade e respeito.
O resgate desse espírito pode ser uma resposta aos desafios do presente, uma forma de reencontrarmos o caminho da política feita com diálogo, firmeza e, acima de tudo, sem rancor. A história nos mostrou que é possível, e Marcos Freire é um exemplo disso. Que possamos nos inspirar em seu legado para construir um futuro onde a política seja um instrumento de união, e não de divisão.
______________________
JOÃO ZISMAN – Economsta e Jornalista. Vive em Brasília.