Preparando a paz da Ucrânia – 2ª parte. Por José Horta Manzano
Luiz Inácio voltou do G7 de mãos abanando. Foi à festa dos ricos, mas nem levou presente, nem voltou com um pratinho de doces. Algumas horas de presença sua na reunião dos que buscam a paz na Ucrânia teria sido mais útil para o mundo e mais gratificante para ele mesmo.
(Sequência à primeira parte, publicado aqui, em edição de 17 de junho de 2024)
Ao preparar a cúpula, a Suíça estava preocupada com o risco de o encontro parecer um convescote entre ricos. Logo na abertura dos trabalhos, a presença de 57 chefes de Estado, 92 Estados e 8 organizações internacionais desfez esse receio de parecer clube fechado. Países do chamado “Sul Global”, com intervenções importantes e pertinentes enriqueceram os debates.
Luiz Inácio perdeu excelente ocasião para reparar suas cruéis declarações do passado recente. Um discurso seu teria tido o dom de mostrar que, no fundo, o presidente do Brasil não não é aquele sujeito insensível que o mundo imagina, mas é um homem preocupado de verdade com a paz mundial e com o sofrimento que os conflitos causam a todos.
A fala de William Ruto, presidente do Quênia (África Oriental), poderia perfeitamente ter sido pronunciada por Lula. Ao abrir seu discurso, Mr.Ruto logo deplorou o “horrível espetáculo e a carnificina” que representa a guerra na Ucrânia lançada pela Rússia em 2022. Mas usou como exemplo os numerosos conflitos que castigam o planeta – Sudão, Chifre da África, Oriente Médio – para mostrar preocupação com a governança mundial. Falou ainda da falta de fertilizantes e da explosão dos preços que os países menos ricos têm de pagar por causa de uma guerra que não é a deles.
Luiz Inácio voltou do G7 de mãos abanando. Foi à festa dos ricos, mas nem levou presente, nem voltou com um pratinho de doces.
Algumas horas de presença sua na reunião dos que buscam a paz na Ucrânia teria sido mais útil para o mundo e mais gratificante para ele mesmo.
Da próxima vez, quem sabe.
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JOSÉ HORTA MANZANO – Escritor, analista e cronista. Mantém o blog Brasil de Longe. Analisa as coisas de nosso país em diversos ângulos, dependendo da inspiração do momento; pode tratar de política, línguas, história, música, geografia, atualidade e notícias do dia a dia. Colabora no caderno Opinião, do Correio Braziliense. Vive na Suíça, e há 45 anos mora no continente europeu. A comparação entre os fatos de lá e os daqui é uma de suas especialidades.
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