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Que diferença do homem a mulher tem. Por Paulo Renato Coelho Netto

A mulher aproveita cada segundo do sinal fechado, enquanto o homem fica parado ali, hipnotizado, acompanhando o vermelho ficar amarelo e o amarelo passar para o verde para seguir adiante. O tempo que o homem fica no farol vermelho é perdido na vida. A mulher usa…

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Observo uma mulher ao lado do meu carro esperando o farol abrir. Sozinha, dentro do seu automóvel, ela analisa todas as unhas das mãos. Olhada rápida, uma a uma. Em segundos deve ter radiografado o que precisa ser feito em cada uma delas. Qual descascou, se alguma trincou e quais ainda aguentam a batalha até o próximo retoque.

Do nada aparece um batom. Passa rápido e depois começa aquele ritual que as mulheres fazem com os lábios sempre que passam batom. É universal. Um lábio espreme o outro, coisa que elas aprendem ainda criança e aperfeiçoam a vida toda, como se maquiar e falar.

Neste sinal fechado ela já sabe exatamente o dia que vai marcar para ir à manicure. É bem provável que inclua depilação na conversa. Tem uma agenda eletrônica na cabeça.

Se não der tempo de ligar agora, enquanto aguarda também para voltar a dirigir, no próximo farol vermelho ela resolve.

Antes de seguir, ainda sobra tempo para dar aquela ajeitada no cabelo com as mãos. Neste momento está torta, inclinada para a direita, se olhando no espelho retrovisor com o corpo entre os dois bancos da frente.

O retoque do sinal vermelho deve ser algo instintivo e automático.

Já vi algumas fazendo tudo isso no farol falando ao mesmo tempo ao telefone. E o rapaz, coitadinho, se contorcendo em malabares na faixa de pedestre para ganhar algum dinheiro. Mal sabe ele que é infrutífero concorrer com o sexo feminino. Depois que passei a observar melhor, o Show dos Faróis sempre vem das mulheres. O homem sempre perde.

A mulher aproveita cada segundo do sinal fechado, enquanto o homem fica parado ali, hipnotizado, acompanhando o vermelho ficar amarelo e o amarelo passar para o verde para seguir adiante. O tempo que o homem fica no farol vermelho é perdido na vida. A mulher usa.

Se ela estiver escutando música, não se engane. Uma mulher ouvindo música no carro nunca poderá ser confundida apenas com uma pessoa ouvindo música enquanto dirige.    Ela saberá a letra inteira da canção, quem é o cantor e ainda vai cantar junto. Sabe, também, se é ou já foi casado e quantos filhos teve com qual esposa, além da idade, onde nasceu, se está solteiro ou se é gay.

Seria preciso descer ao subterrâneo da humilhação para comparar a mulher ao homem antes, durante e após um casamento.

Na categoria de convidada, ela vai se lembrar de tudo, dos preparativos no salão de beleza ao fim da festa, passando pela cerimônia religiosa.

Se provocada, será capaz de analisar e dar notas sobre todos os quesitos dos últimos seis matrimônios que foram avaliados pelo conjunto da obra.

A decoração da igreja, os arranjos de flores, as músicas tocadas no religioso, a iluminação, o que o padre falou, os trajes e quem eram os padrinhos, como o noivo estava vestido, o sapato dele, além de todos os detalhes da futura esposa, do tecido ao véu. Consegue ver até a sandália de salto alto da noiva debaixo do vestido.

Na festa ela vai reparar em tudo, incluindo o que tinha para comer, o que se serviu, o que estava melhor e o que não consumiu por falta de espaço, qualidade ou interesse, incluindo doces, salgados e bebidas.

Ela vai saber, no dia seguinte, quem estava com quem, qual romance está no início, qual casamento está em crise ou acabando, quem decidiu se assumir em alguma letra LGBTIA+, quem vai ou voltou da viagem, como eram todas as bolsas, os sapatos, os vestidos e os penteados das convidadas, quem colocou lentes de contatos nos dentes, a tonalidade das lentes de contato dos dentes, as joias, bijuterias e qual era o melhor garçom, pelo serviço e o humor.

Além de dançar como se não houvesse o amanhã, ainda vai perguntar no dia seguinte. Você viu como a vocalista da banda cantava bem?

O homem, quando muito, vai se lembrar vagamente apenas de 30% do casamento. Os outros 70% serão incluídos na conta da amnésia alcoólica.

Sem querer generalizar, claro. Apenas 99% dos homens adultos se embriagam em casamentos.

Ele até sabe que foi à festa, mas não se lembra como voltou.

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Instagram: @paulorenatocoelhonetto

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paulo rena

Paulo Renato Coelho Netto –  é jornalista, pós-graduado em Marketing. Tem reportagens publicadas nas Revistas Piauí, Época e Veja digital; nos sites UOL/Piauí/Folha de S.Paulo, O GLOBO, CLAUDIA/Abril, Observatório da Imprensa e VICE Brasil. Foi repórter nos jornais Gazeta Mercantil e Diário do Grande ABC. É autor de sete livros, entre os quais biografias e “2020 O Ano Que Não Existiu – A Pandemia de verde e amarelo”. Vive em Campo Grande.

 

capa - livro Paulo Renato

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