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Escolas cívico-militares: sucesso ou fracasso? Por Arnaldo Niskier

Embora já existam mais de 300 escolas com o selo de cívico-militar, nos dois Estados que pularam na frente, a generalização do projeto ainda não aconteceu, devido ao receio do seu uso político e eventuais distorções. Por exemplo, como vão conviver os dois sistemas nos primeiros tempos?…

escolas civico-militares

Dois Estados, por intermédio das suas Secretarias de Educação, pularam na frente, montando projetos de escolas cívico-militares em nosso país: São Paulo e Paraná. Elas estão em estágios diferentes de desenvolvimento do projeto, mas isso não impede que se possa fazer um comentário a respeito.

Não existe um convencimento generalizado de que se trata de uma boa ou generosa iniciativa. Só um pouco de tempo daria mais condições para essa definição, mas os nossos políticos não tiveram paciência de esperar e desencadearam o processo.

Tem-se nítida certeza de que os fundamentos da iniciativa repousam sobre ideias de militares da reserva, como ficou demonstrado nos seus primeiros tempos, especialmente em São Paulo. Por que militares da reserva? São eles que terão o privilégio de dar as aulas dos currículos montados dessa forma.  Essa exclusividade é limitadora e naturalmente excludente. É um ponto que não pode ser aceito como pacífico. Até pela discussão da sua legalidade.

Embora já existam mais de 300 escolas com o selo de cívico-militar, nos dois Estados que pularam na frente, a generalização do projeto ainda não aconteceu, devido ao receio do seu uso político e eventuais distorções. Por exemplo, como vão conviver os dois sistemas nos primeiros tempos? Que ideias devem prevalecer? Quando determinada discussão envolver Ministros militares e outros civis, formados pelos mecanismos da Universidade, como tem sido até hoje, o que deve prevalecer? Prevê-se a existência de um número expressivo de encrencas no desenrolar do projeto, sem nenhuma certeza de como avançará em suas linhas gerais.

Vamos aguardar mais pra adiante discussões do tipo “compra de livros didáticos pelo Ministério da Educação. Quem apitará mais?”

Outro ponto que merece cuidadoso estudo é o da preparação dos exames do Enem. As questões-tipo saem da banca da Fundação Cesgranrio, com sua notória competência, ou vai surgir coisa nova e incerta? O assunto ainda vai dar muito samba, enquanto Secretarias mais afoitas avançam no caminho sem ter certeza de nada.

Esperar um pouco mais seria uma boa medida.

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Arnaldo Niskier

Arnaldo NiskierImortal. Sétimo ocupante da Cadeira nº 18 da Academia Brasileira de Letras. Professor, escritor, filósofo, historiador e pedagogo. Professor  aposentado da Universidade do  Estado do Rio de Janeiro. Foi presidente da Academia Brasileira de Letras e secretário estadual de Ciência e Tecnologia e de Educação e Cultura do Rio de Janeiro. Presidente Emérito do CIEE/RJ.

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