Gigante Cássio

Muito respeito com o Gigante. Blog Mário Marinho

Gigante Cássio

O futebol, esse esporte que é o mais apaixonante dentre tantos, fabrica craques, ídolos, mitos. E com a mesma facilidade e rapidez também os destrói, provocando, quase sempre, grandes injustiças.

São muitas as histórias de heróis caídos, principalmente os goleiros, posição a mais ingrata dentre todas. O goleiro é aquele que não pode falhar. Todos os outros em campo cometem suas falhas, perdem gols, jogam fora vitórias que pareciam favas contadas e são perdoados. Alguns são teimosamente reincidentes e, mesmo assim, recebem o beneplácito, o perdão dos torcedores.

Mas o goleiro… coitado. Qualquer erro pode se transformar em pena perpétua.

Barbosa, goleiro da Seleção Brasileira da Copa de 1950 não defendeu o chute de Ghiggia, naquela tarde de 16 de julho no Maracanã, e foi crucificado.

Meio século depois, ouvi uma entrevista de Barbosa (ele morreu no ano 2000, aos 79 anos de idade) em que ele se queixava:

– No Brasil não existe pena perpétua, ninguém, por qualquer crime que seja, é condenado à cadeia perpétua. Mas eu cumpro pena há 50 anos – é minha prisão perpétua.

E o crime do Barbosa foi não defender o chute de Ghiggia. Nem frango foi. E o Brasil precisava apenas de mais um gol para empatar a partida e tornar-se campeão Mundial de 1950. Ninguém marcou esse gol e ninguém foi culpado – só ele, o goleiro.

Nos anos 1951, o Corinthians queria comprar o volante Ciciá, do Jabaquara, mas o time santista disse que venderia se junto fosse também um goleiro de nome Gilmar (décadas depois, descobriu-se que a grafia correta era Gylmar). E lá foi ele de contrapeso.

O presidente do Corinthians, que não gostava muito do goleiro, tanto fez que, 10 anos depois, conseguiu livrar-se dele que foi vendido ao Santos.

Lá foi ele fazer história no mundo. Tornou-se o melhor goleiro do Brasil. Um ídolo incontestável.

Bicampeão mundial pelo Santos, em 1962 e 1963; bicampeão mundial pelo Brasil nas Copas do Mundo de 1958 e 1962. E um incontável número de títulos.

Só não serviu para o Corinthians de Wadih Helu.

Recentemente, vimos outro exemplo.

O Cruzeiro tinha o goleiro Fábio como o mais regular de seus jogadores, aquele que nunca se machucava e nunca era expulso.

O Fenômeno Ronaldo assumiu o Cruzeiro e começou a dispensar alguns jogadores. Entre eles, o goleiro Fábio que lá estava há 15 anos. Recebeu passe livre.

É quase uma condenação para um atleta de 40 anos. Mas Fábio deu a volta por cima, foi para o Fluminense onde é titular absoluto até hoje aos 43 anos.

Caminho parecido está fazendo o gigante Cássio, com seu 1,96 de altura.

Gigante no tamanho e nas atuações ao longo de 12 anos do Corinthians.

Sai como se fosse um qualquer, já sem utilidade.

Por força do destino, Cássio está indo para o Cruzeiro.

Tomara que o Cruzeiro tenha mais respeito com ele do que teve com Fábio.

Assim como o goleiro hoje do Fluminense, Cássio ainda tem muita lenha para queimar, ainda tem muita energia, muita elasticidade e reflexos rápidos que fizeram dele um excelente pegador de pênaltis.

Seja feliz, Cássio, você merece todos os aplausos.

Veja a elegância e a fidalguia com que Cássio se despede dos corintianos no vídeo abaixo. Também nesse quesito ele é um Gigante.

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Mário Marinho – É jornalista. É mineiro. Especializado em jornalismo esportivo, foi FOTO SOFIA MARINHOdurante muitos anos Editor de Esportes do Jornal da Tarde. Entre outros locais, Marinho trabalhou também no Estadão, em revistas da Editora Abril, nas rádios e TVs Gazeta e Record, na TV Bandeirantes, na TV Cultura, além de participação em inúmeros livros e revistas do setor esportivo.

(DUAS VEZES POR SEMANA E SEMPRE QUE TIVER MAIS NOVIDADE OU COISA BOA DE COMENTAR)

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