Dignidade menstrual. Por Meraldo Zisman
O Programa Dignidade Menstrual (decretado em outubro de 2021) visa proporcionar acesso aos produtos de higiene menstrual para estudantes de baixa renda de escolas públicas e pessoas em situação de vulnerabilidade social.
O Programa Dignidade Menstrual (decretado em outubro de 2021) visa proporcionar acesso aos produtos de higiene menstrual para estudantes de baixa renda de escolas públicas e pessoas em situação de vulnerabilidade social. A menarca é o termo que designa a primeira menstruação de uma jovem, marcando o início da sua capacidade reprodutiva. Esse evento representa um marco significativo no desenvolvimento do sistema reprodutivo e que ocorre durante a puberdade.
Um estudo recente, publicado no JAMA Network Open, analisou as alterações na idade da menarca e no tempo necessário para a regularidade do ciclo menstrual em mulheres nascidas entre 1950 e 2005 nos Estados Unidos. A pesquisa contou com 71.341 participantes e revelou alterações significativas ao longo das décadas. Dentre as principais descobertas, destacou-se uma redução na idade média das menarcas, de 12,5 anos para as nascidas entre 1950 e 1969, para 11,9 anos para as nascidas entre 2000 e 2005. Essa tendência não foi uniforme entre os grupos socioeconômicos.
Adolescentes de classes socioeconômicas mais baixas apresentaram uma tendência maior para menarca precoce e maior dificuldade para manter o ciclo menstrual regular. A menarca precoce (antes dos 11 anos) aumentou de 8,6% para 15,5%, enquanto a tardia (após os 16 anos) reduziu-se de 5,5% para 1,7% As variações também foram observadas entre diferentes grupos raciais e socioeconômicos. Mulheres asiáticas, negras, hispânicas e de outras procedências apresentaram uma maior tendência para menarca precoce em comparação com mulheres brancas não-hispânicas. Participantes de níveis socioeconômicos mais baixos mostraram maior propensão para a menarca precoce e dificuldades na regularização dos ciclos menstruais. Os resultados indicam que essas alterações nas características menstruais podem estar associadas a um maior risco de doenças cardiovasculares e câncer. A menarca precoce, particularmente, está relacionada a maiores riscos de diversos problemas de saúde. Esse estudo, realizado nos USA, enfatiza a necessidade de mais estudos para compreender os fatores subjacentes e suas implicações para a saúde pública. Os profissionais de saúde no Brasil devem considerar essas tendências ao elaborarem estratégias de intervenção e políticas de saúde pública.
A pobreza, destacada como um fator crítico, merece atenção especial nas políticas de saúde para reduzir as disparidades observadas e promover uma saúde menstrual mais equitativa.
Conclusão: profissionais de saúde e formuladores de políticas devem considerar essas tendências ao desenvolver estratégias de intervenção e políticas de saúde pública. A pobreza, considerada um fator crítico, requer uma atenção especial nas políticas de saúde para diminuir as diferenças observadas e promover uma saúde menstrual mais equitativa. A pobreza aumenta as diferenças ao acesso a recursos e serviços essenciais, sendo necessária a implementação de medidas específicas que atendam a esse problema e garantam a equidade na saúde menstrual da maioria da nossa população.
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Meraldo Zisman – Médico, psicoterapeuta. É um dos primeiros neonatologistas brasileiros. Consultante Honorário da Universidade de Oxford (Grã-Bretanha). Vive no Recife (PE). Imortal, pela Academia Recifense de Letras, da Cadeira de número 20, cujo patrono é o escritor Alvaro Ferraz.
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