clássico meio majestoso

Um clássico meio majestoso. Blog Mário Marinho

clássico meio majestoso
                                                                              MAJESTOSO?

Foi num domingo, dia 24 de maio de 1942, no Pacaembu, que o clássico entre Corinthians e São Paulo ganhou o apelido de Majestoso.

Foi o dia da estreia de Leônidas no Tricolor, num jogo que lotou o Pacaembu (mais de 70 mil ingressos foram vendidos), um jogaço, que terminou em 3 a 3.

No dia seguinte, o tradicional jornal A Gazeta Esportiva se referiu ao jogo como “Majestoso”, título dado por Thomaz Mazzoni.

O jogo de domingo, tinha tudo para merecer o título de Majestoso.

Lá estavam Corinthians e São Paulo, o estádio lotado, mais de 60 mil pessoas. Se não havia em campo um Leônidas fazendo sua estreia, lá estava Lucas Moura, autor do primeiro dos quatro belos gols do jogo, todos marcados no primeiro tempo.

Esse primeiro tempo teve futebol e emoções a rodo que justificariam o título de Majestoso.

Só que um título dessa importância só se justifica se merecido nos 90 minutos de jogo.

Não foi o caso.

Mas vamos começar do princípio.

Logo aos três minutos de jogo, Luca fez 1 a 0, numa ótima tabela com Calleri e um toque sutil na finalização. Foi um golaço.

Trinta minutos depois, Coronado empatou num belo chute de fora da área. Também um belo gol.

Aos 41 minutos, o zagueiro corintiano, Cacá, marca contra e coloca o São Paulo na frente no marcador.

E sete minutos depois, nos acréscimos, o corintiano Mosquito empata novamente em um belo gol.

Final do primeiro tempo: 2 a 2.

Veio o segundo tempo, mas não veio o futebol.

Os dois times entraram em campo como se houvessem combinado alguma coisa do tipo: já fizemos muito, já jogamos muito no primeiro tempo.

E se deram por satisfeitos.

Mas, e o torcedor? Ah!, o torcedor que se…

O empate, numericamente, não foi bom para nenhum dos dois.

O Corinthians continua ali, pertinho da pegajosa zona do rebaixamento. O São Paulo não conseguiu voltar à Z4, onde está – ou deveria estar – a elite do Brasileirão.

Mas também foi bom para os dois.

O Corinthians, com seu time bem nota 6,5, não voltou a perder para o São Paulo. O São Paulo, que se livrou de um tabu de quase dez anos sem vencer o adversário na Arena NeoQuímica, não venceu, mas também não perdeu.

 Dudu vai embora,

Dudu não vai.

Dudu vai ou não vai.

Em minha opinião, o futebol já foi um pouquinho mais sério.

Se um jogador tinha contrato com um time, cumpria seu compromisso até o fim.

Atualmente, as coisas não são bem assim.

De ambos os lados: jogador e dirigente.

Por causa de uma contusão séria, Dudu ficou afastado do Palmeiras por 10 meses. Nesse tempo, claro, recebeu seu salário pontualmente. E não é salário baixo: dois milhões e duzentos mil reais por mês.

Quando se recupera, após esses 10 meses, o jogador quer ir embora: procurou Alexandre Mattos, o CEO do Cruzeiro e seu amigo particular, que lhe ofereceu uma ótima grana: um milhão a mais do que ele recebia no Verdão, contrato de três anos com possibilidade de mais um.

Há pouco tempo, Dudu levou um tombo de 18 milhões de reais por conta de maus investimentos.

Ótimo momento, portanto, para se recuperar financeiramente.

Consultada, a presidente do Palmeiras, Leila Pereira, considerou ser um bom negócio. Seu raciocínio: o Palmeiras receberia 20 milhões de reais e, portanto, o time estaria indenizado do que gastou com Dudu; se livraria de um jogador que já tem 32 anos de idade; se livraria de um alto salário e abriria espaço para os garotos da base que estão chegando. Tudo certo.

Como ela disse: um bom negócio para os três atores, Palmeiras, Cruzeiro e Dudu.

Só se esqueceram de combinar com a torcida.

Assim que o negócio foi divulgado, torcedores indignados começaram a se movimentar.

Ainda ontem, domingo, Dudu recebeu em casa cordial visita de alguns torcedores que o convenceram de que ele deveria ficar no Palmeiras.

Com certeza, foram apresentados argumentos fortes e Dudu cedeu: não vou mais. Se é para o bem de todos os palmeiras, diga aos torcedores que eu fico.

Aquilo que parecia um bom negócio para os três atores, acabou num imbróglio sem tamanho. (*)

E assim caminha o nosso futebol.

(*) p.s…: Leila Pereira, dirigente do Palmeiras, agora não quer mais o Dudu. Declarou há nesta manhã de segunda, 17 de junho:

“[O Dudu] Sempre vai estar nos nossos corações, sempre vamos estar extremamente gratos. Quantos [jogadores] espetaculares saíram do Palmeiras? Os ciclos se iniciam e se encerram. Não tenho dúvida, o ciclo do Dudu no Palmeiras se encerrou. Estou sendo muito objetiva para que não tenha dúvida”…

Veja os gols do fim de semana:

https://youtu.be/xvuK8U2tbNg?si=2kkKtgRe6IvSsKIF

 

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Mário Marinho – É jornalista. É mineiro. Especializado em jornalismo esportivo, foi FOTO SOFIA MARINHOdurante muitos anos Editor de Esportes do Jornal da Tarde. Entre outros locais, Marinho trabalhou também no Estadão, em revistas da Editora Abril, nas rádios e TVs Gazeta e Record, na TV Bandeirantes, na TV Cultura, além de participação em inúmeros livros e revistas do setor esportivo.

(DUAS VEZES POR SEMANA E SEMPRE QUE TIVER MAIS NOVIDADE OU COISA BOA DE COMENTAR)

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