Brasil x Estados Unidos. Por Laurete Godoy
Amanhã, dia 10 de agosto de 2024, no Parc des Princes, em Paris, as equipes do Brasil e dos Estados Unidos entrarão em campo, para decidirem quem ficará com a medalha olímpica de ouro do futebol feminino.
Final olímpica de futebol feminino
Foi na década de 1990 que o futebol feminino evoluiu ao redor do mundo, fazendo com que os chutes portentosos, os dribles e as jogadas sensacionais das meninas, levassem muitos espectadores aos estádios.
O confronto olímpico entre jogadoras dos Brasil e Estados Unidos fizeram-me lembrar de dois acontecimentos que merecem ser compartilhados, para que nomes e fatos não fiquem perdidos na poeira do tempo.
O primeiro deles ocorreu na década de 1980.
Em um evento promovido pelo Panathlon Clube de São Paulo, tive oportunidade de conversar com o doutor João Havelange, antigo nadador olímpico brasileiro que, posteriormente, foi eleito para a presidência da FIFA, em francês, Fédération Internationale de Football Association. Ele permaneceu no elevado posto, por vinte e quatro anos.
Sabendo do incentivo que o doutor Havelange estava dando à prática do futebol para mulheres, atrevi-me a questionar:-“Doutor Havelange, por favor! Futebol para as mulheres? O senhor não acha que será violento demais? Pelo tamanho do campo, pelo tempo de jogo, peso da bola e características da modalidade? Acredito que o futebol será impraticável para as mulheres! Desculpe, mas não creio que dará certo.”.
Tranquilamente ele respondeu: – “Você está redondamente enganada. De início poderá ser lenta a aceitação, mas, com o passar do tempo, verá que as meninas jogarão tão bem quanto os homens. Pode acreditar em mim.”.
Apesar do entusiasmo do ilustre presidente, duvidei. Porém, doutor Havelange continuou investindo em sua certeza, o projeto firmou-se e a Primeira Copa do Mundo de Futebol Feminino foi realizada na China, em 1991. A partir daí, a cada quatro anos, outros campeonatos foram realizados e as jogadoras do Estados Unidos conquistaram quatro títulos: 1991, 1999, 2015 e 2019. Ver a equipe feminina dos Estados Unidos tornar-se Tetracampeã de Futebol foi o segundo acontecimento que me impressionou.
No início da década de 1970, os norte-americanos mal conheciam o Futebol e não se interessavam por ele. Porém, no dia 15 de junho de 1975, o New York Cosmos apresentou ao público um novo jogador: o brasileiro Edson Arantes do Nascimento e, a partir daí, o Cosmos ficou famoso internacionalmente, por ser “a equipe de Pelé”.
Foi com Pelé que tudo começou por lá e, no dia 14 de agosto de 1977, ocorreu recorde de público para o Futebol na América do Norte: 77.691 pessoas assistiram, no estádio, ao jogo entre o Cosmos de Nova York e a equipe de Fort Lauderdale. No ano de 1984, durante os Jogos Olímpicos de Los Angeles, o torneio de Futebol superou as mais otimistas perspectivas, porque foram quebrados todos os recordes de público registrados até então.
O tempo foi passando e hoje dou a mão à palmatória. Doutor Havelange estava repleto de razão, porque o futebol feminino mostrou que “as meninas jogam tão bem quanto os homens”.
Estamos no ano de 2024, vivendo as emoções da XXXIII Olimpíada da Era Moderna, que está acontecendo na bela Paris. Amanhã, será realizada a final olímpica do Futebol Feminino e acredito que, a atenção de milhões de espectadores do mundo inteiro estará voltada para o lendário Parque dos Príncipes, para assistir ao duelo esportivo entre as jogadoras do Brasil e dos Estados Unidos.
Isso me deixa alegre por lembrar que, além das jogadoras, existem dois brasileiros que também merecem receber nossos aplausos: o doutor João Havelange, que acreditou e incentivou a prática do Futebol pelas mulheres e Pelé, nosso eterno Rei, que apresentou o futebol aos norte-americanos, levando-os a gostarem tanto do esporte, que a equipe feminina dos Estados Unidos firmou-se como uma das melhores do mundo na especialidade.
Vamos torcer para que, em 2024, o título olímpico venha para o Brasil. Afinal, doutor Havelange e Pelé merecem que isso aconteça.
Doutor Havelange, por ter integrado a equipe brasileira de esportes aquáticos nos Jogos Olímpicos de Berlim, em 1936.
Pelé, por ter recebido do Comitê Olímpico Internacional, a maior honraria da entidade – a Comenda da Ordem Olímpica. Mesmo sem ter participado de uma Olimpíada, ele fez jus ao prêmio, por ter contribuído para o desenvolvimento do esporte ao redor do mundo.
Diante de dessas histórias genuinamente brasileiras, um viva também ao Movimento Olímpico, que promove a união entre os povos, por meio da prática esportiva.
São Paulo, 9 de agosto de 2024.
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Laurete Godoy – Escritora e pesquisadora. Autora de Brasileiros voadores – 300 anos pelos céus do mundo.
Artigos como este só enriquecem e contribuem para divulgar o esporte e pessoas importantes da história brasileira que merecem reconhecimento e fazem parte de nossa memória que precisa ser valorizada.
Laurete, sempre impressiona com suas histórias!! Vamos Brasil!!
Belo artigo, Laurete! Eu não sabia que você faz parte do desenvolvimento do futebol feminino mundial. Vamos torcer hoje pelas meninas brasileiras .
Excelente artigo, Laurete. Agora é torcer hoje pelas meninas brasileiras.