A volta do xerife. Coluna Mário Marinho

A volta do Xerife

O zagueiro Moisés foi um dos mais conhecidos zagueiros do futebol brasileiro. Para muitos era violento, para outros tinha raça, para todos, foi um grande líder e jogador.

Ficou famoso também por cunhar a frase: “Zagueiro que se preze não ganha Belfort Duarte”.

Belfort Duarte foi um apaixonado pelo futebol. Um dos fundadores do Mackenzie, em São Paulo, mudou-se para o Rio de Janeiro onde ajudou a fundar o América.

Disciplinado, exigente, correto e elegante acabou inspirando o Troféu Duarte, Premiação instituída pelo Código Brasileiro de Futebol, em 1945, que premiava atletas que houvessem jogado futebol sem ter sido expulso por 10 anos. Telê Santa, Didi e Vavá foram alguns dos agraciados. Belfort Duarte viveu de 1883 a 1918.

Moisés achava, com ironia, que o zagueiro não podia ser mesmo disciplinado, nem elegante.

Aliás, no futebol brasileiro mais antigo, o perfil ideal do zagueiro era de um homem forte, feio, grosseiro, botineiro, caneludo, destemido, sem medo, ousado e que, com tudo somado, botasse medo nos atacantes adversários e também no juiz.

E minha infância lá em Belo Horizonte, tremi de medo quando o Atlético contratou o zagueiro Anísio, do Vila Nova da cidade de Nova Lima, conhecido pelos maus tratos que dispensava à bola e, principalmente os adversário, que lhe valeram o apelido de Capitão Galdino, em referência ao bando de cangaceiro de Lampião retratados no filme de Lima Barreto.

Meu time, o América, em compensação, tinha Fernando Fantoni, que não deixava Anísio muito para trás. Mas, como era do meu time, seus pecados eram perdoados. Aliás, o irmão dele, Benito Fantoni, da mesma estirpe e linhagem, foi também zagueiro do Atlético.

Num rápido buscar da memória, acredito que o primeiro grande zagueiro que eu vi jogar foi Djalma Dias. Digo grande como craque, sem apelar para a violência.

Djalma Dias jogou no Atlético Mineiro, em 1968, época em que o time era dirigido pelo truculento Yustrich que não gostava nada do zagueiro e o definia assim:

É uma pessoa difícil. Fala com a gente com o nariz arrebitado, usa esmalte e tem cartão Diners.

Porém, o melhor de todos que vi jogar foi Luís Pereira que iniciou sua carreira como Luís Chevrolet, chegou a Don Luís na Espanha, onde foi ídolo. Sabia tomar a bola com elegância e sair jogador. Grande Pereirão.

Voltando ao Moisés, ele foi revelado pelo Bonsucesso onde jogou de 1966 a 19687, passou pelo Flamengo, Botafogo, Corinthians, Paris Saint-Germain e encerrou sua carreira no Bangu, em 1983. O deus da raça morreu em 2008, aos 60 anos, vitima de câncer de pulmão.

Mas a volta do xerife a que me refiro agora, é a volta do zagueiro uruguaio Lugano ao São Paulo.Típico zagueirão-xerife com a raça dos uruguaios, Lugano defendeu o São Paulo de 2003 a 2006.

Marcou época.

Todo torcedor gosta de ver seu jogador saindo de campo com a camisa molhada, o uniforme sujo de quem está saindo de uma batalha.

Assim sempre foi o Lugano.

Agora, aos 35 anos de idade (nasceu em 1980) a torcida não pode esperar dele o mesmo vigor de dez anos passados.

Mas a sua experiência vai fazer muito pelo São Paulo, principalmente na disputa da Libertadores.

Além disso, os torcedores tricolores devem saudar a chegada de Lugano pelo espírito de liderança que ele sempre demonstrou nos clubes em que passou. Com a saída de Rogério Ceni, o time do São Paulo fica carente de um líder e Lugano é uma boa solução.

Mano a mano

EDGARDO BAUZA

Assisti a uma reportagem com treinos do São Paulo e gostei de um detalhe que percebi no treinador Edgardo Bauza.

Num determinado momento, o atacante Centurión tinha pela frente apenas um zagueiro mas, ao invés de tentar o drible, optou por passar a bola para um companheiro. O treinador parou o treino e de onde estava gritou para o atacante:

– Centu, é mano a mano, arriba!

Ou seja, incentivou o atacante a vencer o adversário que estava sem cobertura. É importante o técnico dar esse incentivo para o atacante, torná-lo mais ousado, dar liberdade a ele. Agora, o atacante já sabe: se é mano a mano, parta pra cima.

Chute na bunda

Você deve estar se lembrando daquele francês arrogante chamado Jérôme Valcke, todo poderoso secretário geral da Fifa. É, é isso mesmo. Aquele que disse que os brasileiros precisavam levar um chute no traseiro devido ao atraso nas obras da Copa de 2014 (aliás de triste memória).

Pois é, o tal francês acaba de levar um chute na bunda. O Comitê de Emergência da Fifa, que já havia detonado o presidente Joseph Blatter, anunciou a demissão do francês arrogante e abertura de inquérito por suspeita de corrupção.

Au revoir, monsieur!

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FOTO SOFIA MARINHO
MARIO MARINHO, agora qui no Chumbo Gordo.com.br
  • Mario Marinho É jornalista. Especializado em jornalismo esportivo foi durante muitos anos Editor de Esportes do Jornal da Tarde. Entre outros locais, Marinho trabalhou também no Estadão, em revistas da Editora Abril, nas rádios e TVs Gazeta e Record, na TV Bandeirantes, na TV Cultura, nas rádios 9 de Julho, Atual e Capital. Foi duas vezes presidente da Aceesp (Associação dos Cronistas Esportivos do Estado de São Paulo). Também é escritor. Tem publicados Velórios Inusitados e O Padre e a Partilha, além de participação em  livros do setor esportivo
A COLUNA MÁRIO MARINHO É PUBLICADA TODAS AS SEGUNDAS E QUINTAS AQUI NO CHUMBO GORDO

3 thoughts on “A volta do xerife. Coluna Mário Marinho

  1. Marinho, Mais Djalma Dias: Ele morava no Hotel Excelsior (na época, o hotel mais luxuoso de Belo Horizonte) e um dia, entrevistado na Rádio Itatiaia, o repórter perguntou-lhe qualquer coisa sobre o filho pequeno e ele respondeu: “Meu filho é um ser que ainda não sabe discernir”. PS – Tenho sido leitor permanente do Chumbo Gordo. Grato, Paulo Lott, BH.

    1. Que maravilha, muito obrigada, Paulo!!! Contaremos sempre com sua colaboração e divulgação.Beijo da Chumbinha Marli

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