Calendário Racional para o Futebol Brasileiro. Por Luis Filipe Chateaubriand
As Sete Premissas de um Calendário Racional para o Futebol Brasileiro
Para que o calendário do futebol brasileiro possa ser racional, atraente e rentável, sete premissas devem ser observadas.
A primeira é que deveria haver uma adequação ao calendário europeu – ou seja, jogos de agosto a maio, como acontece na Europa, e não de janeiro a novembro, como atualmente.
Adequar o calendário do futebol brasileiro ao calendário do futebol europeu permitirá que as “janelas” de transferências se deem na mesma época, evitando que os clubes brasileiros tenham que remontar seus times em meio ao Campeonato Brasileiro, como agora.
A segunda premissa é que o Campeonato Brasileiro, principal competição do calendário, deveria ser jogado ao longo de toda a temporada, sempre aos finais de semanas. Assim, valoriza-se o principal certame de todo o elenco de competições, o que poderá trazer aos clubes dividendos comerciais relevantes.
A terceira premissa é que, em Datas Fifa, só devem jogar as Seleções, e não os clubes – pelo menos, os das divisões principais. Evitar a concorrência do futebol de clubes e do futebol de seleções é algo fundamental para que os clubes possam se fortalecer economicamente.
A quarta premissa é que os grandes clubes do futebol brasileiro devem jogar menos do que jogam atualmente, por temporada. Os clubes grandes jogarem menos significa mais tempo para treinos e descanso, o que pode elevar significativamente a qualidade do futebol.
A quinta premissa é que os clubes de menor investimento, entre os 128 clubes já sugeridos , joguem mais por temporada do que acontece atualmente. É preciso que clubes de menor investimento possam jogar mais, para estarem mais tempo em atividade, preservando-se empregos de jogadores de futebol e da cadeia produtiva em geral.
A sexta premissa é que esses 128 clubes possam jogar a temporada inteira, ou seja, de agosto de um ano a maio do ano seguinte. Ao ocuparem toda a sua temporada, os 128 clubes terão um fluxo de caixa contínuo, advindo tanto da receita de jogos como de patrocínios mais perenes, além das cotas de televisão.
A sétima premissa é que, para que as outras seis premissas sejam realizadas, seria necessário reduzir a duração de Campeonatos Estaduais e Campeonatos Interestaduais.
Fazer com que se jogue menos nas competições menos importantes propiciará que se jogue mais nas competições mais importantes.
Será que existe alguma disposição para reformar o calendário do futebol brasileiro?
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– Luis Filipe Chateaubriand – Acompanha o futebol há 45 anos. Publicou uma dezena de livros sobre o calendário do futebol brasileiro, além de mais de uma centena de artigos sobre o assunto. Foi Consultor do Bom Senso Futebol Clube – movimento dos jogadores de futebol brasileiro que propôs modificações no calendário de nosso futebol. Foi membro do Grupo de Trabalho da Confederação Brasileira de Futebol (CBF) que visava promover modificações no calendário. Além de escrever sobre o calendário do futebol brasileiro, escreve sobre outros assuntos, de natureza mais lúdica, relacionados ao futebol. Também escreve sobre política. É Mestre em Administração Pública pela Fundação Getúlio Vargas.