Enferrujaram o Trio de Ferro. Blog Mário Marinho
Remonta aos anos 1920 o uso da expressão “Trio de Ferro” para designar os três gigantes do futebol paulista daquela época: Corinthians, Palmeiras e Paulistano.
Era ainda época do amadorismo que viria a ser implantado oficialmente em 1933.
Antecipando-se a essa implantação, o Paulistano, que era o gigante da época fechou seu departamento de futebol. O Paulistano é o único time paulista tetracampeão legítimo, ou seja, em anos seguidos. Foi campeão paulista em 1916, 1917, 1918, 1919.
Era, portanto, a expressão máxima do venerado e respeitado “Trio de Ferro”.
Com o fechamento, os jogadores do Paulistano se uniram ao São Paulo da Floresta para fundar o São Paulo FC, em 1930.
Hoje o Trio de Ferro não é assim tão respeitado.
Haja vista os resultados da rodada do Brasileirão nesta quarta-feira:
Palmeiras perdeu para o Internacional;
Corinthians perdeu para o Juventude;
São Paulo perdeu para o Flamengo.
Das três derrotas, a mais aceitável delas é a do frágil São Paulo.
Sua fragilidade vem sendo exposta a cada jogo.
O jovem técnico Thiago Carpini, 39 anos, chegou ao São Paulo no começo deste ano, após a saída de Dorival Jr. para a Seleção Brasileira.
Se deu bem logo na chegada, conquistando a inédita Super Copa do Brasil para o São Paulo.
Mas logo logo as coisas começaram a desandar.
Nos 18 jogos em que comandou o time outrora chamado de Soberano, venceu 7 jogos, empatou 6 e perdeu 5.
Não são tantas as derrotas, mas Carpini não consegue fazer seu time jogar bem.
A derrota para o Flamengo, ontem, que estava nas contas até dos dirigentes são-paulinos, mas as consequências também eram esperadas: Thiago Carpini foi demitido na manhã desta quinta-feira.
O Corinthians segue em sua tormentosa montanha russa que se instalou no Parque São Jorge há tempos.
Um dia joga mal e no outro pior.
O técnico português António Oliveira recebeu reforços (não, não chegou nenhum craque) e até teve tempo para treinar. Por exemplo, quando foi precocemente eliminado do Paulistão.
Está certo que 15 dias, no caso do intervalo do Paulistão, não são suficientes para transformar jogadores meia-boca em craques. Nem 15 anos.
Mas é possível dar um padrão de jogo, aproveitar bem o pouco que tem e esquematizar os peões para cumprir bem suas funções.
Só que isso não acontece.
E quando o time está em má fase, acontece até os craques falharem na hora agá.
Foi assim com o ídolo Cássio na derrota de ontem, 2 a 1 para o Juventude.
No primeiro gol, a bola foi chutada de longe. Foi um belo chute, mas, defensável. E o Cássio falhou.
No segundo, Cássio saiu jogando errado e daí levou o gol.
É, meu amigo, diz a sabedoria popular que urubu quando está de azar, o debaixo suja no de cima.
A derrota do Palmeiras para o Internacional não tem explicação.
O vitorioso Abel Ferreira volta a falar que não jogou em casa, que as coisas no Allianz Parque não diferentes – enfim, papo de derrotado.
O Palmeiras jogou mal frente a um adversário forte que é o Inter.
E isso é fatal.
Aliás, é bom lembrar que o Internacional teve a seu favor um pênalti não convertido. Portanto, o placar poderia ser maior.
Mas, para todos do Trio de Ferro, são derrotas em começo de campeonato. Claro, há tempo para recuperação. Muito tempo. Mas é bom não perder logo o próximo jogo porque pode se transformar numa crise.
Pode ser exagero, mas, acho que o “Trio de Ferro” está precisando de um WD 40.
Lá minha terra dos belos horizontes, o Galo saiu vencendo, para variar gol do Scarpa, mas deixou o Criciúma empatar: 1 a 1.
Já o Cruzeiro, jogando na Capital cearense, levou o primeiro gol de conseguiu o empate: 1 a 1 com o Fortaleza.
Quanto ao meu América, Vocês não perdem por esperar: novidades virão, já-já.
Veja os gols da quarta-feira:
https://youtu.be/w9I5X8NaYsE?si=ORYXutfUIum6zBcP
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Mário Marinho – É jornalista. É mineiro. Especializado em jornalismo esportivo, foi durante muitos anos Editor de Esportes do Jornal da Tarde. Entre outros locais, Marinho trabalhou também no Estadão, em revistas da Editora Abril, nas rádios e TVs Gazeta e Record, na TV Bandeirantes, na TV Cultura, além de participação em inúmeros livros e revistas do setor esportivo.
(DUAS VEZES POR SEMANA E SEMPRE QUE TIVER MAIS NOVIDADE OU COISA BOA DE COMENTAR)
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Bom saber que havia um bom time de futebol chamado Paulistano!
Mário, o atual São Paulo Futebol Clube e o “São Paulo da Floresta” são o mesmo clube. Na verdade, nunca existiu um “São Paulo da Floresta”. O novo São Paulo FC, fundado em 25 de janeiro de 1930, usou os jogadores do Paulistano e o campo da Associação Atlética das Palmeiras, conhecido como “estádio da Floresta”. O São Paulo nasceu,portanto, a partir do Paulistano (alvirrubro) e da AA Palmeiras (alvinegra). Essa é a razão pela qual o novo clube escolheu as cores preta, branca e vermelha: uma combinação das cores do Paulistano e da AA Palmeiras.
Poucos sabem que o hino do São Paulo faz uma referência direta ao Paulistano: é a estrofe que diz : “as tuas glórias vêm do passado”. É uma clara referência ao Paulistano, cujo maior ídolo, Friedenreich, foi o primeiro grande artilheiro do São Paulo. Marcou mais de 100 gols pelo tricolor.