RELAÇÃO

Relação Médico-Paciente na era da IA. Por Meraldo Zisman

A IMPORTÂNCIA DA RELAÇÃO MÉDICO-PACIENTE NA ERA DA INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL

Em um mundo cada vez mais influenciado por algoritmos e inteligência artificial, a relação médico-paciente se destaca como um refúgio de humanidade e empatia. Essa relação, quando pautada por dignidade, respeito mútuo e comunicação transparente, torna-se um pilar fundamental para a saúde e o bem-estar do paciente.

Paciente e médico 4 | Vetor PremiumImagine um médico(a) que ao atender um paciente com câncer não se limite a prescrever medicamentos e realizar exames. Ele se senta ao lado do paciente, escuta atentamente suas angústias e medos, oferece palavras de conforto e incentivo e demonstra empatia por sua dor e sofrimento. Essa abordagem humanizada da medicina reconhece que, além da doença, o/a paciente é um ser humano complexo, com emoções, sentimentos e necessidades que vão além do tratamento físico.

E em outro cenário, um paciente com diabetes recebe do seu médico um plano de tratamento individualizado, levando em consideração suas preferências, estilo de vida e histórico de saúde. O médico explica as opções de forma clara e acessível, respondendo a todas as perguntas do paciente e encorajando-o a participar ativamente das decisões sobre sua saúde. Essa confiança mútua entre médico e paciente é essencial para o sucesso do tratamento, pois permite que o paciente se sinta empoderado e engajado em sua própria jornada de saúde.

Uma jovem gestante com ansiedade busca ajuda de sua médica pré-natal. A médica, com atenção e sensibilidade, acolhe suas preocupações, oferece informações confiáveis sobre os sintomas da ansiedade durante a gravidez e discute diferentes opções de tratamento, incluindo terapia e técnicas de relaxamento. Ela também se coloca à disposição para acompanhar a paciente ao longo de todo o processo, oferecendo apoio emocional e psicológico.

Essa escuta ativa e esse apoio emocional demonstram que a médica se preocupa com o bem-estar integral da paciente, não apenas com a saúde física do bebê. Ou um paciente idoso ou idosa com doença crônica encontra no seu médico(a) um porto seguro de cuidado e compaixão.

O médico(a) acompanha o/a paciente há anos, conhece sua história de vida e suas dificuldades, e oferece um tratamento personalizado que leva em consideração suas fragilidades e necessidades específicas. Ele ou ela também se torna um confidente, alguém com quem o paciente pode compartilhar seus medos, esperanças e sonhos. Essa relação de confiança e respeito mútuo transcende a esfera médica e se transforma em um compromisso sagrado de cuidado e apoio, proporcionando conforto para a alma do paciente em um momento delicado de sua vida.

Na era da inteligência artificial (IA), é crucial que, no caso da Saúde, os algoritmos (conjuntos de regras) devam ser desenvolvidos e utilizados de forma ética e responsável, levando em consideração a complexa relação médico-paciente. Isso inclui a utilização de dados mais representativos da população, como dados de diferentes grupos étnicos, socioeconômicos e etários, para evitar vieses que possam prejudicar o diagnóstico e o tratamento de pacientes. Além disso, é fundamental que os algoritmos sejam transparentes e auditáveis, permitindo que profissionais de saúde possam avaliar seu funcionamento e identificar possíveis falhas ou vieses. A inteligência artificial, quando utilizada de forma ética e responsável, pode ser uma ferramenta poderosa para auxiliar na tomada de decisões e no aprimoramento do cuidado à saúde.

No entanto, jamais poderá substituir a conexão humana profunda e autêntica que existe entre médico e paciente. Essa relação, baseada na confiança, no respeito mútuo, na comunicação aberta e na empatia, é essencial para garantir o melhor cuidado possível diante da complexa e multifacetada experiência humana, seja na Saúde ou na Doença.

Concluo reafirmando:

 “É mais importante conhecer a pessoa que tem a doença do que a doença que a pessoa tem.

Hipócrates (460 a.C. a 370 a.C.), o pai da Medicina.

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Meraldo Zisman – Médico, psicoterapeuta. É um dos primeiros neonatologistas brasileiros. Consultante Honorário da Universidade de Oxford (Grã-Bretanha). Vive no Recife (PE). Imortal, pela Academia Recifense de Letras, da Cadeira de número 20, cujo patrono é o escritor Alvaro Ferraz.
Acaba de relançar “Nordeste Pigmeu”. Pela Amazon: paradoxum.org/nordestepigmeu

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